Depois de uma final perdida, Lionel Messi largou, na zona mista, a mais inesperada bomba deste verão. Aos 29 anos, abandona a seleção. Tendo conseguido vencer, durante a sua formação, um Mundial de Sub-20 e os Jogos Olímpicos, o astro argentino não atingiu qualquer sucesso com a camisola alviceleste, a qual representou em três Mundiais e em quatro edições da Copa América. O anúncio é tanto mais duro para os adeptos argentinos porque surge no meio de uma fase de qualificação para o Mundial de 2018, onde Messi liderava uma das equipas mais fortes à conquista do título. Será que tem perdão?
Uma história de magia
Messi é talento puro trabalhado na oficina mais poderosa das últimas décadas. Um pouco como o encontro de um diamante gigantesco em bruto a cair nas mãos do melhor ourives. Vê-lo jogar é entender como é que aquilo que foi pensado por grandes treinadores se transforma, na prática humana, no entendimento da essência do jogo. Nem sempre bem compreendido, pelo entorno criado à sua volta ser, ao mesmo tempo, uma proteção contra o mundo e um criar de espaço para o desenvolvimento do seu talento, Messi nem sempre conseguiu ter na seleção o mesmo tipo de contexto que tinha no clube, aumentando a pressão de sucesso e as dificuldades para chegar até ele.
No entanto, tem sido o talento de Messi a fazer sempre a diferença para tornar a Argentina mais efetiva. Tendo uma geração de jogadores que oferece muitas alternativas para diferentes posições, sobretudo do meio-campo para a frente, é o jogador do Barcelona o elemento diferenciador que permitiu aos argentinos competir por títulos nesta última década. O problema é que, enquanto alguns dos seus principais rivais – a Alemanha no Mundial, o Chile na Copa América -, nunca terá havido uma real preocupação em construir uma equipa. E nos momentos da verdade, o preço pago foi bastante alto.
Em resumo, os seus 113 jogos pela seleção argentina, com 55 golos marcados, permitiram-lhe atingir por duas vezes os quartos-de-final do Mundial, em 2006 e 2001, e uma final em 2014. No que toca à Copa América, três finais perdidas, em 2007, 2015 e 2016 e uma saída precoce nos quartos-de-final de 2011.
Forma de pressão ou saída sem perdão?
A história do futebol argentino não é feita por personagens que desistem. Aliás, o deus que vestiu a camisola 10 ainda é e será Diego Armando Maradona, não só pelo que jogava, mas sobretudo pelo que lutava, pelo que tentava de impossível e, finalmente, por ter ganho. A Messi, perfeitamente reconhecido como o melhor do mundo e com uma quantidade de títulos a nível de clubes bem difícil de igualar, a saída da seleção depois de mais uma final perdida custará, seguramente, o amor daqueles que vivem o futebol como uma expressão máxima da luta contra as agruras da vida.
Ainda que a sua atitude se possa prender com uma tomada de posição de maneira a pressionar a Federação argentina, com vista a mudanças necessárias na sua estrutura, será difícil esquecer o dia em que Messi chegou em frente às câmeras de televisão e disse “para mim, acabou”.
Boas Apostas!