A primeira jornada da fase de grupos do Torneio Olímpico de Futebol foi profícua em golos, mas as equipas do grupo A não acompanharam a tendência. A seleção da casa decepcionou na estreia ao empatar sem golos diante da congénere sul-africana. Consumida pelo nervosismo, a “Canarinha” de Rogério Micale não conseguiu impor o seu futebol e deixou uma pálida imagem face ao potencial que se lhe reconhece. A equipa abusou do jogo direto, pecou pela falta de criatividade no ataque e evidenciou falta de discernimento no capítulo da finalização. Em superioridade numérica desde os 60 minutos, pedia-se mais dinâmica a uma equipa brasileira que precisa de produzir mais e melhor em termos coletivos para fazer jus ao estatuto de candidata à medalha de ouro.

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A prestação desiniba protagonizada pela África do Sul demonstra que a formação comandada por Owen da Gama tem legitimidade para ambicionar o acesso aos quartos-de-final. Dolly personificou a audácia da formação africana, capaz de causar dificuldades ao quarteto defensivo composto por Zeca, Marquinhos, Rodrigo Caio e Douglas Santos. Veloz no último terço e inteligente à procura de combinações através de tabelas interiores, a África do Sul esteve em bom plano e soube sofrer para suster o Brasil depois de ter ficado reduzida a 10 unidades.
Em jogo disputado no Mané Garricha, as seleções de Iraque e Dinamarca também não saíram do nulo, resultado que nos remete para a ideia de equilíbrio entre as concorrentes do Brasil neste grupo A. Na linha daquilo que tem feito nas últimas competições de futebol jovem em que participou, a seleção iraquiana deixou uma imagem positiva frente a uma equipa dinamarquesa que precisa de afinar mecanismos, denota falta de entrosamento e tem dificuldade em assumir o jogo. Com o avançar do relógio, a quebra física foi notória em ambas as equipas.
Grupo B
O voo das “Super Águias” chegou a Manaus apenas sete horas antes do pontapé de saída no encontro inaugural, situação que não impediu a Nigéria de assumir um papel de destaque nesta primeira jornada da fase de grupos. Seleção com tradição no Torneio Olímpico de Futebol, a equipa africana entrou com o pé direito ao vencer um encontro eletrizante que terminou com um “placard” digno de um grande encontro de hóquei em patins: 5-4. Aos 10 minutos de jogo, o resultado já estava numa igualdade a duas bolas. Oghenekaro Etebo, jogador que na última época esteve ao serviço do Feirense, foi a grande figura do encontro ao apontar quatro golos. Além de Etebo, participaram na vitória nigeriana mais três atletas que jogam em Portugal: Stanley Amuzie (Olhanense), Shehu (União da Madeira) e Usman Mohammed (Sanjoanense). Do lado japonês, Takuma Asano, reforço do Arsenal que já tínhamos destacado, entrou aos 53 minutos e ainda foi a tempo de apontar o terceiro golo do conjunto asiático.
Ode à experiência no Suécia – Colômbia, com três jogadores acima dos 23 anos a escreverem os seus nomes na lista de marcadores. Num encontro emotivo e intenso enquanto a capacidade física permitiu, o saldo final foi uma igualdade a duas bolas. A Colômbia ganhou vantagem graças a um golo de Teo Gutiérrez (31 anos), avançado que deverá deixar o Sporting este verão. Mikael Ishak igualou a contenda ainda na primeira parte e Astrit Ajdarevic (26 anos) consumou a reviravolta. Dorlan Pabón (28 anos) converteu com sucesso uma grande penalidade à passagem do minuto 75, estabelecendo o resultado final. Joakim Nilsson, central do Elfsborg que não esteve no campeonato da Europa de sub-21 em 2015 mas tem disputado a qualificação para a edição da prova que se realiza em 2017, foi o responsável por cometer a grande penalidade.
Grupo C
Uma goleada que se adivinhava. A seleção das Ilhas Fiji, estreante no Torneio Olímpico de Futebol, foi goleada pela congénere da Coreia do Sul por oito golos sem resposta. A seleção asiática alcançou vantagem aos 32 minutos graças a um golo de Ryu Seung-Woo e as equipas recolheram aos balneários com uma diferença miníma no marcador. Três minutos fatídicos ditaram o cataclismo. A seleção das Ilhas Fiji sofreu aos 62, aos 63 e aos 64 minutos e eclipsaram-se os resquícios de estratégia defensiva que vigoravam. O seleccionador Shin Tae-Yong lançou Suk e Heung-Min aos 70 minutos e dilatou o resultado, com dois golos do coreano que terminou a última temporada ao serviço do FC Porto e outro do jogador do Tottenham.
O duelo entre os cabeças de cartaz do grupo C terminou com uma igualdade a duas bolas. O México, atual campeão olímpico, esteve em vantagem no marcador por duas vezes diante da promissora Alemanha mas o encontro terminou empatado (2-2). O campeão olímpico Oribe Peralta inaugurou o marcador, Gnabry (entrou ainda na primeira parte para o lugar de Goretzka) empatou, Rodolfo Pizarro voltou a conferir vantagem à seleção americana mas Ginter (jogador que esteve no banco no famoso 7-1 de 2014 diante do Brasil) estabeleceu o resultado final.
Grupo D

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Portugal estreou-se em grande estilo no Torneio Olímpico de Futebol. Apesar de todas as dificuldades que Rui Jorge enfrentou para elaborar a lista de convocados, os elementos que foram a jogo diante da Argentina deram uma resposta agradável, tal como demonstra a vitória conquistada por duas bolas a zero. Portugal dominou o encontro e a exibição foi coroada com os golos de Gonçalo Paciência e Pité. Na estreia em contexto de seleção, Pité beneficiou de um erro de Rulli para marcar. Aos 21 anos, o jogador que se destacou ao serviço do Beira-Mar na Segunda Liga e integrou a equipa B do FC Porto está ao serviço do Tondela. Exibição competente da seleção em todos os setores, com um conjunto composto por alternativas que querem provar valor – o lateral Fernando Fonseca, por exemplo, nem sequer esteve entre os eleitos para o Europeu sub-19.
Comandada por Jorge Luis Pinto, a seleção das Honduras entrou da melhor forma ao bater a congénere da Argélia por três bolas a duas. Depois da boa prestação em Londres (2012), a equipa hondurenha ambiciona chegar aos quartos-de-final e sabe que levar a melhor sobre um dos favoritos não é uma missão impossível, inspirando-se na vitória frente à Espanha na última edição dos Jogos. A seleção argelina bem pode queixar-se de Farid Chaal, guarda-redes que esteve numa tarde totalmente infeliz e comprometeu em dois lances que resultaram em golos das Honduras, equipa que defronta Portugal na próxima jornada.
Boas Apostas!