A confirmação de que Mohamed Salah ia a jogo começou por incendiar as redes sociais. Mas rapidamente o entusiasmo deu lugar a apreensão. A estrela do Liverpool e jogador africano do ano estava muito limitado. E no fim, foram as fragilidades defensivas dos Faraós que deitaram tudo a perder. Será preciso uma conjunção de milagres para evitar o adeus antecipado ao Mundial.

A entrada no onze deu esperança mas rapidamente se percebeu as limitações.

A entrada no onze deu esperança mas rapidamente se percebeu as limitações.

Com Salah há esperança

Hector Cuper deixou até à última a confirmação. Por estratégia, pensaram alguns; porque as dúvidas eram muitas, quer-me parecer. Mas a notícia espalhou-se: Mohamed Salah ia entrar de início frente à Rússia. A popularidade do egípcio explodiu esta temporada, com as exibições explosivas e maduras que produziu no Liverpool, que lhe valeram inclusive o galardão de Jogador Africano do Ano. Havia esperança, mesmo em quem não apoia diretamente a seleção egípcia. Um Campeonato do Mundo deve servir para ver os melhores executantes em ação.

Apto mas muito limitado

Mas rapidamente o entusiasmo deu lugar à apreensão. Salah pode ter sido dado como apto mas claramente continuava muito limitado. Mantinha-se estrategicamente colocado nas bordas da ação do jogo, tentando iludir marcações e, sobretudo, fugir ao contacto físico com os jogadores russos. A própria postura era estranha. O braço esquerdo em baixo, a limitar-lhe os movimentos.

O Egipto tinha perdido com o Uruguai (0-1), na ronda inaugural, com a estrela maior sentada no banco, incapaz de ajudar. Se ele tivesse o mínimo de condições, tinha entrado mesmo que por poucos minutos. A única razão porque foi considerado apto foi porque a equipa precisava dele para conseguir os três pontos. Infelizmente, estes Faraós são uma formação banal, cujo diferencial está concentrado em Mohamed Salah.

Marcar de penalti

Mesmo a sessenta por cento, Salah ainda conseguiu assustar mas o golo só chegou de penalti.

Mesmo a sessenta por cento, Salah ainda conseguiu assustar mas o golo só chegou de penalti.

Com as atenções concentradas nele, houve alguns espaços para explorar no campo. Trézéguet aproveitou para fazer incursões pela ala contrária mas ao longo da partida foi perdendo o gás. Marwan Mohsen deu que fazer aos veteranos defesas russos. E mesmo aí a sessenta por cento, Salah conseguiu ameaçar e criar algumas oportunidades. Mas nessas situações percebia-se que a inteligência, o posicionamento, continuavam a fazer a diferença. O que faltava era a capacidade de explosão, a agressividade sobre a bola. O primeiro golo do extremo egípcio em Mundiais aconteceu na marcação de uma grande penalidade e aí ele mostrou toda a classe que tem. Mas deixa um sentimento agridoce.

Salah era fundamental para o Egipto ter hipótese de vencer o jogo mas no fim foram as fragilidades defensivas que deitaram tudo a perder. Perante uma Rússia altamente motivada, onde jogadores como Golovin, Cheryshev ou mesmo Dzyuba estão quase em estado de graça, os erros pagam-se caro.

O penálti sobre Salah não foi atribuído à primeira, só depois de ser consultado o VAR. E poucos minutos depois houve derrube evidente na área russa mas aí o árbitro seguiu como se nada fosse. Podia ter alterado o desfecho? Sim, mas o triunfo dos russos continua a ser justo.

Quase de fora

Com a segunda vitória, a seleção russa está prestes a garantir a passagem aos oitavos, dependendo do resultado do outro jogo do grupo, que se realiza só hoje. Já o Egipto está na posição oposta. Para se manter na luta, o Uruguai tem que perder esta quarta-feira com a Arábia Saudita e na última jornada com a equipa anfitriã. Mesmo assim, os Faraós teriam que bater os sauditas no último compromisso, conseguindo um melhor registo de golos que os concorrentes diretos. Improvável, no mínimo!

Boas Apostas!