Ao terceiro jogo a Argentina apareceu e lá selou a passagem aos oitavos de final, onde irá defrontar a seleção gaulesa. Uma primeira parte de qualidade, com circulação de bola e o génio de Messi a fazer a diferença. Um segundo tempo mais complicado, em que foi necessária a entrada de Pavón para mexer com o jogo, uma pontinha de sorte e a cabeça improvável de Rojo. O que fica evidente é que o grupo assumiu o comando, sob a inspiração do Messi, e Sampaoli segue a reboque. O sucesso da equipa põe a nu o desastre que tem sido o selecionador.
Argentina diz presente
A Argentina apareceu no jogo. Transfigurada, com três homens – Éver Banega, Enzo Pérez e Javier Mascherano – na linha de meio-campo cuja função era retirar tarefas das costas de Leonel Messi e fazer com que tivesse bola e alguns espaços. A Albiceleste adianta-se no marcador com um golo empolgante da sua maior estrela, isolada pelo passe a rasgar do médio do Sevilla. Messi fez o resto, que passa por conseguir com o esférico aquele efeito de íman, correr e colocá-lo no buraco da agulha.
Messi marca, motiva e manda
A primeira parte foi bastante positiva para os argentinos, até parecia que tinham redescoberto como se joga. A confiança é uma coisa extraordinária e Messi ter aparecido para fazer a diferença foi uma espécie de validação das opções que contagiou todos os jogadores no relvado. O segundo tempo foi mais complicado, começando pelo facto dos nigerianos terem regressado do balneário com as ideias mais claras quanto ao que tinham que fazer. A Argentina baixou um pouco de nível e foi só com as alterações, particularmente com a entrada de Cristian Pavón, que recuperou algum ascendente ofensivo. O jovem extremo do Boca Juniores de vinte e dois anos, um dos nomes mais referidos pelos adeptos para uma oportunidade, mexeu de facto com o jogo. Valeu o golo de Marcos Rojo, de cabeça, nos minutos finais, e a
Há que reconhecer que houve uma pontinha de sorte, no sentido em que esta costuma proteger os audazes. Primeiro, há a questão do árbitro. Um profissional competente, habituado a jogos complicados, que não se deixa pressionar com facilidade, faz de facto a diferença. O lance de suposta mão de Rojo é priva disso. Depois de ver as imagens, Cuneyt Çakir manteve a sua avaliação de momento. O movimento do defesa é natural, a reflexão da bola é à queima-roupa, portanto não há lugar a falta. Siga. Por muito menos, Cédric foi sancionado.
Sampaoli esvaziado de funções
Antes da partida falou-se de que teria havido um motim da equipa ao treinador e que muito provavelmente Jorge Sampaoli teria deixado de tomar decisões. Se é verdade ou não, não sabemos, mas que as evidências apontam para algo do género, é inequívoco. Dificilmente se vê o dedo do selecionador no onze inicial que defrontou a Nigéria, embora ele tenha vindo à conferência de imprensa justificá-lo. Claro que era imperioso fazer alterações significativas depois da derrota com os croatas mas tudo ao mesmo tempo… Acaba-se o esquema de três centrais, manda-se metade do onze para o banco – Caballero, Salvio, Acuña, Meza e Aguero – e faz-se entrar outros tantos.
Isso é dentro do relvado mas na relação entre o selecionador e os jogadores também há coisas estranhas. Sampaoli pareceu sempre isolado e sem autoridade. A saída imediata para o túnel no fim da partida, enquanto os jogadores descarregavam as emoções no relvado é uma imagem que fica. Assim se fortalece o espírito de grupo e o gesto mostra que o selecionador não faz parte do mesmo. E depois há aquele momento confrangedor que hoje os jornais repetem a exaustão: Sampaoli na lateral a perguntar a Messi se deve meter Aguero. Eu sei que é um jogador superlativo mas há algo de muito errado nesta relação entre os dois. A subserviência que também veio, mais uma vez, ao de cima, no rescaldo.
Boas Apostas!