Dezasseis equipas masculinas participam no Torneio Olímpico de Futebol , divididas por quatro grupos em que os dois primeiros lugares dão acesso aos quartos-de-final da competição Movidas pelo sonho de conquistar a medalha de ouro, as jovens seleções lutam por um lugar na história numa competição que costuma ser profícua em surpresas.

Grupo A

Foto: Raphael Zarko

Foto: Raphael Zarko

A seleção brasileira é amplamente favorita a vencer o grupo A do Torneio Olímpico de Futebol. Depois de conquistar a medalha de prata em Londres (2012) ao perder na final com o México, a “Canarinha” quer aproveitar o fator casa para conquistar a primeira medalha de ouro da sua história na categoria de futebol masculino. Embora Thiago Silva e Fred não tenham sido libertados pelos respetivos clubes, a seleção brasileira não foi uma das menos afetadas por questões de incompatibilidade com os clubes, tanto que até poderá contar com Neymar, jogador do Barcelona que abdicou de participar  na Copa América para estar presente nos Jogos Olímpicos. A equipa brasileira possui um trio ofensivo invejável, com Neymar a partilhar o último terço com os dois “Gabriéis” que têm feito sensação no campeonato brasileiro: Jesus (Palmeiras) e Barbosa (Santos). Ao longo dos últimos dois anos, a Confederação Brasileira de Futebol tentou elaborar um plano de continuidade tendo em vista a participação nos Jogos, mas a instabilidade no comando técnico foi prejudicial neste ciclo de preparação. Antes de Tite assumir os destinos da seleção, Rogério Micale orientará a equipa nos Jogos Olímpicos,  formação que quer afastar a imagem do “vexame” sofrido pela seleção principal às mãos da Alemanha no Mundial 2014.

Num grupo em que a seleção brasileira é favorita a seguir para os quartos-de-final na “pole position”, África do Sul, Dinamarca e Iraque parecem condenadas a lutar pelo acesso à fase seguinte da competição através do segundo posto. A diferença qualitativa em relação ao Brasil é significativa, mas tudo se configura para uma batalha equilibrada entre três forças de escolas futebolísticas totalmente distintas. De entre as três seleções, não é fácil fazer uma aposta segura quanto à possibilidade de qualificação na segunda posição, até porque todas têm condições para seguir em frente.

A Dinamarca, representante europeia neste grupo A, chega aos Jogos Olímpicos depois de ter alcançado as meias-finais do campeonato da Europa de sub-21 disputado em 2015, na República Checa. A formação nórdica acabou eliminada frente à rival Suécia (que se viria a sagrar campeã da Europa) mas conseguiu assegurar presença nos Jogos, debelando um grupo onde também estavam a seleção da casa e a Sérvia. No entanto, a Dinamarca viaja para o Brasil  privada de alguns elementos que foram importantes na campanha rubricada em solo checo. Fischer e Vestegaard, por exemplo, não estão entre o lote de convocados para os Jogos, num contexto em que possuir uma base forte e entrosada é fulcral tendo em conta que a celeridade do período de preparação. Ainda assim, o facto de a Dinamarca possuir quatro medalhas de prata no seu palmarés serve de alerta para a concorrência.

A África do Sul é uma seleção de má memória para o Brasil desde 2000, quando derrotou a “Canarinha” nos Jogos Olímpicos de Sydney. Dotado de um conjunto de jovens que querem aproveitar a participação num contexto altamente mediático para mostrar serviço, a seleção da África do Sul pode envolver-se na luta pela passagem, até porque neste tipo de torneios costuma abrir-se uma janela de oportunidade para equipas com este tipo de características. Para chegar aos Jogos Olímpicos, a África do Sul bateu o Senegal na decisão através da marcação de grandes penalidades, em jogo inserido na Copa das Nações Africanas sub-23. A título de curiosidade, o seleccionador dos Amaglug-glugs Owen da Gama é descente do navegador português Vasco da Gama.

