Fernando Santos prometeu e cumpriu: Portugal vai à final do Euro 2016. Mesmo sem encantar a seleção portuguesa foi queimando etapas, tornando-se mais sólida a cada prova. Mas há um ponto de viragem na equipa da Quinas, a vitória sobre a Croácia, nos oitavos de final. Os jogadores convenceram-se que havia mérito naquele processo. Foi nesse dia que meteram pé à estrada, rumo a Paris.
Todos os cisnes foram patinhos-feios
No dia 10 de julho Portugal vai repartir o Stade de France com os nativos. Ainda custa um pouco a processar mas a seleção de Portugal vai à final do Euro 2016. É preciso reconhecer que, à parte aqueles celerados que sempre que lhes pedem um prognóstico dizem “vamos dar três ou quatro”, ninguém estava particularmente confiante. Era uma possibilidade, uma esperança remota. O arranque não foi famoso, há que dizê-lo com frontalidade. Mas também não foi “nojento”, como alguns jornais ditos de referência, qualificaram. O apuramento fez-se à rasquinha, nada que demova um português, como sabemos. A equipa das Quinas pode tornar-se a primeira terceira classificada da fase de grupos a levantar o troféu. Vai ser preciso analisar a beleza desta abertura de possibilidades, daqui para a frente. Mas quando chegou às etapas a eliminar Portugal encontrou-se.
Os astros que se alinham
O momento de viragem aconteceu nos oitavos de final. Dependendo de quem se consulte, as opiniões variam quanto ao elemento-chave dessa transformação. Sabemos como a clubite tende a influenciar estas análises. Uns colocam-no no minuto cinquenta, com a entrada em campo de Renato Sanches. Outros, com a utilização do meio-campo do Sporting – William Carvalho, Adrien e João Mário – e nos tirar partido dos supostos automatismos. É certo que a resposta está no meio-campo. Foi a partir desse encontro que as peças encaixaram no miolo do terreno e como toda a gente que analisa estas coisas sabe “os jogos ganham-se e perdem-se no meio-campo”. Moutinho estava em sub-rendimento e o lesionado André Gomes nunca mais tinha conseguido reproduzir a exibição do jogo de estreia. Eu acho que foi uma conjugação destas e outras ações. Quase como os astros, lentamente, a alinhar.
Adrien agarrou o lugar ao ser capaz de anular Luka Modric. Já antes Pepe tinha dado o mote, dizendo alto e bom som que por ele não passariam. E o menino Renato Sanches, com a bendita inconsciência da juventude, incendiou o relvado, com as arrancadas de quem não percebe qual é o drama. Renato provou também que Portugal podia contar com mais um desequilibrador.
O cair da ficha
Fernando Santos tinha passado a fase de grupos com alterações para refrescar, à procura de um onze que encaixasse naqueles que eram os seus propósitos. E encontrou-o. Conseguir ultrapassar os croatas, que jogaram do futebol mais atrativo que se viu neste Europeu, deu ânimo à seleção portuguesa, e confiança de que tinha armas para se bater com qualquer um. De facto, de pouco teria valido o encaixar das peças centrais se Portugal não tivesse marcado para seguir em frente. O triunfo é essencial. Foi aqui que os jogadores portugueses se convenceram de que havia realmente mérito no caminho traçado pelo selecionador. Que a equipa tinha, de facto, argumentos para desafiar qualquer adversário. Os erros defensivos da fase de grupos ficaram para trás. A ofensiva inconsequente também. O jogo dos quartos de final veio reforçar tudo isto. Sofrer um golo aos dois minutos e não desestabilizar. Identificar o erro e corrigir. Conseguir a igualdade, ir a prolongamento e sobreviver aos penáltis. Superação gera confiança, que por sua vez permite enfrentar o duelo com os indomáveis galeses com cabeça.
Portugal chega à final e não é favorito. A cada desafio superado a seleção portuguesa ficou mais sólida, mais convicta e confortável em ser o que é. O estatuto e a pressão estão do lado francês e é mesmo assim que a equipa da Quinas se dá melhor. Quando não dão nada por ela, a correr por fora, enche-se de brios. Para dar uma de grega.
Boas Apostas!