Se considerarmos que este Bélgica – Japão foi o melhor jogo do Mundial 2018 até à data, não andaremos muito longe da verdade. Quando duas equipas se apresentam em campo com mais vontade de vencer que medo de perder, o espetáculo é garantido, tal como testemunhou quem assistiu aos 90 (e quatro!) minutos de futebol na Rostov Arena. A equipa europeia deu a volta a uma desvantagem de dois golos, venceu por três a dois e marcou encontro com o Brasil nos quartos-de-final.

Foto: "FIFA"

Foto: “FIFA”

O Japão soube “contrariar as odds” durante boa parte do desafio e, pasme-se, esteve muito perto de assegurar o acesso à fase seguinte na eliminatória destes oitavos-de-final que se adivinhava mais desequilibrada. Os “samurais azuis” proporcionaram o teste mais difícil da Bélgica na atual campanha e só perderam já para lá do minuto 90, consequência de uma estratégia “kamikaze” que ruiu nos últimos 20 minutos.

A seleção japonesa denotou grande capacidade de contrariar a estratégia da Bélgica nos primeiros minutos de jogo, com Shibasaki constantemente sob alerta na marcação a Kevin De Bruyne. Os belgas viam-se obrigados a canalizar todo o seu jogo pelas alas e o Japão ia sustendo um adversário teoricamente mais forte. Com o avançar do relógio, a equipa asiática foi-se desgastando o domínio belga intensificou-se a partir dos 25 minutos, mas falhava na hora de atirar à baliza muito por mérito da organização defensiva contrária. Ao intervalo, o empate a zero aceitava-se atendendo ao que as duas equipas tinham produzido e a seleção japonesa demonstrava argumentos suficientes para chegar ao golo.

A segunda parte não podia ter começado de forma mais auspiciosa para os japoneses. A equipa treinada por Akira Nishino apanhou a defesa adversária descompensada, Shibasaki lançou Haraguchi e o camisola 8 finalizou bem, para o fundo da rede à guarda de Courtois. Sem tempo para deixar que o adversário se reestabelecesse, novo choque na Rostov Arena: Kagawa descobriu Inui e o ex-jogador do Eibar – de malas feitas para o Bétis – marcou o segundo golo da equipa japonesa. Faltava muito tempo para o fim da etapa complementar, mas a equipa belga estava em muito maus lençóis e precisava urgentemente de dar a volta à situação.

Numa altura em que o ataque não funcionava e a Bélgica sentia imensas dificuldades no centro do terreno, o seleccionador Roberto Martínez optou por lançar Fellaini e Chadli no encontro. Quem diria que as duas alterações se revelariam tão certeiras…

Ao minuto 69, num lance fortuito, Vertonghen cabeceou no interior da área e a bola foi ter à rede de Kawashima, reduzindo a distância para um golo de diferença, “tónico” que a seleção belga precisava para a reta final. Se a entrada de Fellaini, médio de elevada estatura, visava aumentar a capacidade da Bélgica na área contrária, a aposta foi ganha: aos 74 minutos, o jogador do Manchester United cabeceou para o empate. A partir daí, as duas equipas tornaram-se mais cautelosas, mas nunca abdicaram de tentar selar o apuramento nos 90 minutos. A ousadia japonesa frente a uma seleção manifestamente melhor sairia cara: perto do final do jogo, Honda cobrou um livre que obrigou Courtois a uma grande defesa que deu pontapé de canto para o Japão. Os “nipónicos” subiram no terreno, a bola ficou à “mercê” dos belgas na sequência do canto e, quando já toda a gente adivinhava que a decisão surgiria para lá dos 90 minutos, uma rápida jogada de contra-ataque foi concluída com sucesso por Nacer Chadli, permitindo à Bélgica triunfar por três bolas a duas! Reviravolta dos “diabos vermelhos” com dois golos vindos do banco de suplentes.

O Brasil é o adversário que se segue no caminho da Bélgica.

Boas Apostas!