Contrariamente às expectativas o Super Bowl 50, o de ouro, não foi um daqueles que fica na retina para um dia contar aos netos. A aquela máxima de que é a defesa que ganha compeonatos voltou a ser validada. Do ponto de vista da estrátégia e da execução a defensiva dos Denver Broncos esteve irrepreensível mas faltou emoção ao que devia ser a melhor partida da temporada. Peyton Manning contempla a sua reforma.
Defesa dos Broncos ganha o Super Bowl
Contra a opinião da maioria – na qual me inclui – os Denver Broncos sagraram campeões do Super Bowl 50 em S. Francisco. Confirmou-se a ideia de que o marcador não teria números generosos (24-1 e de que seriam as defesas a ter o maior destaque. Quando chegou o grande dia a equipa de Gary Kubiak cumpriu o seu plano de jogo à risca. Entregar o jogo da equipa à defesa, sendo que a função da unidade ofensiva era permanecer em campo o suficiente para chegar aos field goals e dar tempo aos defesas para descansar. De resto foi o treinador principal a definir as jogadas, o quarterback experiente tratando de não cometer erros em campo, o jogo em corrida residual e a aposta nos passes para uma zona intermédia. Os Broncos aprenderam a lição com a traumática derrota de 2013, frente à Legion of Doom.
Os homens do jogo foram claramente Von Miller (MVP), Demarcus Ware, Derek Wolfe, Malik Jackson e Antonio Smith. Isso é evidente mas faço aqui uma referência ao homem por detrás desta unidade, o coordenador defensivo. Wade Phillips tem todo o mérito de inverter completamente a filosofia de Denver, constriundo peça a peça um grupo absolutamente espantoso de defesas.
Manning com final feliz
Este foi o desfecho perfeito para a carreira de Peyton Manning. Espero que saiba aproveitá-lo. É certo que ele não fez nada de decisivo para vencer este Super Bowl, não carregou a equipa às costas como outras vezes aconteceu. Já não tem essa capacidade. Mas não cometeu erros. Baixou a cabeça e desempenhou o papel que o grupo lhe pedia. Disse antes deste jogo que o legado de Manning não dependia de mais um anel. O que ele fez na sua longa carreira está espelhado no reconhecimento de companheiros de equipa e adversários. Ele é um dos melhores de sempre e dos muitos momentos que eu e outros havemos de recordar de Peyton esta final não aparecerá sequer no top-30.
Ainda assim, fecha com o segundo anel no Super Bowl, tornando-se um dos poucos a vencer com duas equipas distintas. O seu segundo título, associado ao terceiro dos Denver Broncos. Acredito que custe – pôr um ponto final naquilo que foi a sua vida desde a adolescência – mas é tempo de pôr um ponto final e sair por cima. Um corpo tão castigado bem merece o descanso.
Cam Newton, versão Clark Kent
Aquilo que vi do quarterback dos Panthers no domingo passado confirmou tudo o que pensava dele. É um atleta extraordinário, com um talento tremendo e que pode vir a ser um dos nomes incontornáveis do futebol americano. Ao contrário de muitos que criticam a sua personalidade extrovertida eu tenho para mim que é precisamente essa exuberância que o alimenta. Na final do Super Bowl Cam Newton esteve desde o primeiro minuto tenso. O único sorriso veio só no final, quando cumprimentou Manning pela vitória. Até então foi só tensão e maxilares cerrados. Há jogadores assim, que precisam de se fechar sobre si mesmos para estarem no máximo da concetração. Outros, e nisso Cam é símbolo não só dos atletas negros mas sobretudo da sua geração, precisam de exteriorizar, de criar empatia com a assitência. O QB não teve a proteção necessária e falhou a sua primeira tentariva de conquistar o Super Bowl. Mas tenho certeza que não será a última. E que tal como Denver apendeu quando foi arrasado por Seattle também Newton e companhia regressarão com a lição bem revista.
A temporada da NFL chegou assim ao fim. Vamos entrar em período de hibernação e voltamos em breve com a antevisão do draft.