O potencial da seleção iraquiana não deve ser descurado. As últimas participações em torneios de futebol jovem tanto da AFC como da FIFA (Mundial de sub-20 na Turquia, 2013) são exemplos de que o futebol é um motivo de esperança para muitos jovens numa zona de conflito. A equipa que alcançou o melhor registo ofensivo da Copa Asiático de sub-23 recoloca o país na fase final de uma edição dos Jogos Olímpicos, depois de ter disputado a medalha de prata há 12 anos, em Atenas. A formação iraquiana é uma equipa muito capacitada e, já em solo brasileiro, derrotou a congénere da Coreia do Sul em jogo de preparação.

Grupo B

Foto: Johanna Lundberg

Foto: Johanna Lundberg

Campeã da Europa de sub-21 após ter derrotado Portugal nas grandes penalidades, a Suécia está inserida no grupo B do Torneio Olímpico de Futebol e bem pode queixar-se de falta de sorte. Colômbia, Nigéria e Japão serão adversários à altura da equipa nórdica, até porque a equipa com que se apresenta no Brasil possui várias alterações em relação à que ergueu o troféu em solo checo. John Guidetti, potencial herdeiro de Zlatan Ibrhaimovic, já não conta para estas lides e Victor Lindelof, do Benfica, também não vai dar o seu contributo. A versão em que se apresenta nestes Jogos Olímpicos reduz as suas aspirações, com Robin Quaison (internacional A) a ser o nome mais mediático numa lista onde também estão Jordan Larsson (filho de Henrik) e Muamer Tankovic.

A Colômbia quer lutar contra o registo negativo que ostenta em Jogos Olímpicos. Nas quatro participações que já realizou nunca conseguiu debelar a fase de grupos, tendência que quer inverter na primeira ocasião em que se prepara para disputar a prova em solo sul-americano. A própria lista de convocados permite-nos inferir que a aposta passa por chegar longe na prova, uma vez que inclui nomes como Teo Gutiérrez, Pabón, Balanta, Sebastián Pérez ou Miguel Borja – os últimos dois venceram a Libertadores 2016 ao serviço do Atlético Nacional. A Colômbia é, por isso, uma equipa perigosa sobretudo do meio-campo para a frente, carecendo de soluções no setor recuado. A Federação colombiana aposta em Carlos Restrepo para a chefia da equipa nestes Jogos Olímpicos, seleccionador que comandou a seleção “cafetera” de sub-20 rumo ao título no Sudamericano de 2013, disputado na Argentina.

Não há Jay-Jay Okocha, Babayaro, West e companhia, mas a seleção nigeriana quer honrar o país tal como fez a equipa que se apresentou nos Jogos Olímpicos de Atlanta, há 20 anos atrás. Nação com tradição nestas lides, a equipa nigeriana conquistou a medalha de prata na China, perdendo para a Argentina de Messi, Aguero e Di María na final do torneio que foi disputada no célebre “Ninho de Pássaro”, em Pequim. Campeã africana de sub-23, a seleção na Nigéria tem razões para ambicionar o apuramento para os quartos-de-final e conta com quatro jogadores nas suas fileiras que atuam em Portugal. Obi Mikel será o líder da equipa, procurando dar equilíbrio ao meio-campo africano. No ataque, embora o “Citizen” Iheanacho seja baixa confirmada, há a capacidade de explosão de Imoh Ezequiel (chegou a falar-se na possibilidade de se tornar internacional pelo Qatar) e a força física de Sadiq Umar, avançado da Roma.

O Japão, campeão asiático de sub-23, quer voltar a rubricar uma boa prestação em Jogos Olímpicos, depois de ter sucumbido no encontro de atribuição da medalha de bronze na última edição do Torneio Olímpico de Futebol, disputada em Londres. Podemos esperar uma equipa à imagem daquilo que as seleções nipónicas têm patenteado ao longo dos últimos anos: Trabalhadora, competente e rápida no último terço do terreno, numa fórmula que permite sonhar com a presença nos quartos-de-final. O jovem avançado Takuma Asano, contrato recentemente pelo Arsenal, integra a lista de convocados e junta-se a Takumi Minamino (Red Bull Salzburg) e Yuya Kubo (Young Boys) na lote de jogadores japoneses a atuar na Europa que vão estar no Brasil.

Boas Apostas!