Contas seladas no grupo C do campeonato do mundo. França e Dinamarca, as duas seleções europeias a concurso, garantiram o acesso à próxima fase da competição, deixando para trás Perú e Austrália. Derrotada por franceses e dinamarqueses, a regressada seleção peruana merecia melhor sorte.
Se prémio existisse para a seleção mais combativa na fase final deste campeonato do mundo, a equipa peruana seria uma forte candidata a arrebata-lo. Os “Incas” apresentaram-se em campo com a abnegação própria de quem não tinha a oportunidade de disputar um certame desta importância há quase três décadas, acusando simultaneamente alguma falta de estofo para lidar com a pressão. Em momentos de decisão, a seleção peruana “tremeu” – o penalty falhado por Cueva diante da Dinamarca poderia ter sido o mote para escrever uma história diferente.
Nos 270 minutos de jogo disputados na Rússia, os sul-americanos apresentaram-se sempre a bom nível, mas só conseguiram vencer nos últimos 90, numa altura em que a eliminação já estava consumada. A Austrália, “vítima” dos peruanos (0-2), tinha chegado à última ronda na luta pelo apuramento, mas também ficou pelo caminho numa ronda em que França e Dinamarca assinaram um “pacto de não agressão”, dado que o desafio entre si culminou com um empate sem golos que serviu as pretensões de ambas as equipas.
O ponto comum entre estas duas seleções residiu no facto terem apresentado propostas de jogo de vocação ofensiva, ainda que o Perú tenha sido incapaz de marcar nos dois primeiros jogos e a Austrália só tenha chegado ao golo através da marcação de duas grandes penalidades, ambas apontadas por Mile Jedinak. No adeus à Rússia, Paolo Guerrero, despenalizado depois de uma extensa batalha jurídica, fez o golo que todos os peruanos esperavam, enquanto o seleccionador australiano Bert van Maarwijk deu minutos ao “veterano” Tim Cahill, jogador que esteve perto de marcar ao fazer valer, claro está, toda a qualidade que lhe é reconhecida em termos de jogo aéreo. Salvaguardando a superioridade peruana sobretudo em termos técnicos, as duas seleções apresentaram algumas caraterísticas comuns em termos de jogo: os “Socceroos” funcionavam sob a batuta de Mooy, os peruanos atuavam ao ritmo de Cueva; a equipa da CONMEBOL beneficiava da velocidade de Carrillo, australianos gozavam das virtudes de Leckie nesse sentido, sendo que ambas apostaram insistentemente na exploração da profundidade.
Que futuro?
Ricardo Gareca tem feito um ótimo trabalho ao serviço da seleção do Perú, mas a sua continuidade na seleção da América do Sul ainda é uma incógnita, tal e qual como revelou na conferência de imprensa que antecedeu o último duelo da fase de grupos. Do lado australiano, Bert van Marwijk, seleccionador que sucedeu a Ange Postecoglou já depois de os “Socceroos” se terem apurado, vai deixar o comando da equipa, tal como anunciou após o último jogo neste Mundial 2018. Van Bommel, um dos seus adjuntos, já tem o futuro definido: assumirá o comando do PSV Eindhoven.
Boas Apostas!