Parece que este domingo estava reservado para deslizes dos maiores candidatos a ver este Campeonato do Mundo de Futebol. O Brasil marcou cedo, parecia estar a jogar quanto baste para cumprir o objetivo mas no segundo tempo a Suíça fez a igualdade. A partir daí a solidez defensiva e capacidade de sofrer a pressão adversária, que nos bem conhecemos, permitiu-lhe amealhar um ponto. Não é fácil desequilibrar estes helvéticos mas os brasileiros são capazes de produzir muito mais.

Depois de ver a Alemanha fraquejar, o Brasil tinha a oportunidade de reforçar ainda mais a sua condição de favorito. Tite não foi em modas e repete o onze que tanto entusiasmo tinha causado no último jogo de preparação, frente à Áustria. Os quatro magníficos na frente são Willian, Philippe Coutinho, Neymar e Gabriel Jesus. Nas duas formações houve uma baixa de peso pré-Mundial. Os brasileiros ficaram sem Dani Alves e Danilo ainda não conseguiu ter na Canarinha um impacto ofensivo de monta. Os helvéticos perderam a referência ofensiva de Admir Mehmedi. As alternativas são Haris Seferovic e Breel Embolo e para enfrentar o Brasil a escolha recaiu sobre o homem do Benfica.

Golo magistral de Coutinho

O golo de bele efeito de Coutinho prometia muito mais para o jogo do Brasil, mas não aconteceu.

O golo de bele efeito de Coutinho prometia muito mais para o jogo do Brasil, mas não aconteceu.

A seleção suíça entra muito subida em campo – em especial os médios Valon Behrami e Granit Xhaka – para manter o Brasil afastado da zona de perigo e em sentido. Mas ao fim de poucos minutos, os brasileiros vão pegando na bola para fazer um pouco mais o seu jogo. Paulinho faz o primeiro aviso aos onze minutos. O lance começa em Neymar, pela lateral, Schar falha o corte em posição frontal e o médio do Barcelona remata bem rente do poste.

Aos vinte a Canarinha faz o 1-0, por intermédio de Philippe Coutinho. Mais uma vez, um alívio defeituoso, vai parar aos pés do médio criativo que em andamento faz um remate colocadíssimo, sem hipótese para Yann Sommer.

Casemiro era o bombeiro destacado para cobrir o lado esquerdo que, naturalmente, fica várias vezes a descoberto com as movimentações de Marcelo, Coutinho e Neymar. Por falar na estrela do PSG, não está a cem por cento e Behrami tem sido implacável com ele, ali no limite do que é permitido com o contacto físico.

O Brasil de Tite dá mostras de não querer gastar as baterias de uma vez. Em vantagem eles vão tentando alargar a vantagem mas sem subir a intensidade ou o ritmo do jogo.

O alcance da resistência

Quase como se tirado a papel químico, o Brasil entra no segundo tempo mais subido mas aos cinquenta a Suíça chega à igualdade. Steven Zuber marca de cabeça mas antes coloca as mãos nas costas de Miranda. O árbitro não valoriza e aponta para o grande círculo. Os brasileiros acusam o toque, os suíços animam-se com o golo.

Ao chegar à primeira hora de jogo, o selecionador brasileiro troca Casemiro por Fernandinho. O homem do Real Madrid já estava amarelado e era um risco. Perde-se a maior cobertura que estava a dar nas costas de Marcelo.

Um Brasil sem inspiração permite que a Suíça se afirme. Nós bem sabemos como eles têm uma defesa sólida, uma equipa organizada, que é muito difícil de perturbar. Aos setenta e quatro, os brasileiros queixam-se de um penalti não assinalado a seu favor, por derrube de Jesus na área sob a ação de Akanji, mas, mais um vez, o árbitro nem pestaneja. Quando os jogadores mais adiantados da Canarinha imprimem um ritmo mais elevado nos lances o jogo ganha logo outra vida. Infelizmente não estão a conseguir fazê-lo em continuidade.

Nos instantes finais a seleção helvética sofreu um pouco. Dificuldades claras a defender cantos curtos, e no espaço de dois minutos sucedem-se cabeceamentos de Neymar, Firmino – este só a pronta intervenção de Sommer impediu de entrar –, um remate enrolado de Fernandinho e outro de Coutinho.

Neymar muito limitado

Ainda sai tudo muito em esforço a Neymar e a sombra, agressiva, de Behrami explorou a fragilidade.

Ainda sai tudo muito em esforço a Neymar e a sombra, agressiva, de Valon Behrami explorou bem essa fragilidade.

Neymar está limitado, aqui e ali a evidenciar sinais de dor, e sem entrosamento tenta, algumas vezes, iniciativas individuais mais ou menos inconsequentes. Uma das exceções foi a assistência certeira para Coutinho, que recebe magistralmente no peito, aos setenta minutos mas o remate não enquadra com a baliza. Mais dois golpes de cabeça nos últimos minutos do encontro. É certo que levou muita pancada, o que já é habitual mas neste momento de maior fragilidade causa realmente mossa.

Mais um grande favorito que tropeça para dar um banho de realidade às expetativas. A Suíça foi o que que nós sabemos que pode ser. O Brasil pode fazer bem melhor. A Sérvia, que já tinha vencido hoje a Costa Rica, aproveita para se isolar no primeiro lugar do Grupo E.

Boas Apostas!