Por estes dias as principais ligas param para dar lugar a trabalhos da seleções. Os amigáveis não entusiasmam o público mas para dentro de cada grupo de trabalho são fundamentais. É a última chamada antes do Mundial do próximo verão, a última oportunidade para mostrar serviço e há ainda que afinar os planos de contingência. Apontamentos breves sobre os candidatos crónicos. Será que Portugal já ganhou o direito a integrar o grupo?
Alvo a abater
Neuer visitou os companheiros e ouvi Low reafirmar que precisa de jogar para ir ao Mundial.
Joachim Low sabe que a Alemanha tem um alvo gigante nas costas. Bastaria para tal ser o campeão em título mas é tão mais do que isso. A Mannschaft provou nestes dois anos desde o europeu que pode fazer uma renovação extensiva e continuar a ser dominante, como ficou por demais evidente na Taça das Confederações. O selecionador alemão tem dois desafios. Combater o excesso de confiança e fazer escolhas, o que pressupõe deixar pessoas de fora da convocatória.
Para que não fiquem dúvidas, os amigáveis que a Alemanha terá pela frente em março são com Espanha e Brasil, indiscutíveis no top de candidatos a ver o Mundial da Rússia. Manuel Neuer é a única grande incerteza. O guarda-redes visitou os companheiros e teve uma longa conversa com o selecionar, acompanhado da equipa que o ajuda na recuperação depois da fratura no pé que o mantém fora dos relvados. O regresso à competição está agendado para abril mas o Bayern e todos os envolvidos querem fazer isto com calma, para não arriscar nenhum revés. Low foi claro, não pode convocar um jogador que não joga. O recado está dado.
Tite prepara plano B
Para o Brasil a condição de Neymar é fulcral. Mesmo que a Canarinha de Tite seja um coletivo muito mais equilibrado e menos dependente do seu número 10, vencer a Copa sem ele não parece possível. Claro que está tudo encarreirado para que a estrela do PSG recupere a tempo, afinal de contas a operação naquela altura foi feita precisamente com o agendamento do Mundial em mente, mas depois de estar apto o brasileiro ainda terá que atingir o pico de forma e ganhar ritmo competitivo, essa é a parte mais complicada.
Tite lembra que Neymar é insubstituível e que não se pode pedir que Douglas Costa preencha os papéis que o capitão da Canarinha representa. Mas ao mesmo tempo esta ausência permite-lhe testar o plano B, para a eventualidade de não poderem contar com a estrela que carrega tantas vezes o onze às costas.
Koke, Thiago ou Saúl?
Lopetegui tem as suas ideias bem definidas quanto ao que pretende da seleção espanhola. O percurso na qualificação foi deixando claro quem estava na primeira linha das escolhas do selecionador e nesta convocatória há apenas duas notas a sublinhar. Diego Costa volta a ser aposta, natural depois do efeito energizante que tem tido no balneário dos Colchoneros. E falta definir um lugar no onze base, mais especificamente, quem fará companhia a Andrés Iniesta e Sergio Busquets, já que estes dois parecem inamovíveis. Koke parece ser a opção mais forte mas tanto Thiago Alcántara como Saúl Ñiguez estão nesta corrida.
Rússia é objetivo das Quinas
O selecionador português assumiu, com todas as letras, que quer ir vencer à Rússia.
Fernando Santos assume que Portugal tem não o sonho mas o objetivo de ganhar o Mundial. Não há como o selecionador nacional para ir direto ao assunto, com naturalidade. Desdramatizar, é, sem dúvida, o seu superpoder.
Os jornalistas bem tentaram que a conferência de imprensa fosse intensa, trazendo supostas limitações por lesão e possíveis entradas de última hora na convocatória para a Rússia. Mas Santos desvaloriza. As lesões são coisas normais do futebol e que ele não pode controlar e, em princípio, não impedirão que elementos como Pepe ou Danilo – feliz ou infelizmente – entrem nas contas para junho. O selecionador fala de um grupo de mais ou menos trinta e cinco jogadores que estão referenciados e que será dessa massa alargada que vão sair os vinte e três. Portugal joga com o Egito na sexta-feira e com a Holanda, na segunda.
