À terceira foi de vez e José Mourinho conseguiu vencer a ex-equipa. O Manchester United fez, talvez, a melhor exibição da temporada, irrepreensível do ponto de vista da tática e da atitude. A derrota do Chelsea relança a questão do título, que há semanas parecia oficiosamente entregue, e os Spurs de Pochettino estão animadíssimos para lutar até ao fim. Antonio Conte adere aos “mind games” e afirma que as hipóteses dos Blues vencerem o campeonato são de “cinquenta, cinquenta”. Vai haver campeonato até ao fim e isso é o mais importante.
Rashford e Herrera validam tática de Mourinho
No domingo de Páscoa, José Mourinho fechou a ronda da Premier League com um triunfo impressionante sobre a antiga equipa. Era a terceira vez que o treinador português enfrentava o Chelsea ao comando dos Red Devils e tinha sido derrotado nas anteriores. A superioridade dos Blues no primeiro, em outubro, tinha sido incontestável (4-0) mas há um mês, nos quartos de final da Taça de Inglaterra o confronto foi muito equilibrado e renhido. Este fim de semana as duas formações cruzaram-se, primeira vez, em Old Trafford e o Manchester United teve, provavelmente, a exibição mais conseguida da temporada. Mourinho diz que este jogo valida a sua estratégia para o jogo da Taça, que só não deu o resultado esperado porque o United se viu forçado a jogar quase uma hora em desvantagem numérica, pela expulsão, forçada, de Herrera.
O United marcou muito cedo, logo aos sete minutos, e essa acutilância inicial bem sucedida marcou o tom da partida. Os Blues podem-se queixar que o médio espanhol terá usado o braço para dominar a bola mas a dúvida é legítima em jogo corrido e o passe é tão bem metido que se torna, a meu ver, absolutamente secundário. Isolado na frente de ataque, com Ibrahimovic a ver do banco, Marcus Rashford foi sempre uma ameaça real para os centrais do Chelsea, tirando partido da sua velocidade para aparecer no ângulo morto dos defesas visitantes. Mourinho não lhe poupou elogios pela entrega ao jogo. Mas o homem do encontro foi Ander Herrera. Ao contrário do que já vi circular no rescaldo, o espanhol não se limitou a ser a sombra que anulou Eden Hazard, o que só por si já tem um tremendo mérito. Ainda que essa tenha sido a sua missão prioritária, soube também criar lances de perigo, como o comprovam a assistência para o primeiro e o segundo golo, de que foi autor. Com estes três pontos o Man United consolida o quinto lugar, com três pontos de vantagem sobre o Everton, que tem dois jogos a mais. Mas neste momento os Red Devils estão focados a olhar para cima: o City está a quatro pontos de distância, com trinta e uma jornadas já cumpridas, e ainda há que jogar o dérbi de Manchester.
Conte recorre a mind games
Antonio Conte reconheceu que o United mereceu vencer o jogo por ter mostrado mais vontade e ambição. O treinador italiano assumiu a responsabilidade por não ter sido capaz de motivar adequadamente os seus jogadores e mostrou que os “mind games” não são só um recurso de Mourinho. Conte falou da ameaça real do Tottenham, na sua opinião a formação que está a jogar melhor futebol de momento, na Premier League, e disse com ar circunspecto que as hipóteses do Chelsea se sagrar campeão de Inglaterra tinha baixado para “cinquenta, cinquenta”. Um tanto de exagero, não? Afinal, o líder ainda mantém uma margem de quatro pontos sobre o perseguidor, além de ter um calendário razoavelmente acessível, tanto quando se pode ter nesta fase do campeonato em que quase todas as equipas lutam pelos seus objetivos fundamentais. O Tottenham está em alta, é certo. O projeto de Mauricio Pochettino está a atingir a maturidade e os jogadores querem muito desfazer a imagem de falhar no momento decisivo que ficou de há um ano. É muito significativo que a equipa de White Hart Lane seja, pela segunda época consecutiva, a única a desafiar o líder da Premier League até ao fim.
Boas Apostas!