Roger Federer – Alexander Zverev (ATP Masters Roma)
O tão aguardado regresso de Roger Federer à competição faz-se com um duelo geracional. Alexander Zverev tem menos dezasseis anos que o suíço e vai, finalmente, poder enfrentar o seu grande ídolo de infância. O alemão de dezanove anos eliminou Grigor Dimitrov na primeira ronda, em sets diretos.
No início de fevereiro Roger Federer submeteu-se a uma artroscopia para reparar cartilagem no joelho esquerdo. Aos trinta e quatro houve quem visse nessa lesão um prenúncio de fim de carreira. Mas, fazendo jus às suas capacidades físicas de eleição, o suíço estava de volta antes do previsto. A participação no Masters 1000 de Monte Carlo, a abrir a temporada de terra batida, arrancou muito bem e deixou-nos a todos, imagino que inclusive ao próprio, muito aliviados. O suíço acabaria por ser afastado nos quartos de final do torneio, às mãos de Jo-Wilfried Tsonga (3-6, 6-2, 7-5) mas deixava boas indicações. Mas no primeiro treino em Madrid Federer magoou as costas e viu-se obrigado a retirar o seu nome do quadro principal do Mutua Madrid Open. Assim sendo, o Masters de Roma será apenas a quarta prova em que o suíço participa nesta temporada. Foi ao jogo do título em Brisbane mas perdeu-o para Milos Raonic (6-4, 6-4) e no primeiro Grand Slam da época, em Melbourne, foi semifinalista, só barrado pelo número um mundial, Novak Djokovic (6-1, 6-2, 3-6, 6-3).
Regressar à alta-competição depois de lesão nunca é fácil, muito menos quando já se tem muitos anos nas pernas. Há sempre o receio de não se conseguir recuperar uma parte das capacidades. Mesmo no melhor dos cenários há perda de ritmo. Não será fácil para Federer voltar frente a um jogador tão jovem, com umas características físicas impressionantes.
Alexander Zverev, alemão de ascendência russa, tem a modalidade nos genes. O Alexander Sénior foi um antigo profissional e ambos os pais são professores de ténis. Tem também praticamente dois metros e recentemente tem-se notado um maior peso de bola por parte do adolescente. Ao dia de hoje Zverev é o número quarenta e quatro mundial mas tem tudo para ser uma das estrelas de um futuro não muito distante.
Na sua estreia em Roma – é a primeira participação – o alemão eliminou Grigor Dimitrov (6-1, 6-4) na primeira ronda. Sempre muito focado, Zverev avançou com grande assertividade dominando os seus jogos de serviço e quebrando o búlgaro no quarto e sexto jogo pare reclamar o set ao fim de vinte e três minutos. O segundo já foi um pouco mais nivelado. Dimitrov conseguiu o contra-break para igualar a 4-4 mas foi passageiro. Alexander Zverev não pestanejou e recuperou a vantagem no jogo de serviço seguinte do adversário. Quando foi a sua vez de sacar fechou o encontro, sem ceder mais nenhum ponto. Ao longo da partida fez quinze winners e apenas oito erros não forçados, o completo oposto de Dimitrov, que estava mortinho por voltar a escaqueirar umas raquetes.
Este ano Zverev chegou às meias-finais em Montpellier, onde foi afastado por Paul-Henri Mathieu (7-6, 7-5), e em Munique, onde perdeu para Dominic Thiem (4-6, 6-2, 6-3). Esteve entre os últimos dezasseis no Masters 1000 de Indian Wells (afastado por Rafa Nadal 6-7, 6-0, 7-5) e em Barcelona.
Defrontar Federer é um sonho de criança de Zverev, que não vê a hora de o concretizar. Para o alemão o suíço, além de melhor de todos os tempos, é também o exemplo perfeito de quem trabalha muito nos bastidores para que tudo pareça fácil no court.