Aos 71 anos, Óscar Tabárez levou uma vez mais o Uruguai até ao grupo das oito melhores seleções do mundo, terminando eliminado pela França. Mas, para a história, fica o percurso de um treinador que apesar de ter passado por grandes equipa, como o Boca Juniors ou o AC Milan, conseguiu com a equipa do seu país gravar o seu nome a ouro.
O jogador modesto e professor
Apesar de ter sido jogador de futebol durante 12 anos, Óscar Tabárez nunca passou de clubes relativamente modestos ao longo da sua carreira. De tal forma que, acabou por repartir a sua vida entre o futebol e uma outra carreira, como professor de escola primária.
A sua carreira de treinador teve, também inícios modestos, no Bella Vista, que havia sido o seu último clube enquanto jogador. A sua primeira grande oportunidade surgiu, como não poderia deixar de ser, com a seleção uruguaia, na categoria de Sub-20, que orientou nos Jogos Pan-Americanos em 1983. Foi esse facto que levou a ser chamado para treinar o Danubio, de onde passou pelo Montevideu Wanderers para o Peñarol, onde viria a ser campeão uruguaio. Esse primeiro título, em 1987, elevava o nome de Tabárez como uma das referências do futebol local.
A carreira internacional
Campeão uruguaio e, de novo, chamado a orientar a seleção sub-20 em 1987, começou então a sua carreira internacional, orientado o Deportivo Cali, da Colômbia. A experiência foi curta porque foi chamado, pela primeira vez, para ser selecionador, levando o Uruguai ao Campeonato do Mundo de 1990, em Itália, numa aventura que terminou nos oitavos-de-final, ao pés da Itália.
Essa passagem valer-lhe-ia alguns dos anos mais interessantes da sua vida, com a passagem pelo Boca Juniors, com quem venceu um Torneio Apertura, e a vinda para a Europa, onde acabaria por orientar, em Itália, Cagliari e AC Milan e, em Espanha, o Oviedo. De regresso à Argentina, passou ainda pelo Vélez Sarsfield e pelo Boca Juniors, uma segunda vez, de onde saiu em 2002, quando com 55 anos, parecia ter completado um percurso ainda aquém daquilo que poderia demonstrar.
Depois da paragem, o processo
Quatro anos afastado do futebol terão levado a que Óscar Tabárez pudesse organizar o pensamento para a tarefa que lhe seria sugerida em 2006, depois da seleção do Uruguai ter falhado três dos últimos quatro Mundiais. O “Processo” definiu uma nova forma de trabalho, aplicada a todos os escalões da formação do futebol uruguaio, que transformou a forma de treinar jogadores. Os resultados começaram a ser imediatos, com sucesso de equipas nas provas de formação.
No nível sénior, Tabárez cumpriu três Mundiais de futebol, em 2010, 2014 e 2018, conseguindo alcançar as meias-finais na primeira data, e os oitavos-de-final nas edições seguintes. Neste último Mundial, para além disso, já tem uma boa parte dos seus jogadores formados, desde pequenos, no “Processo” que ajudou a redefinir o futebol do Uruguai. Mantenha-se, ou não, como treinador, é uma referência que fica marcada na história do desporto do seu país.
Boas Apostas!