Ligue 1 – O campeonato francês já tinha sido abalado pela chegada dos milionários qataris ao Paris SG, entrando agora numa nova fase, onde chega um milionário russo, à frente do Mónaco, pronto para dificultar a hegemonia que se preparava para instalar na capital. Numa Liga onde o equilíbrio costuma ser palavra-chave, a luta entre príncipes poderá torna-lo numa corrida a dois. Com muitos obstáculos, ainda assim, pelo caminho.
O Paris SG perdeu o treinador campeão, Carlo Ancelotti, mas Laurent Blanc terá à sua disposição um plantel ainda mais forte do que o do ano passado. A constelação de estrelas foi muito bem trabalhada pelo técnico italiano, garantindo assim o título esperado. Mesmo mantendo-se a dúvida quanto à continuidade de Ibrahimovic, com Edinson Cavani a chegar do Nápoles, a frente de ataque só pode mesmo tornar-se mais perigosa. O técnico terá ainda a seu dispor vários jovens jogadores, como Neeskens Kebano, que regressa de empréstimo, ou Lucas Digne, uma das sensações do último Mundial de Sub-20.
O jogador de quem se espera uma grande evolução é Lucas Moura. Depois de se ter integrado bastante bem no plantel o ano passado, o jovem brasileiro sentirá que este é o seu ano, até de maneira a poder convencer Scolari do seu cabimento no onze da seleção canarinha. Se o desafio de manter o balneário unido for alcançando por Laurent Blanc, os parisienses têm todas as razões para acreditar que poderão reeditar o título.
O Mónaco passa, diretamente, da Ligue 2 para a luta pelo topo da divisão principal do futebol francês. O conjunto orientado por Claudio Ranieiri apresenta-se como o grande campeão do mercado de transferências deste verão, ao apresentar como reforços João Moutinho e James Rodrígues, do FC Porto, Ricardo Carvalho, do Real Madrid, Falcao, do Atlético de Madrid, Jeremy Toulalan, do Málaga, Éric Abidal, do Barcelona, e, segundo rezam os boatos de hoje, poderá juntar a este conjunto o brasileiro Hulk, de saída do Zenit. Ranieri terá assim bastante matéria-prima para ser uma das sensações da competição, podendo até ambicionar a um título agora na Ligue 1. As segundas linhas da equipa monegasca não terão a mesma capacidade das do rival de Paris, mas sem competições europeias para disputar, o Mónaco poderá dedicar-se de corpo e alma ao campeonato nacional. Para estes jogadores habituados a grandes palcos, será também um desafio motivacional, passar os dias de semana a ver a Liga dos Campeões na televisão.
O Ol. Marselha foi o segundo classificado na Liga do ano passado, mas olhando ao seu plantel atual, não dá para imaginar como é que a equipa do sul de França poderá competir com os seus ricos adversários. Elie Baup esperará conseguir segurar Mathieu Valbuena, apostando nele e nos irmãos Ayew para criar uma equipa ainda mais combativa e que torne difícil somar pontos no Velodrome. Para entrar no jogo dos mais abastados, as equipas terão que ser taticamente muito inteligentes e não ceder pontos facilmente. Mas pelo que se vê do Marselha neste momento (o jogo de preparação frente ao FC Porto é um exemplo), há muito trabalho a desenvolver neste conjunto para estar à altura da classificação do ano passado.
Em Lyon a opção parece, também, ser, manter os principais jogadores da temporada passada, trazendo pequenos acrescentos, como é o caso de Miguel Lopes, internacional português emprestado pelo Sporting. Por outro lado, o Saint-Étienne viu sair Patrice Aubameyang, o seu principal jogador ofensivo, da mesma forma que o Nice não mostrou ainda capacidade para se reforçar. As portas ficam abertas para que alguma outra equipa entre na luta pelos lugares europeus.
Uma das apostas poderá ser o Rennes, que tem mostrado capacidade para atrair jogadores com larga experiência na Ligue 1, como é o caso de Sylvain Armand, do Paris SG, podendo também registar-se o regresso de Jean Makoun, que estava no Aston Villa de Inglaterra. O Bordéus será outra das equipas a olhar para o topo da classificação, esperando regressar a um lugar onde sente pertencer, enquanto o Montpellier tenta reconstruir um plantel que lhe permita voltar a voar alto, com as chegadas de Siaka Tiéné e Saber Khlifa a cotarem-se com relevo. O Lille e o Bastia serão outros conjuntos a ter em conta, como verdadeiros outsiders, de uma competição onde todos os anos vemos chegar equipas inesperadas à luta pelos lugares cimeiros.
Nota final para o regresso do Nantes, campeão em 2001, ao convívio dos grandes. A equipa verde e amarela aposta num misto de experiência (Rémy Riou, Vizcarrondo, Pancarte) e rebeldia (Gapké, Veretout) para voltar a ser uma marca do futebol nacional. Espera-se que, depois dos excelentes registos de público na divisão secundária, toda essa festa e emoção seja transportada para os jogos da Ligue 1.
Boas apostas!