O título deste artigo poderia bem reporta-nos a 2002, ano em que Zinedine Zidane conquistou tudo o que havia para conquistar no plano internacional com a camisola do Real Madrid. Volvidos 14 anos, com função distinta mas também em Yokohama, “Zizou” voltou a sentar-se no trono do futebol mundial.
Zinedine Zidane assumiu o comando técnico do Real Madrid em janeiro de 2016, em vésperas do “Dia de Reis”. Um ano depois, os adeptos do Real Madrid constatam que dificilmente poderiam ter sido agraciados com melhor presente. Questione-se o(s) método(s), mas não se relativize o sucesso desportivo. A figura do treinador Zinedine Zidane tem honrado o legado deixado enquanto jogador na capital espanhola. A conquista do Mundial de Clubes no Japão, marcada por um sofrimento característico das conquistas recentes do clube, consumou o “triplete internacional”.
Milão, 28 de maio de 2016. Trondheim, 9 de agosto de 2016. Yokohama, 18 de dezembro de 2016. Três datas eternizadas na história do Real Madrid, emblema mais titulado à escala europeia. A conquista da “Undécima” frente ao rival Atlético de Madrid nas grandes penalidades, a vitória na final da Supertaça europeia frente ao Sevilha no último suspiro do prolongamento e o triunfo na “terra do sol nascente” ante o Kashima constituem o ano perfeito dos “Blancos”. No Japão como em Itália ou na Noruega, o Real teve que sofrer para sorrir.
O Mundial de Clubes tem o condão de colocar várias escolas futebolísticas em confronto, combatendo a confluência mediática do futebol europeu. Nesta edição 2016, o Kashima Antlers, convidado na condição de anfitrião/campeão japonês, fez história ao tornar-se na primeira equipa asiática a alcançar a final do torneio, deixando para trás Auckland City (2-1), Sundowns (0-2) e Atlético Nacional (0-3). A aposta da direção em Masatada Ishii, técnico japonês que interrompeu uma longa linhagem de técnicos brasileiros no comando do Kashima Antlers, orientou a equipa rumo ao encontro mais importante da sua história, contando com dois jogadores que passaram por Portugal no plantel: O japonês Mu Kanazaki, ex-Portimonense com quem teve um grave desentendimento em agosto, e Fabrício, brasileiro que também representou o emblema algarvio.
À imagem do que viveu nas duas finais internacionais anteriores, o Real Madrid não conseguiu resolver a questão no tempo regulamentar em Yokohama. Mérito do Kashima Antlers, equipa que no derradeiro duelo provou que o facto de se ter conseguido superiorizar ao Atlético Nacional na meia-final não foi obra do acaso. Rigoroso do ponto de vista táctico, defensivamente organizado de forma simples e eficaz (duas linhas bem definidas), eficiente a encurtar o espaço e a dificultar o processo de construção, a equipa japonesa exibiu-se com uma intensidade elogiosa. Para além da competência táctica, a força da equipa do ponto de vista emocional foi essencial para lutar olhos nos olhos com o campeão europeu – Karim Benzema marcou aos nove minutos e o adversário poderia ter-se desmoronado como um castelo de cartas, situação que não se verificou. Sempre com menos bola e a precisar de galgas mais metros, o Kashima aproveitou duas falhas defensivas do Real para passar para a frente do marcador com dois golos de Gaku Shibasaki (44′, 52′), vantagem que no entanto foi sol de pouca dura. Cristiano Ronaldo voltou a igualar a partida à passagem da hora do jogo e abriu caminho para um “hat-trick” histórico, consumado já no prolongamento (97′ e 104′). Dias depois de ter sido agraciado com a quarta bola da carreira, o astro português igualou um feito apenas almejado por Pelé até à data, “santista” que marcou três golos ao Benfica na decisão da Taça Intercontinental em outubro de 1962. Cristiano Ronaldo figura igualmente no top de marcadores do Mundial de Clubes, com os mesmos cinco tentos que Luís Suárez, Leo Messi e César Delgado.
Para “Zizou”, ver os seus pupilos levantarem o troféu representou um recuo no tempo até 2002, ano em que conquistou o “triplete internacional” como jogador. Agora, juntou-se a Luis Cubilla, Carlos Ancelotti e Juan Mujica no grupo de entidades que lograram este feito enquanto jogadores e posteriormente treinadores. Em 114 anos de história, o Real Madrid nunca chegados aos 26 jogos oficiais sem uma única derrota – dados “Marca”.
Boas Apostas!