Teófilo Juan Cubillas foi considerado o melhor jogador peruano de todos os tempos, um dos maiores jogadores da América do Sul e chegou a integrar a lista da FIFA dos 50 Melhores Jogadores de Sempre. Entre 1974 e 1977 passou pelo Futebol Clube do Porto, e foi, com certeza, um dos melhores jogadores de sempre a vestir de azul e branco e um dos maiores futebolistas que passaram pelo Campeonato Português.

Depois de um início fulgurante, ganhando protagonismo ainda muito jovem, tornando-se uma das peças fundamentais do Clube Alianza Lima, do Peru, em 1973 Cubillas viaja para a Europa, e está 6 meses no FC Basel, de Basileia, na Suíça, mas as coisas não correm muito bem e depressa vem parar ao FC Porto, em Portugal.

Jogou no Porto até 1977, onde se tornou dono da camisola 10, capitão e ídolo dos amantes do futebol, fossem do Porto, ou não. Numa época em que o país se dividia entre sportinguistas e benfiquistas, Teófilo Cubillas era um craque que galgava camisolas.

Voltou em 1977 para o Peru, onde jogou, outra vez no Allianza, por um ano, tendo rumado, depois, para o país dos dólares, onde esteve 5 épocas, e tendo jogado ao lado de figuras como Gerd Müller e George Best.

Depois de ter terminado a carreira, ainda voltou em 1987 para ajudar a sua equipa, o Club Alianza Lima, depois desta ter perdido toda a equipa de futebol num acidente de aviação, e terminar o campeonato em 2º lugar.

Um Início Fulgurante

Cubillana Selecçãodo PeruPara Cubillas tudo começou aos 16 anos quando se estreou no Campeonato Nacional Peruano, ao serviço do Clube Alianza Lima. Estávamos em 1965. Na sua segunda época, portanto, aos 17 anos, Teófilo Cubillas ganha o título de Melhor Marcador do Campeonato Peruano, com 19 golos. Em 1970 volta a repetir o feito, com 22 golos marcados. Em 1967, já com 18 anos, ganha o título de Melhor Jogador do Ano no Peru. É também com esta idade que joga o seu primeiro jogo internacional, contra o Independiente da Argentina, jogo que o Alianza ganha por 6 a 1, com 2 golos de Cubillas.

Aos 19 anos é convocado pela primeira vez para a Selecção Peruana e assim ajuda o seu país a impedir a qualificação da Selecção Argentina, a quem ganha em casa por 1 a 0, e a quem vai empatar, em Buenos Aires, por 2 a 2. Nesse Campeonato do Mundo de 1970, no México, a segunda participação do Peru depois de ter participado por convite no Campeonato do Mundo de 1930, no Uruguai, a Selecção Peruana conseguiria chegar aos quartos-de-final, sendo aí afastada pelo Brasil, por 4 a 2, Selecção essa que viria a sagrar-se campeã do torneio. Teófilo Cubillas marcaria 5 golos no torneio, seria aclamado Melhor Jogador Jovem do Mundial e ainda viria a integrar o onze ideal do Campeonato do Mundo.

Em 1971, faz parte de uma selecção de dois clubes de Lima, o Alianza e o Municipal, que fazem uma digressão onde defrontam vários grandes clubes mundiais. Entre estes, o Benfica de Eusébio, e o Bayern Munique de Franz Beckenbauer e Gerd Müller, estes últimos brindados com uma superioridade de jogo que resultou em vitória peruana por 4 a 1.

Em 1972, Cubillas, que foi o Melhor Marcador na Taça Libertadores, foi também eleito o Melhor Jogador da América do Sul, tendo ficado à frente de Pelé, relegado para 2º lugar.

Chegados a 1973, e depois do brilharete numa Selecção da América que empatou 4 a 4 com uma Selecção da Europa com Johan Cruyff, Eusébio e Beckenbauer, a quem haveriam de ganhar na marca das grandes penalidades por 7 a 6, Teófilo Cubillas faz as malas e, pela primeira vez na vida, muda de clube, assinando pelo Basel. Não se deu bem na Suíça, embora se tenha sagrado campeão, o que fez a sorte do Porto porque, em 1974, lá estava ele na invicta, pronto a brilhar no Futebol Clube do Porto e em Portugal.

