O Fórum Grimaldi voltou a ser palco do sorteio da mais importante prova de clubes do “velho continente”. Local do costume, vários protagonistas com pergaminhos nestas lides e a definição de duelos que se adivinham altamente aliciantes. Sport Lisboa e Benfica e Futebol Clube do Porto – clientes habituais da prova que contam com duas conquistas cada um – são os representantes portugueses em prova. Não podem queixar-se da sorte, visto que o sorteio poderia ter sido bem menos simpático para “águias” e “dragões”. Tanto na capital como na Invicta, haverá lugar a reencontros.
SL Benfica
Benfica tem grupo muito competitivo pela frente.
O Benfica, enquanto detentor do título português, teve direito a integrar o pote 1 – reservado aos campeões dos países com melhor ranking “UEFA” e ao campeão europeu. No segundo pote, Real Madrid, Arsenal e Manchester City perfilavam-se como os adversários a evitar. O Atlético de Madrid, não figurando nesta lista, é igualmente uma equipa muito forte. Assume-se como principal candidata à vitória no grupo C. A “encarnados” e “colchoneros” junta-se o Galatasaray, representante turco na Liga “Milionária” que tem capacidade para se intrometer na luta pelo acesso aos oitavos-de-final. O Astana, estreante absoluto na competição e primeira equipa cazaque a marcar presença na fase de grupos, é o “parente pobre”. A viagem entre Lisboa e a capital do Cazaquistão é a mais longa de sempre em provas da UEFA, facto que marca desde já este duelo entre Benfica e Astana.
À semelhança do que aconteceu na última época, o Benfica está inserido num grupo equilibrado. São quatro equipas fortes em casa, sendo que mesmo o Astana revela uma grande força a jogar perante os seus adeptos. Na ronda preliminar, somou os três jogos disputados em casa por vitórias, batendo Maribor, HJK e APOEL. Única equipa do grupo C que disputou a fase preliminar da competição, eliminou o APOEL de Domingos Paciência no “play-off”. os cipriotas gozavam, até então, de um aproveitamento de 100% nesta ronda: Chegados à ronda preliminar decisivam, nunca haviam falhado a qualificação para a fase de grupos. Só perderam um dos seis jogos disputados na ronda preliminar, frente ao Maribor, na estreia.
O Atlético de Madrid renasceu às mãos de Simeone. Recentemente campeão espanhol e finalista da Liga dos Campeões, os “Colchoneros” atravessam uma das melhores fases da sua história recente e são um conjunto capaz de atemorizar qualquer adversário à escala continental. Não deixando de dar relevo à saída do “mago” Arda Turan, o Atléti reforçou-se devidamente ao recrutar jogadores como Jackson Martínez, Vietto, Ferreira-Carrasco e Filipe Luís. Na Luz e no Vicente Calderón, haverá lugar a vários reencontros: Oblak, Siqueira e Tiago, ex-Benfica, vestem agora a camisola do clube madrileno. Embora do outro lado da barricada durante a estadia em Portugal, também Jackson Martínez e Óliver Torres regressam à Luz, palco no qual jogaram recentemente. O avançado Raúl Jiménez, que se transferiu este verão do Atlético para o Benfica, é mais um jogador que protagoniza um reencontro.
O bicampeão português defrontou o campeão turco Galatasaray pela última vez na temporada 2008/09. O Gala venceu na Luz por 0-2 em jogo respeitante à Taça UEFA. Dado o formato da fase de grupos, na altura só se disputava um encontro entre equipas inseridas no mesmo grupo. Desta feita, o Benfica de Rui Vitória terá que viajar até Istambul para enfrentar um dos ambientes mais quentes no panorama europeu. Sneijder é a principal figura do emblema que equipa de laranja e amarelo.
