Portugal foi a primeira seleção a garantir lugar nas meias-finais do Euro 2016. De empate em empate até à vitória final, é o mantra de Fernando santos que não me custa subscrever. O engenheiro faz o melhor possível com os elementos que tem a disposição. Passemos em revista os heróis da noite, uns mais evidentes que outros.

O delfim, Renato Sanches

A partir de ontem Portugal passou a contar com mais um desequilibrador.

A partir de ontem Portugal passou a contar com mais um desequilibrador.

O primeiro, não há como evitar, é Renato Sanches. O adolescente de dezoito anos, que na próxima temporada vais estar às ordens de Carlo Ancelotti no Bayern de Munique voltou a ser eleito homem do jogo pela UEFA. Na primeira partida que fez como titular, Renato tornou-se o mais jovem de sempre a marcar na fase final de um Europeu. O golo que marcou reestabeleceu o equilíbrio no marcador e permitiu que Portugal fizesse o seu jogo com maior confiança. Foi um remate fantástico, que teve início num passe inteligente de Nani, e o médio correu de imediato para o banco, para festejar com Quaresma.

O selecionador diz, e com razão, que o Renato Sanches do futuro será ainda muito melhor e eu não deixo de pensar do quanto pode evoluir ao passar pelas mãos de um técnico italiano e refinar as noções táticas.

Segundo próprio revelou ontem na conferência de imprensa, Santos perguntou quem queria bater os penáltis. Ronaldo foi o primeiro a avançar e Renato voluntariou-se para ir a seguir. A confiança da juventude é uma coisa comovente.

Portugal é um conjunto equipado para praticar um futebol de contenção, estando particularmente dependente de jogadores disruptivos que façam a diferença do ponto de vista ofensivo. Durante a fase de qualificação foi Ronaldo e muitas vezes Quaresma, a sair do banco para fazer isso mesmo. A parti de ontem a equipa das Quinas pode contar com Renato Sanches também.

Pepe, imperial

Nos últimos dezasseis anos só por uma vez Portugal falhou as meias-finais do Euro.

Nos últimos dezasseis anos só por uma vez Portugal falhou as meias-finais do Euro.

Portugal entrou no jogo a perder e antes mesmo da remodelação tática foi a reação de Pepe que impediu a equipa de se afundar. Graças ao golo madrugador de Lewandowski, os primeiros vinte minutos foram o que menos se esperava, um vaivém, ofensivo em que as defesas, fora da sua zona de conforto, tremiam. Durante esse período determinante, Pepe tratava de limpar tudo e impor o ritmo. Se durante a fase de grupos o central do Real Madrid várias vezes nos fez pôr as mãos à cabeça desde que arrancaram os jogos a eliminar tem sido um pilar essencial. O problema com Pepe, que é semelhante ao companheiro dos Merengues, Sergio Ramos, é o excesso de ímpeto. Querer fazer demais, querer atacar tudo e lançar a equipa para a frente. Quando se remete ao que sabe fazer bem é imperial. E ontem foi ele que aguentou Portugal até ao golo de Renato Sanches e daí em diante. Com uma impressionante resistência física. Convém lembrar que a Polónia foi a equipa mais concretizadora do apuramento para este Euro, num grupo onde estava a campeã do mundo. O marcador do golo foi eleito homem do jogo mas se a haver inteira justiça o título iria para o luso-brasileiro.

Patrício e o nosso amuleto

Cem por cento de eficácia portuguesa nos penaltis, de Ronaldo a Patrício.

Cem por cento de eficácia portuguesa nos penaltis, nos dois lados da batalha.

Inevitável encerrar este texto sem referir os homens que selaram a passagem de Portugal à quarta meia-final em cinco tentativas. Rui Patrício, tantas vezes desdenhado, apareceu no momento certo, caindo para a esquerda para travar o remate de Kuba. E Ricardo Quaresma, o nosso amuleto, a arma secreta de estimação dos portugueses, avançou, sem pestanejar, para garantir o triunfo.

Boas Apostas!