A frase é batida: “santos da casa fazem milagres”, e poderá aplicar-se perfeitamente a Fernando Santos, seleccionador de Portugal. Por ventura a palavra “milagre” é muito forte, e por ventura adapta-se muito mais à conquista do Euro 2016, do que propriamente a esta 1ª edição da Liga das Nações. Mas, ambas as conquistas têm um denominador comum, de seu nome Fernando Santos. O engenheiro está a fazer história na seleção das quinas, e sobretudo está a cumprir a sua missão que passava por conquistar títulos. Há muito que a seleção Portuguesa joga bonito, ganha em posse de bola, em oportunidades de golo, mas no final tem acabado por “morrer na praia” invariavelmente, ou não nos recordássemos da final do Euro 2004 que preparamos, com tanto carinho, para entregar de bandeja para a Grécia. Esses tempos tiveram um ponto final no Euro 2016, e permanecem, agora com a conquista da Liga das Nações.
Quando a “alta engenharia” não resulta…
Fernando Santos é conhecido como o engenheiro, até já apelidado por engenheiro do penta, a quando da sua passagem pelo FC Porto. De facto é área, e por vezes “inventa” como se viu no último jogo com a Suíça. Nesse encontro desenhou e projectou um losango que não tinha aparência de funcionar, e que Portugal confirmou isso na prática. Rúben Neves, como pivot defensivo ainda é compreensível, mas encostar William Carvalho e Bruno Fernandes, como interior esquerdo e direito, respectivamente, foi algo quase inimaginável. Como se não bastasse, a cereja em cima do bolo foi a colocação de Bernardo Silva a 10. Claro que o jovem prodígio não sabe jogar mal e isso disfarça um maior desajuste à sua posição… A verdade é que Portugal não teve dinâmica e foi Cristiano Ronaldo a resolver os “erros de Fernando Santos”. A vitória por (3-1) foi muito melhor que a exbição, mas temia-se que Portugal levasse o mesmo projecto para defrontar a Holanda.
Felizmente, uma das melhores características de Fernando Santos é a sua leitura dos jogos, e sobretudo perceber quando erra. Para o jogo da final, o engenheiro decidiu desligar o “complicómetro” e não inventou. Foi fiél ao modelo de jogo que está enraizado na seleção há muitos anos, e que raramente deixa os técnicos ficarem mal. Assim, o 4-3-3 voltou, e com ele William Carvalho e Bruno Fernandes que passaram a jogar nas suas posições de origem, e ainda houve engenho para dar assas à armada lusa, com Gonçalo Guedes e Bernardo Silva, no apoio a Cristiano Ronaldo. Simples, eficaz e com resultados práticos à vista. Portugal foi muito mais dinâmico, agressivo, muito mais coeso defensivamente, e no final do primeiro tempo a diferença de remates estava em (12-1).
É caso para agradecer a Fernando Santos todas estas correcções que deram outra vida ao futebol da seleção nacional, e que a colocou, naturalmente mais perto da vitória.
O que leva Portugal a vencer?
Pode gostar-se ou não da forma de trabalhar de Fernando Santos, que em muitos jogos vemos uma seleção a praticar um futebol mais mastigado, menos exuberante, mas na hora das decisões, a seleção das quinas não tem falhado, pelo menos com Fernando Santos ao leme. É algo factual, mas também nos podemos questionar se temos realmente uma seleção tão forte, como quando tivemos a geração de ouro? Sim podemos e devemos, e até não teremos tanta classe, mas temos um jogador que faz toda a diferença, como Cristiano Ronaldo, mas ele é apenas uma parte da equação, senão vejamos…
Já são habituais as entrevistas que Fernando Santos dá, no final das conquistas, como no Euro 2016, e desta vez não foi excepção. Todos estamos recordados pela fé inabalável de Fernando Santos, no Euro 2016, e até das revelações que foram feitas sobre a conversa entre Fernando Santos e Éder, o herói da final. Pois bem, num entrevista dada à RTP, um dia depois da conquista da Liga das Nações, ficamos a perceber mais um pouco do que está por detrás destes sucessos. São frases como estas que mostram a união de grupo e o espírito que reina na seleção: “Sinto no rosto deles uma alegria enorme em vir à seleção, o Cristiano disse isso”. Fernando Santos ainda referiu o que proferiu Danilo Pereira que nesta selecção ningém se importa de ser suplente. Poderá custar acreditar nisto, mas se percebermos o trabalho que Fernando Santos faz, é bem provável que assim seja. Éder foi sempre suplente e foi o herói no Euro 2016. E nesta final foi Gonçalo Guedes que deu a vitória, depois de ter ficado no banco, no jogo anterior. A verdade é que os jogadores respondem bem, dentro das quatro linhas, joguem a titular ou vindo do banco.
Portugal tem ganho dentro das quatro linhas, mas há todo um trabalho, fora das 4 linhas, que convém ir conhecendo, para mais facilmente percebermos porque começamos a ganhar e a nos afirmar no panorama do futebol mundial.
Boas Apostas!