Por ser o elemento menos conhecido deste mesmo grupo, mais que o fabuloso Atlético de Simeone ou o perigoso Galatasaray, merece-nos uma pequena introdução quanto à respetiva história: O FC Astana, campeão cazaque, é um fenómeno recente naquele futebol. Fundado em 2008 como “Lokomotiva Astana”, daí para cá alterou o “naming” (2011) e o emblema (2014). Segundo o diretor desportivo do clube, o projeto pretende dar maior projeção à capital e ao próprio país em contexto futebolístico. É financiado por uma das maiores empresas do país e o presidente da República é presidente honorário do clube. O maior talento desta equipa é Nemanja Maksimovic, internacional pelas camadas jovens da Sérvia.
Não se sabe se a “águia” voará alto em termos desportivos, mas certo é que será obrigada a protagonizar voos de longo curso nas deslocações aos terrenos de Galatasaray e Astana.
FC Porto
Casillas está de regresso à Champions!
No Grupo G, Chelsea e FC Porto são os mais fortes candidatos à passagem aos oitavos-de-final. O Dínamo de Kiev e o Maccabi, sobretudo a jogar em casa, até poderão baralhar as contas do apuramento, mas o favoritismo recai sobre londrinos e portuenses. Os “dragões” são a única equipa que não é campeã neste mesmo grupo.
Mourinho regressa ao Porto na fase de grupos da Liga dos Campeões, troféu que conquistou naquela casa há 11 anos. O “seu” Chelsea, campeão inglês, é o mais forte candidato à passagem na “pole”. Além do reencontro com o FC Porto, Mourinho volta a cruzar-se com o guarda-redes espanhol Iker Casillas, atleta que relegou para o banco de suplentes nos seus tempos em Madrid. Este duelo já faz correr muita tinta em Espanha.
O Dínamo de Kiev é também uma equipa ligada ao FC Porto no passado recente. Atual campeão ucraniano, cruzou-se com o clube da Invicta nas temporadas 2008/09 e 2012/13. A formação onde militam Miguel Veloso e Antunes é, no plano teórico, mais frágil que o FC Porto. A deslocação a Kiev será um duro teste, mas os “dragões” costumam dar-se bem com os ares ucranianos, isto tendo em conta até o último duelo frente ao Shakhtar Donetsk na Liga dos Campeões.
Os israelitas do Maccabi Tel Aviv tiveram que ultrapassar três pré-eliminatórias até chegarem à fase de grupos, patamar que não alcançavam desde 2004/05. No “play-off”, surpreenderam a Europa do futebol ao relegar o Basel para fora da prova – empate a dois na Suíça; 1-1 em Israel. É uma equipa cuja base se mantém em relação à última temporada e tem no israelita Eran Zahavi a sua principal figura, jogador que atravessa uma grande momento de forma. Capazes de criar eventuais dificuldades a jogar em casa, seria uma enorme surpresa revelarem capacidade para seguir em frente. É, à partida, a equipa mais frágil do grupo.
Veredicto
Benfica e Porto têm condições para seguir em frente.
Os homens de Rui Vitória – em estreia na Liga dos Campeões – parecem ver-se a braços com uma missão ligeiramente mais exigente que aquela em que o Porto se debaterá. Mais uma vez, integram um grupo equilibrado. O mínimo exigível é a qualificação para a Liga Europa, embora o objetivo passe seguramente por marcar presença nos oitavos-de-final. Nas últimas três participações o Benfica nunca foi capaz de avançar para a fase a eliminar, registo que os benfiquistas ambicionam ver contrariado. Iniciarão a fase de grupos com um jogo ideal para “arrancar: Na Luz, diante do Astana.
O Porto, orientado por Lopetegui, quer voltar a ir longe na Liga “Milionária”. Se, por um lado, o percurso portista na passada edição da prova fica manchado pela goleada sofrida em Munique, a verdade é que voltar a alcançar os quartos-de-final já constituiria uma excelente prestação. Atacar a “pole” será difícil dada a presença do Chelsea, mas existem todas as condições para seguir para os “oitavos”. Não terá a melhor das estreias: Desloca-se a Kiev, capital ucraniana, isto precisamente na semana que antecede o “clássico” com o Benfica no Dragão.
