Há cinco anos que assim é. Voltaram os tempos áureos da Juventus, absolutamente dominadora, contando com a gestão inepta de quem encabeça outros históricos do futebol transalpino. Ainda assim, a Série A 2016/17 não é um mero “juventino” rumo à revalidação do título. Há a AS Roma de Luciano Spalletti que nega desistir da perseguição, o vistoso Nápoles de Maurizio Sarri, enquanto em Milão se assiste ao ligeiro renascimento dos “velhos rivais”. Numa altura em que os campeonatos europeus param para a realização dos compromissos de seleções, é tempo de olhar para aquilo que tem sido a Série A 2016/17.
Domínio incontestável
Líder com oito pontos de vantagem em relação à AS Roma, a Juventus encabeça a tabela do campeonato italiano desde a quinta jornada. É impossível imaginar um cenário que não envolva a conquista do sexto “Scudetto” consecutivo por parte da formação que veste de preto e branco. A continuidade continua a ser o principal factor de sucesso na fórmula da Juventus, equipa experiente e dotada de um “ADN” vencedor impressionante. A ambição da direção do clube passa por extrapolar o sucesso para as provas europeias e, nesse sentido, a Juve garantiu dois reforços que vieram acrescentar indubitável qualidade de jogo da equipa: Miralem Pjanic e Gonzalo Higuaín. A “Vecchia Signora” é uma das equipas mais consistentes que o futebol italiano já viu e o recente Juventus Stadium é o seu “cofre forte”, tal como demonstra o impressionante registo da equipa desde que o estádio foi inaugurado, em 2011. Apesar da campanha positiva que a Juve tem vindo a fazer (permanece em todas as frentes numa altura em que o mês de abril se aproxima), a verdade é que as prestações do emblema de Turim nos últimos anos fizeram disparar os níveis de exigência, tanto que os “tiffosi” têm colocado em causa as capacidades do treinador Massimiliano Allegri.
Fugir ao estigma
Luciano Spalletti regressou à “cidade eterna” na época passada e os adeptos da AS Roma encararam a chegada do treinador com agrado, acreditado pela sua passagem anterior pelo clube. Os críticos demonstraram-se cépticos e colocaram a possibilidade de regressar ao estádio Olímpico um futebol “monótono”, essencialmente defensivo. Ao cabo de 29 jornadas, as exibições e os números provam o contrário. A Roma é uma das equipas mais concretizadoras da Série A, possui dinâmicas interessantes do ponto e vista ofensivo e tem sido a perseguidora mais direta da Juve, ainda que não esteja munida de argumentos suficientes para quebrar a hegemonia da Juventus. O outro lado da cidade de Roma, marcada em tons de azul claro, a Lazio também tem dado razões de satisfação aos adeptos, intrometendo-se na luta pelos lugares europeus e brilhando na Copa.
Se Luciano Spalletti teve que contrariar o estigma imposto pela crítica, Maurizio Sarri, em Nápoles, venceu inclusive a crítica do verdadeiro “D10S” da “cidade que nunca sorri”, Diego Armando Maradona. Há muito que as qualidades da equipa napolitana deixaram de ser segredo, passíveis de observação ao adepto menos atento ao futebol italiano por conta da participação da equipa na Liga dos Campeões. O Nápoles é, enfim, uma equipa “anti-Calcio tradicional”, até na rejeição ao calculismo e especulação que continua a ver-se no jogo da Juventus, sobretudoem cenário de Liga dos Campeões. A possibilidade de voltar a marcar presença na fase final da prova de clubes mais importante da Europa é um prémio “curto” para esta equipa do Nápoles, pelo menos a julgar pelo entretenimento que tem proporcionado.
Renascer em Milão
A época começou mal para o Inter de Milão, incapaz de estar à altura das expectativas sob as ordens de Frank de Boer. Tudo o que poderia ter corrido mal com o treinador holandês, correu ainda pior. A cultura de jogo de De Boer não permitiu ao conjunto “nerazzurro” voltar a ter sucesso no panorama italiano, caindo também de forma precoce na Europa. Stefano Pioli foi a “luz ao fundo do túnel” para este Inter de Milão. Conhecedor do futebol italiano de alto nível, chegou e relançou o Inter na discussão por um lugar europeu. Fica a duvida: Até onde poderia ir este Inter com Pioli desde o início da época?
No AC Milan, a instabilidade vem de cima. A aquisição do clube tem vindo a ser constantemente adiada e toda a estrutura do futebol do clube tem sofrido com a situação. Vincenzo Montella, um dos bons treinadores italianos da atualidade, tem mantido o AC Milan bem vivo na luta por um lugar europeu. A recuperação desportiva do clube faz-se passo a passo e o primeiro será voltar a estar nas provas europeias. O AC Milan carece de uma organização digna dos seus pergaminhos e de um projeto sério para o seu futebol. Enquanto isso não acontecer, o “velho” AC Milan não poderá voltar a espalhar classe pelos relvados italianos e europeus.
Sensações e desilusões
A Atalanta tem sido uma autêntica sensação nesta Série A, demonstrando um fulgor que há muito não se conhecia à equipa de Bergamo. Apoiada no valor de jogadores como Caldara, Kurtic, Gomez ou Kessié, os homens de Gian Piero Gasperini são os principais “outsiders” nos lugares de acesso à Europa. Capaz de fazer frente aos principais emblemas da Série A a jogar em casa, a Atalanta tem exibido níveis muito interessantes na atual campanha.
Na luta pelas lides europeias, a principais desilusão talvez dê pelo nome de Fiorentina. Se o primeiro ano do técnico português em Florença foi sensacional, o mesmo não se poderá dizer da atual campanha, com a saída no final da época a ser cada vez mais um dado adquirido.
O isolamento dos últimos três colocados da Série A (Palermo, Crotone e Pescara) é uma das principais desilusões nesta Série A. Além da instabilidade que há muito reina no emblema da Sicília, as duas equipas que subiram este ano à Série A também não têm apresentado argumentos para poderem permanecer entre a elite. A luta pela manutenção tem sido, durante praticamente todo o ano, uma “falsa questão”, uma vez que os três últimos dificilmente conseguirão fugir à condenação. O Empoli, emblema mais próximo da zona de relegação, leva sete pontos de avanço em relação ao Palermo. O Genoa (16º), já tem 14.
Boas Apostas!