Sem pré-aviso, Arsène Wenger anunciou que abandonaria o Arsenal no final da temporada. Um reinado de vinte e dois anos chega ao fim e com ele uma era do futebol inglês. O francês foi forçado a reconhecer que se tinha tornado um problema, não parte da solução. O anúncio inesperado leva a pensar que o clube do norte de Londres quer anunciar rapidamente o senhor que se segue, para começar a preparar o futuro próximo. A especulação já está ao rubro.
Já vai tarde?
Para muitos, a saída de Arsène Wenger só peca por tardia. Inclusive, para muitos dos seus maiores defensores. O facto é que na última década, em particular nas duas últimas temporadas, o Arsenal perdeu prestígio e capacidade de competir com a elite da Premier League. A ausência de títulos, as fragilidades evidentes do plantel, a teimosia de persistir num caminho sem saída, o aparente desfasamento com o investimento dos rivais, foram alienando os adeptos, tanto em Inglaterra como fora de portas. O Arsenal já não era relevante para os miúdos em todo o Mundo, e foi essa perda de capacidade aspiracional, que se manifesta depois no merchandising, que forçou a mão da direção do clube. A imagem do treinador francês sai desgastadíssima, como alguém ultrapassado, ofuscando e muito o papel visionário que teve na sua chegada a Londres, há vinte e dois anos.
Agora, é preciso fazer um esforço de memória para recuperar os Invencibles, a equipa que em 2017/18 – com Henry, Vieira, Pires e Bergkamp, entre outros – se sagrou campeã sem perder um único jogo. É preciso esforço para lembrar que foi ele que trouxe ao clube o nível de profissionalismo e rigor científico que associamos ao futebol moderno. É preciso esforço para lembra a forma de jogar apaixonada e contagiante, que seduziu tanto por esse mundo fora. E até que, antes de Wenger nunca um treinador estrangeiro tinha conquistado a Premier League.
Wenger dei muito jeito a Stan Kroenke nestas duas décadas e pouco. O Arsenal é um dos clubes que mais dinheiro faz no Mundo e o sonho de qualquer direção é fazer muito gastando o menos possível. O francês só se tornou “embaraçoso” para os donos quando o negócio se começou a ressentir dessas contas de merceeiro. É cada vez mais difícil recrutar e manter talentos no Emirates. Já não é só uma questão de dinheiro, que o clube até tem, mas de competir ao mais alto nível.
Não há substituto para Wenger
Para o treinador ter anunciado o seu afastamento na semana passada, é porque o Arsenal quer seguir em frente o quanto antes. O que implica anunciar o senhor que se segue, estratégia fundamental antes de ir ao mercado. A direção diz que não haverá substituto para Arsène Wenger, porque ele é insubstituível, mas haverá um novo treinador, para abraçar e moldar o futuro deste clube. A especulação está ao rubro e neste momento não passa disso. Os nomes mais repetidos são os de Luis Enrique, Massimiliano Allegri. Gary Neville atirou Diego Simeone para casting. O espanhol estaria mais perto dos valores de jogo que o Arsenal diz defender. O italiano aguarda o sítio certo para dar o salto. E, segundo o comentador inglês, o treinador dos Colchoneros concentra a competência com o lado pragmático, de por uma equipa a render, competindo com adversários de bolsas mais fundas. Resta saber se isso é apelativo para o argentino: para esse peditório já deu. Mas a bolsa de apostas tem outras alternativas como Eddie Howe, Leonardo Jardim e, mais recentemente, Julian Nagelsmann, que se destacou com o trabalho no Hoffenheim. Claro que há sempre as soluções de transição, que passam por promover uma figura do clube como Thierry Henry, Patrick Vieira ou Mikel Arteta.
Boas Apostas!