Um PSG habituado a ser predominante em todas as competições caseiras está ainda por se destacar nas competições europeias, com este embate contra o Barcelona a poder destacar se esta época de mudança está, ou não, a dar certo.

Mais de que um lugar nos quartos de final em jogo

Irá o PSG conseguir ir além destes oitavos de final?

Irá o PSG conseguir ir além destes oitavos de final?

Na competição de elite da Europa, onde estão agora as melhores 16 equipas que ingressaram na Fase de Grupos, surge agora a primeira verdadeira prova de fogo para Unai Emery, um encontro que se pode revelar numa espécie de missão de salvamento tanto para o clube como para o treinador, havendo mais que um lugar nos quartos de final em risco.

Unai Emery está nos comandos da equipa desde Junho mas precisa que o PSG leve a melhor sob o poderoso Barcelona, de modo a acabar com as dúvidas em relação aos seus métodos de treino e em quanto à sua capacidade de encarar situações mais exigentes. Por esta altura, no ano passado, o PSG pensava que tinha provado ser um dos gigantes europeus ao derrotar o Chelsea em França e em Inglaterra. Contudo, a equipa de Paris rapidamente desceu do pedestal em que se colocou ao ser eliminada pelo Manchester City nos quartos de final, o director executivo do PSG a descrever essa derrota como o ponto mais baixo do seu reinado.

Desde 2011, altura em que foi impulsionado pela Autoridade de Investimento do Qatar, o PSG venceu nove grandes troféus em França, incluíndo quatro campeonatos consecutivos, mas nunca conseguiu ir além dos quartos de final da Liga dos Campeões. Se formos a comparar, o Chelsea chegou às meias finais três vezes e foram finalistas uma vez nos primeiros 5 anos que Roman Abramovich comprou a equipa. Com a derrota do ano passado às mãos do City, a direcção da equipa parisiense teve a impressão que estava a andar para trás. “Foi a primeira vez que tive a sensação de derrota, não por perdermos nos quartos de final, mas pela forma como perdemos”, disse o presidente Nasser Al-Khelaifi antes de anunciar que iria fazer grandes mudanças. Este jogo contra o Barcelona irá revelar o quão bem essas mudanças estão a correr.

3 níveis de mudanças

Unai Emery tem agora um encontro muito importante em cima dos ombros.

Unai Emery tem agora um encontro muito importante em cima dos ombros.

As mudanças ocorreram em três níveis. Unai Emery substituiu Laurent Blanc como treinador principal, Patrick Kluivert foi contratado como director desportivo, e uma renovação de jogadores, com Zlatan Ibrahimovic e David Luis a saírem e com vários jogadores a entrarem – quatro no verão e outros três em Janeiro. Durante o último mês houve indícios de que essas mudanças estão a dar frutos, mas existe ainda uma hipótese das coisas voltarem a azedar nesta fase crítica do crescimento do clube. Isto, porque o PSG venceu 10 dos últimos 11 jogos, com o único jogo que falharam em vencer a ser o mais importante, o empate de Janeiro com a recepção ao AS Monaco por 1-1, com os monegascos no bom caminho a roubarem-lhe o título de campeão francês.

Esse golo concedido em já em tempo de compensação contra o Monaco provou que, quando pressionado e encostado à parede o PSG tende a ceder e a tropeçar. Terminar abaixo do Arsenal de Arsène Wenger no Grupo A da Liga dos Campeões, apesar de ter jogado melhor futebol que os Gunners nas duas mãos, foi também decepcionante.

PSG de estilo híbrido

Cavani apontou 33 golos nos últimos 31 jogos consecutivos.

Cavani apontou 33 golos nos últimos 31 jogos consecutivos.

A riqueza do PSG não pode comprar mais tempo a Unai Emery. Pelo contrário. O técnico espanhol alterou o estilo de jogo do PSG, mas não tanto quanto gostaria. Depois de uma derrota embaraçosa contra o Toulouse, em Setembro, Thiago Silva e Maxwell reuniram-se com o treinador e discutiram em moderar a velocidade destas mudanças no tipo de jogo da equipa. O resultado foi um PSG híbrido. Uma mistura do estilo de jogo de Emery com a formação habitual de Laurent Blanc, o que dá a ideia de que o treinador espanhol ainda não tem todos os jogadores que quer, embora a janela de transferências de Janeiro tenha trazido um certo tipo de esclarecimento quanto aos requerimentos de recrutamento, com Kluivert a mostrar-se mais influente que Oliver Létang, antigo director desportivo.

Julian Draxler foi a contratação chave de Janeiro e, apesar da sua má forma no Wolfsburg antes de chegar a Paris, o jogador teve um grande impacto e está praticamente como titular assegurado contra o Barcelona. A questão é mesmo onde? Unai Emerey parece querer lançar o alemão atrás de Cavani, num 4-2-3-1, mas o problema é que muitos dos jogadores que o espanhol herdou parecem mais confortáveis a jogarem em 4-3-3, o que implica lançar Draxler para uma das linhas, reduzindo a criatividade no centro do terreno.

O facto de Thiago Motta estar fora nesta 1ª mão, castigado, e de Blaise Matuidi parecer estar em forma decrescente durante maior parte da temporada, pode obrigar o treinador a testar os seus instintos mais aventureiros. Um ponto positivo foi o forte regresso de Marco Verratti, depois da lesão, no jogo de sexta-feira contra o Bordéus mas, mesmo com o talentoso italiano, o PSG precisa de mais jogadores criativos no meio-campo, especialmente depois da condição física de Javier Pastore ser duvidosa após mais algum tempo fora das quatro linhas, por lesão. Dar uma posição no centro do terreno a Draxler permite o PSG lançar Di María e Lucas Moura nas linhas, uma opção aliciante dada a recente forma ascendente de Di María. Isto seria uma jogada ousada, e ainda mais ousada poderia ser se Emery lançasse os seus laterais mais agressivos, Serge Aurier e Kurzawa, ao invés dos mais estáveis Thomas Meunier e Maxwell.

Existe ainda outra decisão que o técnico espanhol precisa de tomar quanto ao escolhido a defender a baliza parisiense. Tanto Areola como Kevin Trapp têm estado aquém das expectativas esta temporada e isso poderá convencer Emery de que ultrapassar o Barcelona no poder ofensivo é a solução mais segura. Especialmente se for confirmada a ausência do capitão, e líder da defesa, Thiago Silva, por suposta lesão no último treino.

Isto tudo leva-nos inevitavelmente a Cavani. Emery poderá lamentar, um pouco como Pep Guardiola em relação a Sergio Aguero, que o avançado não se enquadra no plano global da equipa como o treinador desejaria, o que não o torna directamente um herdeiro digno do trono parisiense de Ibrahimovic. Além disso, Cavani continua a desperdiçar algumas oportunidades claras de golo – ainda que esteja no ponto mais alto da sua carreira como finalizador. Os dois golos soberbos apontados na sexta-feira elevaram a sua conta pessoal para 33 golos em apenas 31 jogos disputados, o que põe no caminho certo a bater o recorde imposto por Ibrahimovic na última temporada.

Cavani teve que esperar até ao clube de Paris entrar nesta fase de transição para conseguir este papel na equipa que tanto desejava. Agora que o tem poderá lançar-se numa carreira emocionante como ponta de lança do clube.

Boas Apostas!