Uma máquina talhada para vencer. O mundo do futebol rende-se ao encanto do futebol praticado pelo Real Madrid de Zinedine Zidane, vitorioso em Camp Nou na primeira mão da Supertaça espanhola 2017. O triunfo por três a um ajusta-se ao que se passou durante os 90 minutos, premiando um coletivo trabalhado ao detalhe, aparentemente tão conhecedora de si mesma quanto do adversário.

Foto: “REUTERS/Sergio Perez”
A (infeliz) opção por dois equipamentos com tonalidades escuras (também) poderia contribuir para confundir o adepto mais desatento. Para além dos equipamentos (e significativamente mais importante), para a confusão poderia contribuir o estilo de jogo da equipa da capital. Em Camp Nou, o Real Madrid “foi muito Barcelona”, mas o de Pep Guardiola, o último a marcar uma era em Camp Nou. Na orquestra de Isco, não há quem toque fora do tom. A qualidade técnica dos madridistas, aliada à mais elevada percepção tática do jogo, faz com que o Real de “Zizou” seja, muito provavelmente, a equipa mais inteligente da atualidade. Sem bola, desde o primeiro instante que o Real Madrid se demonstrou apostado em pressionar alto, no meio-campo adversário. Com ela, uma assombrosa facilidade em construir, reflexo de um entrosamento total. Há sempre uma solução para jogar apoiado, bonito, de pé para pé. O Real transpira confiança e a conquista da Supertaça espanhola está a 90 minutos de distância.
O jogo
Primeira parte muito táctica em Camp Nou, com duas equipas cautelosas, “encaixadas” uma na outra e com dificuldades em desequilibrar e criar ocasiões flagrantes de golo. Sinal mais para o Real Madrid, ainda assim.
O jogo precisava de um golo para que o ritmo frenético – registado a espaços durante a primeira parte – se tornasse norma. A abrir o segundo tempo, Marcelo cruzou a partir da esquerda do ataque “madridista” e Gerard Piqué, com um desvio infeliz, colocou a bola na própria baliza. O golo “desbloqueou” o jogo, as duas equipas soltaram-se e foi por pouco que Carvajal não aumentou a contagem volvidos cinco minutos, valendo ao Barcelona um grande corte de Jordi Alba em cima da linha. Zinedine Zidane lançou Cristiano Ronaldo antes da hora de jogo, na melhor altura possível, com o jogo bem propenso à potenciação das caraterísticas do atual detentor do Ballon D’Or.
O encontro assumiu contornos de “parada e resposta”, sempre com a equipa do Real Madrid mais inspirada. Aos 77 minutos, na sequência de uma grande penalidade ganha por Suárez, Leo Messi empatou a partida. Volvidos três minutos, foi Cristiano Ronaldo quem respondeu com um grande golo que deu nova vantagem ao Real Madrid. Enquanto festejava o golo, Cristiano Ronaldo tirou a camisola, foi admoestado e viria a ser expulso passado dois minutos por uma alegada simulação.
Numa fase do jogo em que o “bate boca” prejudicava o espetáculo, o Barcelona foi incapaz de aproveitar o facto de estar em superioridade numérica e ainda viria a sofrer mais um golo, desta feita por Marco Asensio, talento espanhol que bateu forte e com efeito, sem hipótese de defesa para ter Stegen, estabelecendo o 3-1 final que dá vantagem ao Real Madrid à entrada para a segunda mão.
Para lá da ausência de Neymar
O Barcelona terá que aprender a viver sem Neymar. O primeiro grande teste sem o brasileiro não correu de feição, mas os problemas desta equipa “Culé” vão muito para lá da saída de um dos integrantes do famoso trio “MSN”. Enquanto Ousmane Dembélé não chega a Camp Nou, Gerard Deulofeu é aposta de Ernesto Valverde, jogador que não brilhou mas conseguiu dar mais à equipa que Denis Suárez, seu substituo neste encontro. Suárez e (sobretudo) Messi não estiveram nos seus dias, enquanto Iniesta, no meio-campo, continua genial mas sem o fulgor de outrora e, claro, a complementar mestria de Xavi.
Boas apostas!