RD Congo – Gana (Taça das Nações Africanas 2017)

A cidade de Oyem receberá o jogo mais intrigante destes quartos-de-final da Taça das Nações Africanas. Isto porque a República Democrática do Congo se mostrou superior aos seus rivais no Grupo C, ainda que não apresente no seu grupo de jogadores nomes de grande impacto no futebol internacional. Por sua vez, o Gana parece ser exatamente o contrário, com um plantel forte, um técnico que já venceu a Liga dos Campeões Europeus, mas três jogos em que nunca chegou a convencer, nem mesmo quando dominou largos períodos dos encontros. Não se chega a perceber se as fragilidades de um são suficientes para escapar às forças de outro, num jogo que pode ser de tripla mas pode, também, ser o da grande surpresa a caminho das meias-finais.

Quem se arrisca a apostar contra a República Democrática do Congo? Estamos a falar de uma seleção que há dois anos atrás atingiu as meias-finais e que entrou na presente edição da CAN exatamente com esse plano mental, de conjunto que joga para vencer e assumir a sua condição de favorito. No entanto, hesitamos bastante em o considerar assim, sobretudo porque no seu plantel não existem propriamente referências sólidas. Esse é o grande feito de Florent Ibenge, o técnico congolês. Numa conjugação de atletas que atuam localmente ou em ligas menores, com dois ou três jogadores que têm uma carreira mais assente em países competitivos da Europa, a RD Congo continua a somar. Kabananga é o nome mais falado, tendo marcado em todos os encontros. Foi dele o tento da vitória perante Marrocos, tendo voltado a marcar no empate com a Costa do Marfim, onde Kebano foi o autor do primeiro golo, e na vitória perante o Togo, na última jornada, complementada com golos de Mubele e M’Poku.

Onze Provável: Matampi – Ikoko, Bokadi, Tisserand, Issama – Mbemba, Maghoma – Kabananga, Kebano, Mubele – Mbokani.

O Gana não convenceu ninguém na fase de grupos. Apesar de ter sido uma das primeiras equipas a garantir o apuramento para os quartos-de-final, depois de ter vencido na jornada um e dois, a seleção ganesa não esconde o facto de ter a face de Avram Grant no seu ADN. O treinador israelita tem o melhor plantel ao seu dispor nesta prova, com várias opções para cada uma das posições. No entanto, quer frente a Uganda, quer frente a Mali, os ganeses limitaram-se a chegar ao golo, expondo-se ao sofrimento e ao risco de não conseguir terminar na frente. Com o Uganda, o golo foi obtido através de grande penalidade, por André Ayew, num jogo onde a segunda parte foi um autêntico suplício para as Black Stars. Frente ao Mali, com uma primeira parte de bom nível, onde chegou ao golo através de Asamoah Gyan, a equipa voltou a baixar linhas para defender a magra vantagem. Já na última jornada ficou algum estranhamento pela estratégia do treinador. Com o apuramento garantido e anunciando não se importar de ficar em segundo lugar, Avram Grant acabou por lançar um onze muito próximo do mais forte, expondo os seus jogadores a situações de risco. Gyan acabou, mesmo, por sair lesionado, estando em dúvida para o jogo deste domingo. A equipa acabou por perder frente ao Egito e terá agora que defrontar a imprevisível seleção congolesa.

Onze Provável: Razak Brimah – Afful, Amartey, Mensah, Acheampong – Partey, Badu – Atsu, Wakaso, André Ayew – Jordan Ayew.

Estas seleções já disputaram duas finais. Na CAN de 1968, com a equipa congolesa a vencer o título, e na CHAN 2009, uma vez mais, com vitória para os homens da RD Congo.

Num jogo onde a experiência dos ganeses pode acabar por ser decisiva, a RD Congo terá uma boa oportunidade de voltar a jogar umas meias-finais, caso cumpra com o nível que vem demonstrando.