Esta segunda-feira o Crystal Palace despediu Frank de Boer. O técnico holandês caiu ao fim de quatro jogos, um recorde absoluto na Premier League. Não se pode dizer que não se estava à espera, ao fim de quatro derrotas, mas estas decisõies precipitadas não são habituais na Liga Inglesa. Desde o início se percebeu que este era uma erro de casting, que é, no fundo, um erro de gestão. Steve Parish sacrificou De Boer mas isso não o iliba. A escolha de Roy Hodgson para o substituir só reforça a ideia de que esta direção não tem um rumo.

De Boer bate recorde

Parish pode ter sacrificado o holandês mas ao fazê-lo expôs o erro de gestão que lhe corresponde.

Parish pode ter sacrificado o holandês mas ao fazê-lo expôs o erro de gestão que lhe corresponde.

Frank de Boer estabelece novo recorde. Ao ser despedido ao fim de quatro jornadas da Premier League ultrapassa Les Reed, que em 2006 durou sete jogos ao comando do Charlton. Não se pode dizer que tenha sido uma surpresa. As quatro derrotas consecutivas no arranque do campeonato – Hudersfield (0-3), Liverpool (1-0), Swansea (0-2) e Burnley (1-0) – foram completando o quadro. Mas estes tipo de decisões precipitadas não são habituais na Liga Inglesa. O treinador ficou desiludido com a decisão unilateral mas apressou-se a agradecer o apoio dos jogadores e adeptos. Também disse que se aconselhou com Louis van Gaal que lhe disse que o seu pior erro no United foinão se ter mantido firme nas suas ideias e propósitos.

Há alturas em que fica evidente que um treinador p’ereu o balneário. Os jogadores já não acreditam nas suas soluções, já deixaram de jogar por ele, enquanto líder e mentor do grupo. Não foi o caso do plantel dos Eagles. De jogo para jogou foi-se percebendo que havia um empenho dos homens em campo para concretizar as ideias de jogo que estavam a ser trabalhadas. Só que não estavam a ter resultados. Ainda. Mas a derrota frente ao Burnley, por exemplo, foi pela margem mínima e o encontro podia ter caído para qualquer um dos lados.

Erro de casting

Desde o início abundaram as interrogações quanto à probabilidade de Frank de Boer ser bem-sucedido no Crystal Palace. Quando uma direção escolhe um treinador pressupôe-se  que fez o seu trabalho prévio, que passa por estudar o currículo do técnico e o seu perfil. Com uma vida inteira ao serviço do Ajax, onde se formou como jogador e treinador, dão, até aos mais distraídos percebem o que irão ter com o treinador holandês. Seria para mudar radicalmente a forma de jogar do Palace e isso é coisa que leva o seu tempo a apresentar resultados.

Os argumentos mais utilizados hoje para explicar a decisão do clube são a de que De Boer não teria os jogadores para jogar da forma como pretendia e de que o Crystal Palace precisaria de um treinador mais pragmático. Essas justificações penalizam mais Steve Parish e quem mais participou no processo de escolha do técnico do que o próprio. Os responsáveis pelos Eagles queriam contratar um treinador jovem, arrojado, e pôr a equipa a praticar um futebol espetáculo. Mas, aparentemente, não lhe deram condições para operar essa transformação. Começando por não recrutar os jogadores adequados e terminando com um arrependimento súbito ao fim de quatro partidas.

Ir buscar alguém da velha guarda foi, mais uma vez, a opção do Palace para se manter à tona.

Ir buscar alguém da velha guarda foi, mais uma vez, a opção do Palace para se manter à tona.

Hodgson é a solução (?)

Para reforçar, se tal ainda fosse necessário, a noção de que o Crystal palace está a ser navegado à vista basta atentar no que se anuncia para os próximos episódios. Porque, aparentemente, não conseguiu convencer Sam Allardyce a renunciar à reforma, Parish contratou Roy Hodgson para o cargo. O antigo selecionador inglês, que toda a gente em Inglaterra ainda associa à participação dececionante no Euro 2016, um tipo da velha guarda, é a escolha para “safar” o clube de mais um aperto. Uma sequela do que vimos na época passada, com Big Sam a ser resgatado para salvar, de forma pragmática, supõe-se, o Palace da descida ao Championship. Depois da aposta em Allan Pardew, anunciado como o homem que ia recolucionar a equipa, ter fracassado em toda a linha.