Mas antes disso, a Selecção do Peru falha a qualificação para o Campeonato do Mundo de 1974, na Alemanha Ocidental, com Teófilo Cubillas ausente no jogo decisivo, contra o Chile, em Montevideo, que os chilenos acabariam por ganhar por 2 a 1.

A Confirmação no Porto

Cubillas no PortoChegado ao Porto, depressa se percebe que o Basel foi um percalço, uma falta de adaptação ao clima, ao campeonato e ao país. No Porto, Teófilo Cubillas mostra todo o esplendor do seu futebol. Nunca ganhou um campeonato, mas no ano do adeus, conseguiu ganhar a Taça de Portugal.

Na época de 1974/75, Cubillas agarra a camisola 10, enaltece-a e nunca mais a larga até ir-se embora. Em 108 partidas oficiais que efectuou pelo Futebol Clube do Porto, marcou 65 golos. Nada mau para um médio. Tornou-se respeitado por toda a gente. Um nome unânime. E um dos melhores jogadores estrangeiros que passaram por Portugal. Ficaram na retina de quem os viu, os grandes golos com que brindava os adversários, em rematas potentes, a terminar jogadas de génio.

Pelo meio, Cubillas foi engrandecendo a sua estrela planetária. Em 1975, ganha a Taça América, marcando o golo decisivo com que afasta a Selecção Brasileira nas meias-finais. Na final, em Caracas, na Venezuela, contra a Colômbia, não marcou nenhum golo, permitiu-se falhar um penalty, mas saiu campeão.

Em 1977, Teófilo Cubillas voltou ao seu país, em trânsito para o sonho americano. Como muitas outras estrelas em final de carreira, nessa altura, Cubillas também aceitou o chamamento americano. Os Estados Unidos estavam numa campanha de glamourização do futebol e então, acenavam com dólares às grandes estrelas em fim de ciclo, que tinham brilhado na Europa. Eusébio foi uma dessas estrelas. Simões também. E Humberto Coelho. E Cubillas também respondeu afirmativamente a esse apelo.

Uma Reforma Dourada

E então, depois de duas épocas frutuosas em trânsito por Lima, a jogar pelo seu clube, o Alianza, conseguindo ainda ser bi-campeão, Teófilo Cubillas vai para os Estados Unidos à procura do sonho americano. Joga 5 épocas no Fort Lauderdale Strikers, tornando-se, neste período, o seu melhor jogador e o seu melhor marcador.

Antes, ainda, em 1978, passa pelo Campeonato do Mundo da Argentina onde consegue, novamente, levar a Selecção do Peru até aos quartos-de-final. Teófilo Cubillas marca 5 golos e o meio-campo da Selecção do Peru é considerado o melhor do torneio.

Já como jogador e estrela do Fort Lauderdale Strikes, Cubillas ainda consegue ajudar a sua Selecção a qualificar-se para o Campeonato do Mundo de 1982, em Espanha, mas aí, a Selecção Peruana não passa da primeira fase e, depois disto, Teófilo Cubillas disse adeus à Selecção.

Continua nos Estados Unidos até 1985. Depois volta ainda a Lima para mais uma época no seu Alianza, mas em 1986, despede-se do futebol com um jogo de homenagem onde estão presentes algumas das grandes estrelas do firmamento futebolístico.

No entanto, este afastamento seria interrompido por causa de uma tragédia. Em 1987, toda a equipa do Club Alianza Lima é vitimada num acidente de aviação e Cubillas volta ao seu clube para ajudar a terminar o Campeonato Peruano, conseguindo, mesmo assim, no meio de toda aquela tristeza, levar o clube ao 2º lugar do Campeonato. Depois, foi mesmo o adeus.

Cubillas volta para os Estados Unidos, onde vive ainda hoje, na Florida, e onde tem uma escola de futebol para a descoberta e desenvolvimento de jovens talentos.

Teófilo Cubillas foi, assim, um dos grandes jogadores planetários que Portugal teve o prazer de receber, numa altura em que era muito difícil, mais que hoje afinal, trazer os craques para esta periferia. Mas o Futebol Clube do Porto agradeceu, e o país também.

Boas Apostas!