Em Trás-os-Montes como na capital, a espectacularidade das meias-finais da Taça de Portugal 2016/17 foi uma autêntica ode à “prova rainha” do calendário nacional. Sport Lisboa e Benfica e Vitória Sport Clube vão marcar presença no estádio do Jamor, reeditando a final de 2012/13.
Nas luvas de Douglas
Os adeptos que lotaram as bancadas do estádio municipal engenheiro Manuel Branco Teixeira, em Chaves, assistiram ao que o futebol tem de melhor. Clima de decisão, ambiente frenético nas, golos, entrega total de parte a parte e imprevisibilidade até aos últimos instantes. Grupo Desportivo de Chaves e Vitória Sport Clube protagonizaram um dos melhores espectáculos da temporada nacional, honrando a importância do compromisso. Em Trás-os-Montes, os flavienses sonharam com o regresso ao Jamor até ao último suspiro. Adiantaram-se no primeiro minuto do desafio graças a um golo da autoria de Perdigão, empataram a eliminatória antes do intervalo por intermédio de Renan Bressan e o tento que deu vantagem aos donos da casa pela primeira vez na eliminatória surgiu aos 63 minutos, por Nuno André Coelho. A felicidade extrema dos transmontanos demorou pouco mais que dois minutos, altura em que Moussa Marega (quem mais?) recolocou os vitorianos na frente da eliminatória, para gáudio dos milhares de fervorosos adeptos que viajaram a partir da “cidade berço”. Nos últimos 20 minutos do desafio, os donos da casa fizeram jus à famosa máxima transmontana: “Para lá do Marão, mandam os que lá estão”. Os comandados de Ricardo Soares “sufocaram” o Vitória numa insaciável procura pelo golo que permitiria garantir o apuramento para o estádio do Jamor. Já para lá dos 90 minutos, o maior ascendente transmontano foi premiado quando Fábio Veríssimo viu uma infracção na área vitoriana e apontou para a marca de grande penalidade. Chamado a bater, o experiente Braga permitiu que o sonho morresse nas mãos do brasileiro Douglas, permitindo ao Vitória garantir a qualificação graças à vantagem resultante dos golos marcados fora de casa.
Voo modesto
A vantagem alcançada na Amoreira (1-2) dava algum conforto ao Benfica para abordar esta segunda mão. O Estoril, agora sob as ordens de Pedro Emanuel, mudou para melhor, adquirindo motivação antes da visita ao estádio da Luz. Na sequência do intenso “clássico” frente ao FC Porto, Rui Vitória deu descanso a alguns habituais titulares e alterou oito peças em relação ao esquema habitual. A principal novidade foi o regresso de Álex Grimaldo após ausência prolongada, alinhando à esquerda num quarteto defensivo composto por André Almeida, Lisandro e Lindelof. Na frente de ataque, novidade total com uma dupla composta por Franco Cervi e Rafa Silva. No Estoril, Pedro Emanuel também promoveu mudanças na equipa, cedendo uma boa oportunidade a alguns elementos menos rodados para se mostrarem. Bruno Gomes, brasileiro de 20 anos que está na Amoreira por empréstimo do Internacional de Porto Alegre, aproveitou o encontro da melhor forma para se mostrar, apontado dois dos três golos estorilistas, uma vez que o outro tento foi da autoria de Carlinhos, avançado que chegou à Amoreira para a segunda metade da temporada.
A “águia” claudicou demasiado em termos de organização defensiva e é certo que as alterações em relação ao onze habitual ajudam a justificar a prestação menos boa, mas existem dificuldades efetivas a nível do processo, não confinando a questão a erros individuais – embora André Almeida tenha “oferecido” um golo à formação da Linha.
No plano ofensivo, o Benfica esteve melhor, vivendo sobretudo de rasgos individuais. A velocidade de Rafa Silva esteve à toda prova, mas o internacional português voltou a sentir dificuldades para encontrar os caminhos para a rede adversário. André Carrillo, claramente a subir de produção, fez o primeiro golo do Benfica, Andrija Zivkovic fez o segundo num lance de belo efeito. A tarefa de colocar a formação “encarnada” na frente do marcador pela primeira e única vez na partida coube a Jonas, jogador que entrou aos 69 minutos e fez o 3-2 volvidos três minutos. Antes disso, no início da etapa complementar, Rui Vitória já se tinha socorrido dos préstimos de Pizzi, jogador que rendeu o lesionado Filipe Augusto. Os últimos instantes foram de aperto na Luz. Com o empate a três, a equipa da Linha esteve mais sempre de retomar a liderança de o marcador que o adversário, para estupefacção dos presentes na Luz.
O Benfica carimbou o acesso à final da Taça de Portugal, deixando ainda assim alguns apontamentos preocupantes, resultantes do contexto em si, propício a algum relaxamento.
Boas Apostas!