Rafael Nadal – Kei Nishikori (ATP Masters Montreal)
Um dos duelos mais chamativos dos quartos de final do Masters de Montreal. Muita coisa mudou desde as últimas vezes que estes dois se encontraram, na primeira metade de 2014. De número dois mundial Rafa Nadal escorregou para nono e é agora o japonês o tenista mais cotado, na quarta posição do ranking. Kei Nishikori nunca venceu o espanhol mas desta vez é ele o favorito. Kei leva um registo impressionante de vitórias em piso rápido esta temporada.
Já não é novidade para ninguém a temporada de altos e baixos que Rafa Nadal tem vindo a sofrer. O espanhol ainda a fazer uma espécie de travessia do deserto, à procura do que possa vir a ser em court depois de uma década de domínio absoluto. Depois de mais uma passagem desencorajadora em Wimbledon, onde foi eliminado na segunda ronda pela sua besta negra – o alemão de origem jamaicana Dustin Brown (7-5, 3-6, 6-4, 6-4) – Nadal regressou à terra batida, o seu lugar de conforto, para recuperar sensações. E resultou na conquista do seu terceiro título do ano, em Hamburgo, batendo Fabio Fognini, outro que tem sido uma pedra no sapato do menorquino em tempos mais recentes (7-5, 7-5). Foi animado por esse sucesso que chegou a Montreal e as suas exibições têm deixado muito boas indicações. Claro que podemos argumentar que tanto Sergy Tarkhovsky (7-6, 6-3) como Mikhail Youzhny (6-3, 6-3) não são adversários de primeira linha. Mas a forma compenetrada, sem oscilações, como se bateu lembrou o Nadal dos melhores momentos, com confiança para lutar por cada bola até ao limite físico.
Sem dúvida, defrontar Kei Nishikori será um desafio de outro nível. Muito mais recursos, confiança lá em cima e uma entrega física incomum, são as marcas do japonês, com as quais Nadal está familiarizado. O tenista nipónico está a ter um ano muito bom. Em 2015 já conquistou três troféus, o último dos quais na semana passada, em Washington. Na capital norte-americana precisou de ser um guerreiro para superar o gigante John Isner (4-6, 6-4, 6-4). Dada a diferença de estatura entre ambos é nestes duelos que Kei fica mais exposto. Os outros títulos foram em Memphis (bateu Kevin Anderson por duplo 6-4) e Barcelona (derrotou Pablo Andujar pelo mesmo resultado), o que significa duas provas da série ATP 500 e uma de 250. Isto para não falar nos quartos de final dos dois torneios do Grand Slam já disputados – Austrália e Roland Garros –, Acapulco, onde foi finalista vencido, e outras quatro meias finais ao longo da época, o que justifica a ascensão ao quarto posto do ranking.
Nishikori ultreapassou Pablo Andujar (6-3, 6-3) e David Goffin (duplo 6-4) nas rondas anteriores para chegar a estes quartos de final. Com o triunfo sobre o belga conquistou a sua vigésima sétima vitória do ano em piso sintético, uma marca impressionante. Apenas cedeu seis partidas nesta superfície de janeiro para cá. Este registo é ainda mais significativo se o compararmos com o de Nadal no mesmo período (11 V/ 5D). Não é apenas a percentagem de sucesso que importa aqui, o espanhol jogou muito pouco em piso sintético. Contudo, se compararmos o saldo de vitórias e desaires do ano, para cada jogador, verificamos que mesmo em ano de crise profunda o espanhol a diferença é residual. Nishikori leva quarenta e seis partidas ganhas e dez perdas, Nadal quarenta e três e treze.
| 2014 | Masters de Madrid | Nadal | 1 | 2 | 6 | 3 | F | |||
| Nishikori | 0 | 6 | 4 | 0 | ||||||
| 2014 | Open da Austrália | Nadal | 3 | 7 | 7 | 7 | R16 | |||
| Nishikori | 0 | 6 | 5 | 6 | ||||||
| 2013 | Roland Garros | Nadal | 3 | 6 | 6 | 6 | R16 | |||
| Nishikori | 0 | 4 | 1 | 3 | ||||||
| 2012 | Masters de Miami | Nadal | 2 | 6 | 6 | R16 | ||||
| Nishikori | 0 | 4 | 4 |
A última vez que se defrontaram foi na final de Madrid, em 2014, que Nadal venceu por abandono de Nishikori, por lesão. A anterior tinha sido também nesse ano, no Open da Austrália. O espanhol venceu todos os sete embates entre ambos mas agora o cenário mudou substancialmente. Será desta que o japonês prevalece?
