A França foi mais lesta e ao terminar do segundo dia já tinha carimbado o passaporte para a final da Taça Davis. A República Checa, bicampeã da prova, via assim a oportunidade de uma terceira presença consecutiva na discussão do título cair, literalmente, por terra. A suíça teve tarefa mais complicada mas lá conseguiu levar a melhor sobre Fognini e companhia. Ter Fededer em forma e motivado é meio caminho andado.
“Les enfants de la patrie” buscam dias de glória
A bem da verdade, esperava-se que os Checos dessem mais luta. Não que tenha sido demérito de Tomas Berdych e Lukas Rosol, que perderam os respetivos encontros para Richard Gasquet (6-3, 6-2, 6-3) e Jo-wilfried Tsonga (6-2, 6-2, 6-3). Os dois franceses estavam inspirados e não abriram nenhuma brecha que os adversários pudessem explorar. Mesmo quando juntaram forças para a partida de pares – esta foi apenas a segunda vez que o fizeram, depois de terem derrotado a Austrália na primeira ronda – estiveram a altíssimo nível. Berdych e Stepanhek, uma dupla experimentada e experiente, resistiram como puderam mas Les Bleus estavam imparáveis (6-7, 6-4, 7-6, 6-1). Em pouco mais de hora e meia meteram, entre os dois, dezasseis ases e oitenta e dois winners. Julen Benneteau, que foi batido por Jiri Vesely, e Gael Monfils limitaram-se a fazer o seu papel mas o objetivo já estava garantido.
A França avança para a final da Taça Davis de 2014 com estatuto de anfitriã, coisa que não acontecia há doze anos. Depois da vitória categórica por 4-1 sobre os bicampeões em título o otimismo é natural e compreensível para estes quatro que encabeçam uma geração gaulesa de extraordinária qualidade. Eles são um quarteto de peso, uma equipa talentosa sem ter propriamente um elo mais fraco. Tsonga, o campeão do Masters 1000 de Toronto estava radiante. “Estou a ansiar por isto há muito tempo. Há uns anos atrás, quando nos qualificamos para a final eu não pude jogar porque estava lesionado. Mas agora terei a oportunidade de o fazer e talvez até de ganhar.” Tsonga referia-se há final de 2012, em Belgrado, que a Sérvia venceu por 3-2.
Será que dois valem por quatro?
Não há muitos recordes e troféus que tenham escapado a Roger Federer. A Taça Davis é um dos poucos, a par do título olímpico. Dada a sua boa forma física, este ano ele apostou forte na progressão da equipa suíça, que, convenhamos, ele e o amigo Stanislas Wawrinka carregam às costas. Não é impossível, quando se tem dois jogadores do top-4 nas fileiras, mas continua a não ser fácil. A outra complicação será ver como os dois chegam às finais – entre 21 e 23 de Novembro – depois do WTF que acontecerá menos de uma semana antes. Tanto Federer como Wawrinka serão fortes candidatos a chegar ao encontro em que se decidirá o título do circuito mundial. Já entre os franceses o único que poderá chagar sequer à qualificação é Tsonga. Sobretudo no caso do número um suíço, isso é problemático. Os trinta e três anos retiram-lhe alguma capacidade de recuperação física.
Mas Federer não parece nada preocupado. Ainda ontem, quando festejava efusivamente, como poucas vezes o vimos fazer ao longo da carreira, ele desvalorizava esses contratempos. E até acrescentava que já tinha tio confrontos bem renhidos com os franceses e que curiosamente sempre tinha ganho quando o embate se realizou em terras gaulesas.
Mais um grande momento de ténis, à nossa espera na segunda metade de Novembro. Um mês em grande para fechar a temporada.