A final da Taça das Nações Africanas 2017 será disputada entre dois nomes que são bem conhecidos da história do futebol africano. No entanto, antes do início da competição, poucos diriam que Egito e Camarões seriam os intervenientes desta final. Os egípcios por estarem há sete anos afastados de uma prova deste calibre, os Camarões por terem visto oito jogadores recusarem fazer parte da equipa. Mas os contos de fadas acontecem e, depois de bater o Burkina Faso nas grandes penalidades, o Egito atinge mais uma final, assim como os Camarões, que fizeram uma grande exibição frente ao Gana.
O segredo não está na idade, mas na experiência
Na primeira meia-final, o técnico do Burkina Faso, Paulo Duarte, sabia que enfrentava uma equipa que não tinha sofridos golos e que colocava na organização defensiva todo o seu labor. Por isso mesmo, parece-nos que a opção da equipa burquinense passou por, caso tivesse que sair de prova, o faria de pé. Apostando em Bancé na frente de ataque para criar um desafio mais físico aos centrais egípcios e lançando Nakoulma e Bertrand Traoré pelas faixas, o Burkina Faso teve sempre mais bola, apresentando-se também várias vezes perto da área egípcia com espaço para rematar. As decisões do momento do remate não eram, no entanto, as melhores, levando a que a ansiedade da equipa viesse ao de cima.
O Egito, por sua parte, limitava-se a esperar e, sempre que tinha a bola em seu poder, parecia tentar livrar-se dela o mais rápido possível, transformando uma frente de ataque numa espécie de formigas abandonadas que tentavam trabalhar para criar oportunidades sem realmente ter a solidariedade do resto da equipa. Ainda assim, foi num desses movimentos que, com Kahraba a conseguir trabalhar bem dentro da área e a assistir Salah que este fez o golo dos egípcios ao minuto 66. O Burkina Faso não baixou os braços e continuou a acreditar que poderia voltar a jogar uma final. E acabou por ser Bancé, ao minuto 73, o autor do golo que prolongava esse sonho. A partida foi para prolongamento e, ainda que os burquinenses se mostrassem mais afoitos, não se desfez o empate.
Na grandes penalidades, Koffi vestiu a pele de herói ao defender o remate de El Said, deixando o Egito em desvantagem. Mas no momento da decisão, as escolhas da seleção do Burkina Faso parecem ter sido incorrectas. Para marcar a quarta grande penalidade, Paulo Duarte escolheu o próprio Koffi, guarda-redes de 20 anos, que permitiu a El Hadary, de 44 anos, a defesa e o empate no marcador. Depois de Warda ter marcado o quarto golo do Egito, a escolha recaiu em Bertrand Traoré, de 21 anos, e com uma exibição algo frustrante, que acabou por não aguentar a pressão de permitir nova defesa ao veterano egípcio. O Burkina Faso tocou o céu, mas fica de fora da final.
Uma história completamente diferente
O mais lógico seria que em Franceville o Gana cumprisse com o mesmo guião que deu a final ao Egito. Afinal, Avram Grant tinha passado todo o campeonato a abdicar de uma equipa mais ofensiva, sempre esperando o erro do adversário. Ora, perante os Camarões, com muito boa organização e com um guarda-redes capaz de tudo parar, Ondoa, essa escolha acabou por não dar frutos.
A primeira parte foi bastante interessante, com os Camarões a provocarem as linhas mais recuadas do Gana que quase era obrigado a sair da sua casca. No entanto, denotava-se o pouco trabalho que os ganeses tiveram em termos ofensivos, esperando sempre que as suas individualidades provocassem desequilíbrios. Enquanto isso, do lado dos camaroneses, o facto de a equipa não merecer o crédito de ninguém parece ter unido mais os seus elementos.
O golo que deu vantagem aos Camarões surgiu ao minuto 72, com Ngadeu a aproveitar um erro defensivo dos ganeses na defesa de um livre marcado a partir da faixa direita. Só aí o Gana pareceu ter vontade de ir à procura do golo, com Avram Grant a colocar em campo Asamoah Gyan, apesar de estar estar visivelmente diminuído pela lesão sofrida no encontro frente ao Egito. Os Camarões conseguiram evitar o golo do Gana e praticamente na última jogada do encontro colocariam o marcador em 2-0, com Bassogog a finalizar um contra-ataque que leva a sua equipa a escrever história.
Libreville será assim palco de uma final que já aconteceu por duas vezes, em 1986 e 2008, sempre com vitória dos egípcios. Para Hugo Broos, esse será o desafio a ultrapassar.
Boas Apostas!