Ténis – Há vinte e cinco anos, João Lagos e Marcelo Rebelo de Sousa juntaram-se para materializar um sonho antigo, apresentar uma candidatura que trouxesse para o Estoril um torneio de ténis de qualidade, onde eles e outros amantes da modalidade pudessem ver, ao vivo, tenistas de eleição. Um quarto de século é muito tempo, tempo para atingir a maturidade e que quase foi data de uma morte prematura. Há cerca de três meses, Lagos teve que admitir que ainda não estavam assegurados os patrocinadores e apoios mínimos necessários à realização do torneio ATP 250, estando assim o evento em risco. Felizmente, o pior cenário não se confirmou, e de 26 de Abril a 4 de Maio, o Jamor recebe mais uma edição do Portugal Open.
Os melhores passam pelo Jamor
Organizar um evento como o Portugal Open, antes Estoril Open, não é tarefa fácil. Além da logística, da angariação de verbas e cumprir as exigências internacionais, é ainda preciso convencer nomes sonantes do ténis a incluir Portugal nas suas agendas. Primeiro têm que esperar que os tenistas do top ATP definam os seus calendários de torneios obrigatórios, ver quem tem datas em aberto que coincidam com o torneio português e só depois avançar para os convites e negociação de cachets. Medvedev, Muster, Moyà, Nalbandian, Djokovic, Federer, Martín del Potro e Wawrinka foram alguns dos vencedores que ajudaram a abrilhantar o court do Jamor.
Sai Wawrinka, entra Berdych
Este ano, depois da desistência do campeão em título, Stanislas Wawrinka – de repente transformado em forte candidato a vencer Roland Garros – será Tomas Berdych o cabeça de série número um do torneio português. O checo, que ocupa a sexta posição do ranking ATP, já não vinha ao Estoril há nove anos, altura em que foi eliminado na primeira ronda. O wild card recebido para substituir Wawrinka vai-lhe permitir aproveitar a argila do Jamor para se preparar para o Mutua de Madrid, tentando ir mais longe que a terceira ronda que atingiu em Monte Carlo. Berdich tem estado em bom plano neste primeiro terço da temporada, começando pelas meias-finais do masters australiano, vencendo em Roterdão, alcançando a final do Dubai e as semifinais do torneio de Miami.
Raonic e a comitiva espanhola
O segundo tenista mais cotado, no outro extremo do quadro principal, é Milos Raonic. O canadiano fez a sua estreia no Estoril Open em 2011 mas desde então o seu ténis, e estatuto, evoluíram significativamente, deixando de ser um jogador cuja única arma é o serviço. Se da primeira vez chegou às meias-finais, espera-se ainda mais do agora n.º 9 mundial.
O terceiro e quarto cabeças de séries são espanhóis, Marcel Garnollers (31) e Guillermo Garcia-Lopez (32). O primeiro foi finalista em Casablanca e, curiosamente, é um dos tenistas que João Sousa venceu recentemente, no Rio de Janeiro, pelos parciais de 6-2, 3-5 e 5-7. O segundo conquistou o título marroquino, precisamente ao derrotar o compatriota. Em Monte Carlo caiu às mãos de Nole, nos quartos-de-final, em três sets (4-6, 6-3, 6-1).
O homem da casa
Mas o homem que todos vão querer ver nesta edição do Portugal Open é João Sousa, o tenista português mais cotado de sempre. Não é a primeira vez que o vimaranense participa no torneio, mas desta vez carrega outro estatuto e interesse, como o próprio reconheceu na conferência de imprensa de apresentação, “Se calhar existe uma pressão extra, de poder estar aqui diante das pessoas que mais me apoiam, no meu país. Mas, sem dúvida, que dá confiança, que me dá muita vontade de fazer um bom torneio. O importante é estar a 100 por cento, preparar-me da melhor maneira.” Este início de época tem-lhe corrido de feição, continuando a trepar o ranking. No Rio de Janeiro, em Fevereiro, bateu Granollers e Albert Ramos, antes de se ver diante de Rafa Nadal e ser por ele eliminado nos quartos. Sousa sabe que não é favorito, até porque o evento conta com nomes de enorme qualidade e bem mais experientes, mas está confiante e com vontade de se exibir diante do público português.
O que se pode esperar
Se tudo correr segundo as expectativas, coisa que esta temporada de terra batida tem feito questão em quebrar, alinham-se alguns confrontos interessantes. Berdich vs João Sousa, nos quartos-de-final, por exemplo, com o português a ter a oportunidade de retaliar pela eliminação de Miami. Ou, se ambos chegarem até lá, o checo poderá ter, nas meias, pela frente Garcia-Lopez, o adversário que o mandou para casa em Monte Carlo.
Na parte inferior do quadro masculino, Raonic tem fortes hipóteses de se vir a cruzar com o russo Gabashvili (52), que recentemente eliminou David Ferrer do Open de Barcelona, nos quartos-de-final, e Marcel Granollers, nas semifinais.
Esperemos que o sol marque presença, esta semana, no Jamor. Por aquilo que conhecemos dos protagonistas, o espetáculo está garantido.
Boas Apostas!