Um ano e três meses depois, Sport Lisboa e Benfica e Associação Desportiva do Fundão voltam a encontrar-se no Pavilhão Dr. Salvador Machado, em Oliveira de Azeméis. Se, por um lado, protagonistas, palco e o facto de estar um troféu em disputa são elementos comuns à final da Taça de Portugal 2013/14 que ali decorreu, a verdade é que muito mudou desde então. O recinto é de boa memória para os beirões, mas são os “encarnados” que entram em quadra na condição de detentores dos dois principais troféus do futsal nacional relativos à temporada 2014/15: Campeonato e Taça de Portugal.
Além de o passado recente ter unido as duas equipas, – defrontaram-se também na final da Taça de Portugal 2014/15 e nas meias-finais do “play-off” da Liga SportZone – nota para o facto de estarmos perante equipas com vários elementos que já estiveram de ambos os lados da barricada. Destaque para Joel Rocha, jovem técnico que em 2013/14, à frente da Desportiva Fundão, foi “carrasco” do Benfica e em 2014/15, já em funções na Luz, levou a formação beirã ao tapete nas duas principais provas nacionais. Mas comecemos pelo princípio…
A organização da “final-four” da Taça de Portugal 2013/14 decorreu em Oliveira de Azeméis. Benfica, Arsenal Parada, Associação Desportiva do Fundão e Associação Desportiva Módicus Sandim foram os emblemas a concurso. Na final, a Desportiva de Joel Rocha bateu o Benfica de João Freitas Pinto e conquistou o primeiro título em contexto nacional da história, alcançando um feito ímpar no contexto nacional do desporto da Beira Interior. Além da conquista deste troféu, alcançou também a final do “play-off” do campeonato nacional, que acabou por perder para o Sporting. Joel Rocha, homem que guiou a Desportiva durante a melhor campanha da sua história, mereceu a confiança dos responsáveis do Sport Lisboa e Benfica para suceder a João Freitas Pinto. Aos 32 anos, Joel Rocha, que até então só tinha conhecido uma realidade no principal escalão do futsal português – esteve quatro épocas no Fundão – foi aposta para tentar recolocar os lisboetas na rota dos títulos.
Finda a primeira época na Luz, não restam duvidas: foi uma aposta ganha. O Benfica venceu a Liga SportZone – derrotou o Sporting na final do “play-off” – e levantou a Taça de Portugal – derrotou a Associação Desportiva do Fundão. Desta feita, a “final-four” da prova raínha decorreu em Sines. Benfica e Fundão foram novamente finalistas, mas desta vez a sorte sorriu aos “encarnados”. Durante os festejos, Joel Rocha, o único “bicampeão” da prova, afastou-se dos festejos, visivelmente emocionado, deixando uma palavra especial à Associação Desportiva do Fundão, finalista vencida que, segundo palavras do próprio, será sempre “uma família desportiva”. Depois disso, já se defrontaram nas meias-finais da Liga SportZone e a “águia” tornou a impor-se. É tempo de nova decisão. Duas das principais forças do futsal “luso” discutem a Supertaça num recinto ao qual já conhecem os cantos.
Numa inevitável abordagem à forma como decorreu o mercado de transferências para as duas equipas, há duas movimentações de relevo que nos merecem consideração imediata, precisamente por envolverem dois jogadores que trocaram o emblema de um dos clubes por outro. Mário Freitas, internacional português que se destacava na Desportiva, viajou para a capital. Já o jovem Ivo Oliveira, jogador contratualmente ligado ao Benfica que na pretérita temporada esteve por empréstimo no Belenenses, foi cedido à Desportiva do Fundão durante uma época.
O novo campeão nacional, que prepara a participação na UEFA Futsal Cup, não viu grandes alterações ocorrerem no seio do respetivo plantel. Registaram-se algumas saídas, é certo, mas nenhum jogador fulcral ao longo da última temporada deixou o clube. Para o ataque à UEFA Futsal Cup, o Benfica recrutou três jogadores: dentro do mercado nacional contratou Mário Freitas (AD Fundão) e Fábio Cecílio (SC Braga/AAUM) – ambos internacionais A – e foi a Itália contratar o experiente argentino Fernando Wilhelm.
Este Verão foi mais bem animado para a Desportiva do Fundão no que concerne a movimentações. Bruno Travassos, técnico que sucedeu a Pedro Henriques na etapa inicial da última época, continua à frente dos destinos da equipa. Tem às suas ordens sete novos elementos. Em relação à última temporada, foram seis os que abandonaram o clube. Embora estejamos a falar essencialmente de jogadores já com experiência no escalão máximo do futsal português – Josiel e Eskerda regressam a uma casa que bem conhecem -, é evidente que este cenário requer mais trabalho na preparação da nova época, pretendendo incutir rotinas e fazer com que os reforços se habituem aos métodos do novo treinador. Além dos já mencionados Ivo Oliveira, Josiel e Eskerda, também Iago Barro e Hélder Fernandes (guarda-redes), Márcio Moreira e Tunha são reforços.
Em termos de pré-temporada, Benfica e Fundão disputaram vários encontros já com bom nível em termos competitivos. O campeão nacional disputou a Masters Cup, um torneio quadrangular que reuniu na MEO Arena quatro das melhores equipas do futsal europeu: Benfica, Sporting, Barcelona e Inter Movistar. Os comandados de Joel Rocha venceram o Barcelona mas acabaram por perder o troféu para os madrilenos, em função de uma derrota por 3-2. A uma semana da Supertaça, fica uma boa imagem deste grupo, capaz de disputar de igual para igual um encontro com duas grandes equipas.
A Desportiva também defrontou equipas primodivisionárias na pré-temporada. Sporting, Belenenses, Centro Social de São João e Burinhosa foram alguns dos adversários ao longo do ciclo de preparação da equipa fundanense. Com o foco voltado para a disputa desta Supertaça, empenhar-se-á em contrariar a prestação rubricada na última edição da prova, precisamente no ano passado. Diante do Sporting, registou-se uma copiosa derrota por 7-0 num tarde em que a equipa na altura orientada por Pedro Henriques esteve irreconhecível. Esta é, de resto, a derrota oficial mais volumosa na história do clube.
O Benfica é favorito à conquista do troféu. Detém os dois principais troféus do futsal nacional relativos à última época e manteve a base do seu plantel. No entanto, também o era na final da Taça de Portugal 2013/14, e acabou surpreendido pela Desportiva. Os beirões têm habituado o adepto a prestações dignas na elite do futsal nacional e têm condições para colocar dificuldades aos “encarnados”. Num troféu disputado a um jogo, muita coisa pode acontecer. A emoção e a espectacularidade estão garantidas, ou não estivéssemos a falar de futsal. Resta aguardar pelas 16:30h deste domingo para assistir ao encontro que terá transmissão televisiva na RTP 2 e na RTP Internacional.