Portugal – Islândia (Euro 2016)
Terça-feira, às oito horas da noite, Portugal arranca com a sua campanha no Euro 2016, frente à debutante Islândia. O Grupo F, onde pontuam também Áustria e Hungria, não devia tirar o sono aos portugueses mas é importante entrar bem e marcar o quanto antes, para serenar os ânimos. Lars Lagerback conseguiu levar os islandeses ao primeiro Europeu e agora que lá está vai tentar o seu brilharete. Esperemos que não à custa da Equipa das Quinas. Na comitiva portuguesa grande preocupação vai para a condição física de Quaresma, o nosso jocker.
Não há que escamotear: Portugal tem tudo para passar aos oitavos de final. Nada de falsas modéstias ou de euforias desmesuradas. Temos o melhor jogador deste Europeu, sim, e um bom elenco para lhe servir de suporte. Curiosamente, podemos dizer que esta seleção portuguesa é eficaz, que não é uma característica que não estamos habituados a invocar a propósito da nossa equipa nacional de futebol.
Portugal venceu o Grupo I, com vinte e um pontos, seguido da Albânia. Depois da derrota inicial, precisamente contra os albaneses (0-1), em Aveiro, Ronaldo e companhia venceram os restantes jogos do apuramento. Esse desaire em solo luso precipitou a saída de Paulo Bento e a entrada de Fernando Santos.
É certo que a seleção nacional venceu todos esses jogos pela margem tangencial, o mais das vezes com um golo solitário. Mas sob a orientação no novo treinador percebeu-se uma mudança de atitude e mentalidade. Mesmo em partidas sofridas Portugal não entrava em desespero nem perdia a cabeça. Ia até ao último minuto com intensidade. Outra característica que Santos trouxe a este grupo é a de qua o grupo não estar fechado. Até à última foi dada oportunidade a jogadores que se foram destacando – Renato Sanches é o exemplo mais evidente – e agora que a convocatória se tornou definitiva continua a haver apenas uns quantos titulares indiscutíveis. Para os restantes há uma competição saudável e a sensação que as opções são bastante equivalentes.
Os observadores externos dizem que Portugal tem hipóteses neste Europeu, numa segunda ou terceira linha de equipas que podem vencer este europeu. Todos percebem que muito vai depender do momento de forma de Cristiano Ronaldo. A estrela do Real Madrid terminou a temporada com problemas e é evidente, pela forma como se movimenta em campo que não está a cem por cento. Já passamos por isso antes mas também sabemos que mesmo sem estar no seu auge ele pode inspirar a equipa, abrindo caminho, como fez no amigável com a Estónia (7-1).
Neste momento a grande preocupação no seio da comitiva é a condição física de Ricardo Quaresma. O extremo do Besiktas parecia ter ganho claramente a titularidade a Nani – não sou pelas exibições inspiradas mas também pela química que tem com Ronaldo – mas aos que parece os noventa minutos que esteve em campo no último amigável deixaram mazela. Os exames descartaram problemas musculares de maior importância e Quaresma foi diagnosticado com uma mialgia na coxa direita. Nos últimos treinos da seleção portuguesa trabalhou à parte, fazendo recuperação. É pouco provável que o selecionador arrisque a sua utilização frente à Islândia já que ele pode vir a ser fundamental mais lá para a frente. É que se Ronaldo é a nossa joia da coroa, Quaresma tem sido o nosso jocker. Quando ele entra em jogo – com isto quero dizer faz clic – contagia os companheiros com essa energia endiabrada que o caracteriza. E sabemos que as probabilidades aumentam, de imediato, para o nosso lado.
Portugal jogo terça-feira em Bordéus, sábado no Parque dos Príncipes, frente à Áustria, e termina a fase de grupos no dia 22, defrontando a Hungria em Lyon.
Onze Provável: Patrício – Vieirinha, José Fonte, Pepe, Guerreiro – João Mário, Moutinho, Danilo, André Gomes – Nani, Cristiano Ronaldo.
A Islândia apurou-se pela primeira vez para um Europeu de futebol. Lars Lagerback falhau por pouco a qualificação para o Mundial do Brasil mas desta vez conseguiu fazer história para os islandeses. Conquistou o segundo lugar no Grupo A, atrás da República Checa, relegando a Turquia para um lugar no play-off. Só isto já dá que pensar quanto às capacidades deste conjunto nórdico. Gylfi Sigurdsson, a estrela desta formação, foi avisando na antevisão do confronto com os portugueses que ele e os companheiros “não são a Estónia”. Fica registado. O homem do Swansea é sem dúvida o cérebro deste 4-4-2 de Lagerback: um médio-ofensivo inteligente e elegante, especialista nas bolas paradas e com olho para lançar oportunos contra-ataques.
O sueco Lars Lagerback dirá adeus à seleção depois deste Euro de França e essa é a razão para a Islândia contar aqui com uma liderança bicéfala. O islandês Heimir Hallgrimsson recebe o testemunho já com as mãos na massa.
Onze Provável: Halldorsson – Saevarsson, Arnason, Sigurdsson, Skulason – Gunnarsson, Gylfi Sigurdsson – Gudmundsson, Bjarnason – Finnbogason, Sightórsson.
Portugal
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5-3 |
Euro 2012 (Q)
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Islândia
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1-3 |
Euro 2012 (Q)
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Portugal é o favorito a vencer o Grupo F mas seja como seja há aqui espaço para oportunidade para duas equipas – Áustria e Islândia –, que se estreiam nestas andanças, o façam com a passagem à fase seguinte. Portugueses e islandeses só se defrontaram duas vezes, ambas na qualificação para o Euro 2012, com duas vitórias para a seleção mais cotada.