Ténis – Chegamos às meias-finais do Masters de Miami e, com todo o respeito para Kei Nishikori e Tomas Berdych, tudo parece encaminhado para mais uma final Nadal vs Djokovic. Até lá, teremos certamente ténis ao mais alto nível. O espetáculo está garantido ao sol da Califórnia.
Nadal não facilita
Rafael Nadal chegou a Miami determinado a compensar pela eliminação precoce em Indian Wells. Como n.º 1 mundial, Rafa teve um percurso sem obstáculos de maior, mas ele nunca facilitou. Este é um dos torneios que nunca venceu e todos sabemos que já lhe faltam poucos. Despachou Lleyton Hewitt (6-1, 6-3), Denis Istomin (6-1, 6-0) e Fabio Fognini (6-2, 6-2) nos dois sets da praxe, perdendo apenas 9 jogos. Como o próprio reconheceu, no final do encontro com o Italiano, “estive muito concentrado e sólido no serviço. Fiz muito poucos erros e tentei ganhar os pontos à primeira oportunidade”.
Finalmente, no encontro dos quartos-de-final, Nadal encontrou alguma resistência. O espanhol precisou de duas horas e meia para levar de vencido o canadiano Milos Raonic (6-4, 2-6, 6-4), depois de ter perdido o primeiro set. A principal arma de Raonic é o serviço poderosíssimo mas não conseguiu evitar a quinta derrota nas cinco vezes que defrontou o líder do ranking ATP. Rafa, quando está bem fisicamente, é um jogador cada vez mais completo e tem estado a bom nível em Miami, não só no serviço – médias que rondam os 70% no primeiro serviço e 80% no segundo – como na resposta. Nas meias espera-o Tomás Berdych. O checo de 28 anos subiu ao 5º lugar do ranking com a passagem às meias-finais do Open de Miami. Depois de passar por John Isner e Alexander Dolgopolov não podia estar mais motivado para quebrar a série de 16 derrotas consecutivas frente a Rafa Nadal.
Nishikori desafia os grandes
Na outra meia-final estarão Novak Djokovic e Kei Nishikori. A presença do Japonês nesta fase do torneio só surpreende os mais distraídos. É certo Roger Federer, desde que tem Stefan Edberg por trás, se tem revelado em grande forma e embalado para voltar aos lugares do top 4. Mas não podemos esquecer que Nishikori não só bateu David Ferrer para chegar aqui, rebatendo quatro match points, como se tem revelado um adversário temível para o Suíço. Em três encontros disputados entre ambos Kei só por uma vez deixou escapar a vitória. Federer venceu com alguma facilidade o primeiro set (6-3) e, provavelmente, pensou que a coisa se ia resolver rapidamente. Mas isso não estava nos planos do aguerrido Nishikori que lutou muito para conseguir quebrar o adversário, e ídolo, nos dois sets seguintes. O ténis do Japonês é muito físico, o que resulta às mil maravilhas com Federer. Vai ser interessante ver que outras armas pode trazer a jogo diante de Novak Djokovic, cuja resistência física é quase lendária.
Será desta que o Sérvio quebra com os altos e baixos da época e começa a mostrar resultados mais consistentes? Talvez a visível reaproximação entre ele e o seu treinador de sempre, Marian Vajda, tenha alguma influência na vitória em Indian Wells e as boas exibições em Miami até ao momento. Como dizia há dias Mats Wilander, Boris Becker foi um dos tenistas mentalmente mais fortes, não só da sua geração mas de todos os tempos. Foi para ajudar Novak a lidar com algumas “ausências” em encontros decisivos que o Alemão se juntou à comitiva, passando o Eslovaco a desempenhar um papel secundário e menos presente. A adaptação à nova equipa técnica criou alguma instabilidade mas todos esperam que dentro em pouco o Sérvio comece a colher os dividendos. Djokovic fez o seu caminho com segurança e a única surpresa veio nos quartos-de-final, frente ao campeão em título, Andy Murray. Não pelo resultado em si mas a maioria de nós esperava uma luta mais prolongada. O Escocês parece estar livre das limitações físicas e mostrou-se a grande nível, provavelmente o melhor que o vimos fazer desde Wimbledon. Mas Novak serviu quase na perfeição. É natural que a polémica decisão do árbitro sobre o vólei de Djokovic sobre a rede tenha desestabilizado Murray mas o Sérvio foi sempre mais forte.
Rezemos aos deuses para que livrem estes quatro de maleitas. Um embate Nadal-Djokovic é mais provável e se ambos estiveram nas melhores condições pode muito bem ser épico. Mas a intromissão de Berdych ou Nishikori neste quadro será também muito bem recebida.
Boas Apostas!