O Torneio Olímpico de Futebol é terreno fértil para o talento. O Olimpo desportivo é uma montra interessante para os jovens sub-23 que se apresentam a concurso, permitindo a presença de seleções que nem sempre se perfilam nas fases finais de grandes competições jovens. Serve como rampa de lançamento para atletas que nem sempre figuram nos convocados dos escalões de formação dos respetivos países – alguns elementos da seleção portuguesa a servirem de exemplo a esse nível. Num contexto competitivo exigente por força da falta de mecanismos coletivos – sobretudo na primeira fase – e por colocar escolas futebolísticas completamente distintas em confronto, a componente individual não é tudo – a seleção argentina é um exemplo disso – mas assume uma grande importância. O Brasil conquistou, enfim, a medalha de ouro que faltava no respetivo palmarés.
Defesa de ouro
À entrada para o Torneio Olímpico de Futebol, a seleção brasileira destacava-se pelo poderio na frente de ataque, com Neymar, Gabriel Jesus e Gabriel Barbosa, mas é a prestação defensiva dos comandados de Rogério Micale que nos merece elogio. Em seis jogos, o Brasil só sofreu um golo na final diante da Alemanha, apresentando uma eficácia defensiva invejável que permitiu valorizar os elementos do quarteto defensivo. Rodrigo Caio, do São Paulo, deu novo fôlego à carreira depois de ter perdido alguma cotação devido a uma lesão prolongada. Marquinhos, do PSG, cumpriu com a expectativa que se lhe reservava. Douglas Santos (Atlético Mineiro) também se valorizou e Zeca (Santos) regressa à Vila Belmiro como campeão olímpico, apostado em dar sequência à boa época que tem vindo a fazer. Na baliza esteve Wéverton, experiente guarda-redes do Atlético Paranaense que viveu o momento mais alto da sua carreira desportiva aos 28 anos, participando ativamente na conquista de uma medalha de Ouro inédita para o futebol brasileiro. Sem a dimensão física dos elementos da defesa alemã, a defesa brasileira foi competente e os números são elucidativos nesse sentido.
O equilíbrio dos Bender
Derrotada na final, a seleção alemã deixou uma óptima imagem no Rio de Janeiro, dando mais uma prova do bom trabalho que tem sido feito em solo alemã a nível da formação. Na caminhada da Alemanha, provavelmente a equipa mais forte em termos coletivos que disputou a prova, o equilíbrio proporcionado pelos gémeos Bender (Lars e Sven) no meio-campo foi fulcral. À frente do duplo pivot composto pelos dois atletas de 27 anos, Max Meyer – autor do golo na final – deu maior verticalidade ao jogo alemão, aproximando-se sempre com perigo da área contrária. Os apoios de Brandt por dentro também foram um factor importante no jogo alemão, letal no ataque com o contributo do desequilibrador Serge Gnábry. Apesar de todas as duvidas colocadas às capacidades dos dois avançados chamados por Horst Hrubesch, Davie Selke e Petersen – marcou seis golos mas falhou o penalty na final – conseguiram responder às necessidades da equipa. A experiência dos jogadores alemães ao mais alto nível pesou na prestação ao longo do Torneio, apresentando um grau de maturidade acima do normal.
Nigéria medalhada
A Nigéria conquistou a medalha de bronze ao derrotar a seleção hondurenha na decisão do 3º e 4º lugar. Prémio justo para os comandados de Samson Siasia, que rubricaram uma boa prestação e honraram a tradição do país no Torneio Olímpico e Futebol. Com a experiência de Obi Mikel no meio-campo, foi pela prestação em termos ofensivos que a equipa se destacou, importando realçar as prestações do avançado da Roma Sadiq Umar e de Imoh Ezequiel, do Anderlecht. Uma lesão acabou por impedir que Peter Etebo, do Feirense, contribuísse para a prestação da equipa na fase a eliminar depois de uma estreia muito auspiciosa em que marcou quatro golos ao Japão. Stanley Amuzie, Usman Mohammed e Abdullahi Shehu, jogadores que atuam em Portugal, foram elementos indiscutíveis no esquema das “Super Águias”.
Boas Apostas!