A Ligue 1 nunca terá dado tantas razões para estar no epicentro do futebol europeu como neste início da temporada 2017/18. Com o Paris SG a despejar milhões para adquirir Neymar ao Barcelona e o AS Monaco a resistir como pode a propostas irrecusáveis para levarem Kylian Mbappé, o centro do furacão do mercado futebolístico escolheu o hexágono gaulês para passar o mês de Agosto. Obviamente que tudo aquilo que se passar entre o dia de hoje e o último do mês acabará por ter um impacto enorme no que esperar de cada equipa nesta competição. Mas, para já, é assim que se fazem as contas possíveis da antevisão da Liga.
Um campeão não vive sem títulos
A superioridade financeira do Paris SG foi colocada à prova por duas excepções estatísticas na temporada passada. O campeão AS Monaco superou todos os números de concretização dos últimos dez anos nas principais ligas europeias, enquanto o Nice transformou fragilidades em forças e com Lucien Favre também incomodou o gigante da capital. A resposta do clube detido por investidores do Qatar teria que se fazer sentir.
A chegada de Antero Henrique e a manutenção do treinador Unai Emery ofereceram, desde logo, sinais claros da estratégia da administração. Mantendo a aposta num técnico que oferece a perspectiva de um jogo com qualidade e com possibilidade de sucesso europeu, dotando-o de mais e melhores jogadores para construir a sua equipa. A chegada de Dani Alves foi o primeiro sinal da grande notícia desta verão. Ainda por confirmar, mas cada vez mais perto de acontecer, Neymar deverá vestir a camisola do Paris SG para voltar a ser o macho alfa de uma equipa. Se resultou com Ibrahimovic, porque não haverá de resultar com um outro jogador mais jovem, de maior potencial e mais perto de discutir o título de melhor jogador do mundo?
Apesar da aposta parisiense, a sua concorrência não parece demover-se de uma estratégia alternativa que, como demonstrou o Monaco, pode dar frutos. Leonardo Jardim resistiu aos convites para mudar de ares e acredita que pode continuar a construir no Principado uma equipa que compra barato e vende caro, somando resultados pelo caminho. A manutenção de Kylian Mbappé poderá ser a chave entre um Monaco que luta pelo primeiro lugar e um outro que se manterá apenas na corrida da Liga dos Campeões. Mas já outros valores irão surgindo, como Tielemans, Saint-Maximin ou um recuperado Boschilia, todos eles com o potencial para, num espaço de dois anos, ajudarem o Monaco a ser mais forte antes de darem o salto.
A reconversão dos históricos
Tendo sido a grande desilusão da época passada, o Lyon entregou-se a uma renovação do seu plantel, vendendo os jovens Lacazette, Tolisso e Mammana, aos quais se juntaram Gonalons, Rybus, Valbuena e Jallet. As entradas no plantel de Bruno Genesio denunciam, no entanto, que a equipa quererá voltar rapidamente à Liga dos Campeões, apostando no burquinês Bertrand Traoré, no ponta-de-lança Mariano Diaz e nos laterais Tete e Marçal. Volta a estar na forma de gestão do técnico a grande questão da pré-temporada de um Lyon que estará, este ano, mais confortável na sua pele, depois de no ano passado ter feito o esforço para manter jogadores que acabaram por não levar a equipa a superar-se.
Na mesma linha, o Marselha de Rudi Garcia fez regressar a França jogadores como o guarda-redes Mandanda e o central Adil Rami, para além de confirmar as aquisições de Thauvin e N’Jie. Juntam-se também os experientes Luiz Gustavo e Valère Germain a uma equipa que aponta aos lugares da Liga dos Campeões. Neste caso, o histórico nome do Olympique terá um peso específico na ambição da equipa, um pouco deslocada da realidade, até prova em contrário.
Por falar em investimentos, o Lille de Gerard Lopez, Luís Campos e Marcelo Bielsa merecerá nota de destaque. O centro da sua aposta esteve no Brasil, com as aquisições de Thiago Maria, Luiz Araújo e Thiago Mendes, aos quais se juntam o interessantíssimo Nicolas Pepe e o português Edgar Ié. A equipa estará dependente da forma como o argentino conseguir trabalhar o novo conjunto de jogadores, mas os sinais de envolvimento do técnico nas opções do clube parecem garantir alguma estabilidade.
Fecham o lote de favoritos as equipas do Nice e do Bordéus. Ambos parte atrás, por não serem tão poderosas quanto os perspectivados líderes, mas tal como conseguiu a equipa do sul de França na época passada, o campo volta a parecer aberto para quem, com bons treinadores e opções acertadas, queira entrar na corrida. O Nice tem Lucien Favre às voltas com as saídas de alguns elementos importantes, enquanto o Bordéus dotou o plantel de Jocelyn Gourvennec de algumas peças jovens que poderão vir a influenciar o crescimento das ambições.
É bom que se dê atenção ao que se passará em França, esta temporada. Os jogos começam já esta sexta-feira, com o campeão Monaco a receber o Toulouse.