Uma vitória com um bis de Cristiano Ronaldo nos descontos e a derrota mais pesada alguma vez sofrida frente à Holanda é o saldo de resultados da dupla jornada de amigáveis da Seleção Portuguesa. Soam os alarmes, cai o Carmo e a Trindade, é Portugal no seu melhor. O selecionador precisava de testar alternativas a Danilo, Pepe e William Carvalho. Parece que não as temos. Não é nada que já não soubéssemos, pois não?
Cristiano Ronaldo sempre
Em Zurique ficou mais uma vez evidente a figura ímpar que é Cristiano Ronaldo, não só para a Seleção Portuguesa mas para o desporto em si. Inconformado, sem se poupar, a dar tudo até ao último minuto. Portugal (2-1) entrou nos descontos a perder com o Egito, graças ao golo de Mohamed Salah no início do segundo tempo, e foi um bis do capitão português, aos noventa e dois e noventa e quatro, a dar a volta ao marcador.
Já se sabe que os amigáveis não puxam carroça com a nossa seleção. É necessária a pressão do resultado necessário para esta equipa manter o foco, com a honrosa exceção da estrela do Real Madrid, que não gosta de perder nem a feijões, seja contra que adversário for. Insistiu em ficar em campo até ao fim porque acreditava que ainda podia inverter a situação.
Ausências que pesam
Fernando Santos insistiu que não estava em fase de audições e que o elenco está praticamente fechado. O que ele precisava era de perceber as interações entre jogadores menos habituados a integrar o grupo. Num contexto em que pudesse testar possíveis alternativas às ausências que se conhecem. O que ficou evidente? Pepe faz diferença na defesa. Não é novidade. Mesmo com a idade a avançar ele tem uma capacidade de raciocínio que compensa a menor mobilidade. José Fonte tem a experiência e até a calma, mas não o mesmo discernimento. Rolando, o central fixo nos dois jogos de preparação, não está, nem de perto nem de longe ao mesmo nível. Frente ao Egito, o selecionador optou por utilizar Rúben Neves como médio defensivo, ao lado de João Moutinho. Sem rotinas, a dupla não impressionou, e sentiu-se a falta da presença física que tanto Danilo como William Carvalho acrescentam à posição.
No jogo com os holandeses, Fernando Santos abdicou de um trinco de raiz e acrescentou homens ao meio campo. Faltou intensidade tanto a Adrien como a André Gomes, o que não estranha visto que ambos têm jogado pouco, e Bruno Fernandes ficou dividido entre ajudar os companheiros do meio-campo ou avançar para servir de apoio à frente de ataque. Em contrapartida, Wijnaldum brilhava no meio-campo da Holanda, uma formação a que Koeman conseguiu dar uma organização muito clara. Portugal, com apenas dois jogadores que se mantiveram no onze do primeiro jogo – Rolando e Cristiano Ronaldo – andava à deriva, recriava-se com a bola nos pés enquanto tentava perceber as dinâmicas no relvado. Uma perda de bola na zona central levou ao primeiro golo de Memphis Depay. E os holandeses podiam reforçar a tática: concentração defensiva, abdicar da posse de bola e procurar oportunidades de contra-ataque.
Reação interrompida pela inferioridade numérica
Portugal saiu dos balneários com outro estado de espírito, a que não são alheias as entradas de André Silva (troca com André Gomes) e Gonçalo Guedes (saída de Adrien) e a mudança para um 4x4x2 mais habitual na seleção das Quinas. Em cinco minutos, Portugal criou mais perigo do que nos quarenta e cinco anteriores. Quaresma e André Silva puderam a defesa holandesa em sentido mas a bola não entrou e o feito foi esmorecendo. Aos sessenta e um a partida ficou sentenciada com a expulsão, com segundo amarelo de João Cancelo. A jogar com menos um o encontro transformou-se numa dança de salão. A Holanda estava satisfeita com o resultado geriu a vantagem. Portugal queria mais mas se já estava complicado reverter três golos contra pior ficou em inferioridade numérica. Cillessen ainda teve que mostrar serviço, nos minutos finais.
Boas Apostas!