Monte Carlo não é só Monte Carlo. Mais do que um torneio é o tiro de partida que inaugura a temporada de terra batida. São seis semanas de antecipação, entre Monte Carlo, Madrid e Roma, percorrendo a via sacra que conduz ao court central de Roland Garros. Para perceber quem está melhor e como se alinham os candidatos.

Dito isto o torneio monegasco vale por si e esta edição promete bons momentos de ténis. Rafa Nadal, cujo reinado foi interrompido no ano passado por Novak Djokovic, vai tentar conquistar a sua nona coroa em Monte Carlo. O sérvio, por seu turno, está com a confiança em alta e não vai querer ser destronado. Será desta que Nole destrona o espanhol?

O ataque ao rei

Nadal Terra Batida

Nadal domina a terra batida

As opiniões são unânimes, Rafael Nadal continua a ser o melhor tenista neste tipo de piso. É o melhor jogador de todos os tempos em terra batida, os títulos não permitem qualquer sombra de dúvida. É verdade que ainda lhe faltam quatro para igualar o record de quarenta e seis troféus de Guillermo Vilas. Mas já bateu o antigo jogador argentino no maior número de vitórias consecutivas nesta superfície – oitenta e uma para Nadal, cinquenta e três para Vilas. E no que respeita ao Open de Paris, nem sequer há comparação possível. Foi, até hoje, o único a conseguir vencer o quarteto das provas maiores do circuito de terra batida e já está dois acima da marca mítica de Bjorn Borg em Roland Garros. As reservas quanto à sua melhor forma física, de que o seu ténis tanto depende, tornam-no mais humano e portante passível de ser batido. Mas Nadal é uma força da natureza e a sua capacidade de resiliência deixam antecipar que as contas estão longe de estar fechadas. O sorteio é sempre favorável ao líder mundial e como tal Nadal não deve encontrar dificuldades, pelo menos até aos quartos de final, a partir dos quais se poderá cruzar com o amigo David Ferrer, Wawrinka ou Milos Raonic.

Na linha de sucessão

Com as vitórias consecutivas em Indian Wells e Miami, Novak Djokovic deu um passo de gigante para reduzir a distância para o número um mundial, Rafa Nadal. Um reforço de confiança importante, agora que se aproxima a etapa em que o espanhol é dominante. Depois de ter contado com Marian Vadja no camarote, em ambos os torneios americanos que venceu, é tempo de fazer regressar Boris Becker ao seu staff de apoio. A sua abordagem à terra batida também será significativamente diferente, concentrando-se no jogo a jogo, sem se deixar obcecar pela meta. “No ano passado dediquei muita energia – mental, física e emocional – em ganhar esse título (Roland Garros). O que prejudicou bastante os torneios que o antecederam. Desta vez será diferente”. O sérvio ganhou os últimos quatro torneios Marsters 1000 e estará a planear chegar ao quinto. Espera-se que as três primeiras rondas em Monte Carlo sejam para cumprir calendário. Nas meias o mais provável é que se bata com Federer pelo acesso à final. Apesar de ainda ter uma ligeiríssima desvantagem nos confrontos diretos (17-16), o sérvio é favorito já que venceu quatro dos últimos cinco desafios entre ambos.

Dois suíços à espreita

Roger Federer, que esteve ausente nas últimas duas edições, vai estar presente e será interessante ver até que ponto consegue manter a boa forma evidenciada desde que se juntou a Stefan Edberg. Se Nadal não se tivesse atravessado no caminho, Federer estaria hoje no pódio dos melhores jogadores de terra batida de todos os tempos. O suíço tem uma percentagem de vitórias de 77% neste piso e onze títulos conquistados na carreira. No Mónaco não terá dificuldades em passar por Fabio Fognini e Tsonga, os adversários que se alinham até às meias-finais. Aí a coisa aperta com o quase certo embate frente a Djokovic.

O suíço que se segue, Stanislas Wawrinka, começou 2014 ao rubro, conquistando o seu primeiro Grand Slam na Austrália. De lá para cá o ânimo refrescou um pouco. Embora não tenha ido além dos oitavos tanto em Miami como Indian Wells convém ter em conta que a terra batida é o seu melhor piso. Mas o sorteio não lhe foi favorável e não se adivinha que Stanislas venha a ter um único jogo fácil. Logo na primeira ronda esperam-no Cilic ou Verdasco, e se resistir segue-se Tommy Robredo. Na eventualidade de superar estas provas é com Nadal que se terá que haver, nas meias-finais.

Boas Apostas!