Há vinte anos, desde que há quartos de final do no Euro, Portugal não falha uma. Com grandes equipas e outras menos vistosas, com dramatismo q.b. e o sofrimento habitual foi-lhe ganhando o gosto. Em 96 e 2008 ficou por aqui. Mas nas restantes três ocasiões a equipa das Quinas chegou à semifinal ou mais além. Esta quinta-feira a seleção lusa volta ao mata-mata frente à Polónia, que nunca defrontou numa fase final de um Europeu.

O Inglaterra 96 foi o primeiro Europeu de futebol a dezasseis equipas e por isso a estreia da etapa dos quartos de final. Portugal agarrou a oportunidade – era a segunda vez que se qualificava para uma fase final do Euro – e não mais deixou de marcar presença, pelo menos até este patamar. Há vinte anos, portanto, que Portugal não falha uns quartos de final. O França 84 não entra nestas contas por ser ainda disputado a oito, sendo que se passava diretamente às meias-finais, cruzando o primeiro de um grupo com o segundo do outro.

As sortes nas cinco participações anteriores foram bem distintas. Mas chegados à fase a eliminar os portugueses superam-se. Dão-se bem com a componente do tudo ou nada e proporcionaram aos adeptos grandes momentos. Muito sofrimento, isso faz parte. Dramatismo também tem havido, em doses generosas. Mas nunca defraudaram na entrega.

Em 96, em Inglaterra, Portugal não resistiu ao génio de Karel Poborsky.

Em 96, em Inglaterra, Portugal não resistiu ao génio de Karel Poborsky.

A estreia e um chapéu de Poborsky

Começando pelo princípio. Em 96 a seleção orientada por António Oliveira apura-se no primeiro lugar do Grupo D, acompanhada pela Croácia, deixando por terra Dinamarca e Turquia. Nos quartos de final encontra a República Checa e acabou eliminado pelo famoso chapéu de Karel Poborsky, a revelação desse Europeu, a Baía.

Nuno Gomes em dose dupla

Quatro anos mais tarde a equipa das Quinas regressa, determinada a repetir a dose. Do Grupo A, onde ficou inserida e que venceu, faziam ainda parte Roménia, Inglaterra e Alemanha, com os dois históricos a voltar para casa. Nos quartos de final Portugal bateu a Turquia com um bis de Nuno Gomes, numa partida em que Luís Figo esteve endiabrado e Baía defendeu um penalti que poderia ter mudado o curso da história. A seleção de Humberto Coelho cairia de forma traumática na ronda seguinte, naquela tragicomédia da mão na bola de Abel Xavier.

Bastián inabalável

Em 2008, no Áustria/ Suíça, demos de caras com a Alemanha e há passagem da primeira meia-hora já tínhamos dois de desvantagem, ambos com intervenção de Bastián Schweinsteiger, a marcar o primeiro e a centrar para o segundo. Nuno Gomes ainda reduz em cima do intervalo, na recarda a uma remate de Ronaldo que Lehman defende para a frente. Mas Portugal continua a ter uma ladeira íngreme pela frente. Schweisteiger, sempre ele, na marcação de um livre assiste Ballack, que finaliza, de cabeça, as esperanças lusas. A três minutos dos noventa Postiga faz o segundo mas já era demasiado tarde.

Há quatro anos, em Varsóvia, Portugal retribuiu aos checos a eliminação de 96, com Cristiano Ronaldo a marcar o golo que valeu a passagem às meias-finais, depois de ter mandado antes duas bolas aos ferros da baliza à guarda de Petr Cech.

Ricardo e Scolari festejam uma passagem épica.

Ricardo e Scolari festejam uma passagem épica.

Ricardo, um herói sem luvas

2004 foi, sem dúvida, a nossa viagem futebolística mais alucinada. O desfecho, na final, foi um banho gelado coletivo mas os quartos de final é algo que não nos cansamos de rever. Empate a dois em jogo jogado, com o marcador a alternar. O país para para a marcação das grandes penalidades. David Beckham e Rui Costa, logo eles, a acusarem a pressão e a lançar a bola para a bancada. A começar a segunda série Ricardo tira as luvas e defende o remate de Vassell. Segundo reza a crónica, devia ser Nuno Valente a marar de seguida, mas com a adrenalina em alta foi o guarda-redes português que se adiantou. A bola entra e a Inglaterra fica pelo caminho.

Esta quinta-feira, às oito da noite, Portugal volta à arena para mais uns quartos de final. O adversário é a Polónia, equipa que defrontamos dez vezes ao longo da história, mas nunca na fase final de um Euro.

Boas Apostas!