Pablo Carreño Busta – Nicolas Almagro (Estoril Open)
Está definida a final cem por cento espanhola do Estoril Open 2016. Pablo Carreño Busta faz a sua segunda final na temporada e na carreira, altamente motivado pelas exibições que fez no Clube de Ténis do Estoril. Nicolas Almagro bateu Nick Kyrgios em sets diretos, mostrando que a experiência ainda é um argumento de peso. Ambos os jogadores disseram várias vezes que gostam de vir jogar a Portugal e depois disto essas boas sensações só podem ter melhorado. Curiosamente, os dois compatriotas nunca se defrontaram.
Pablo Carreño Busta vai à final do Milenium Estoril Open. Depois de um duelo dos quartos de final impressionante, eliminando o primeiro cabeça de série do torneio – Gilles Simon (6-3, 6-4) – manteve o nível exibicional e bateu outro francês. Benoit Paire (6-3, 6-3), o vigésimo primeiro da hierarquia mundial, até entrou melhor na partida, conseguindo duas quebras de serviço logo a abrir. Mas em seguida perdeu oito jogos de enfiada, entregando o primeiro set e dando uma entrada confortável a Carreño Busta, no segundo. O espanhol reconheceu na conferência de imprensa final que não foi um encontro particularmente bem jogado, em virtude das condições extremamente adversas. O vento no Clube de Ténis do Estoril estava bastante forte foram várias as ocasiões em que se viu os jogadores a levar com a terra batida nos olhos. Paire estava particularmente incomodado mas as más condições foram iguais para todos. Há uma estatística que explica claramente onde esteve a diferença. O francês só conseguiu meter trinta e cinco por cento de primeiros serviços, uma percentagem muito baixa. Em contraponto, Carreño Busta conseguiu uma percentagem muito aceitável de setenta e cinco, tendo em conta as condições do jogo.
No ano passado Pablo Carreño Busta chegou à semifinal no Estoril Open, tendo sido afastado por Nick Kyrgios (5-7, 7-6, 6-3). Agora estreia-se no jogo que decide o campeão. Será a segunda final da temporada e da carreira para o espanhol de vinte e quatro anos. Em fevereiro foi finalista vencido no ATP de São Paulo, onde brilhou o uruguaio Pablo Cuevas (7-6, 6-3). Na conversa com os jornalistas Carreño Busta disse acreditar que esta segunda experiência vai correr melhor já que na primeira a ansiedade e o nervosismo pesaram bastante.
Aos trinta anos Nicolas Almagro volta a escalar o ranking a pulso, depois de uma lesão que o manteve ausente mais de um ano. Estas coisas são sempre complicadas e o tenista espanhol sabe que já não tem a energia dos vinte e dois e que a forma como o ranking funciona não permite um regresso gradual. É preciso jogar muitos torneios, estar sempre a competir, o que não é aconselhável a quem volta ao ativo.
Mas a terá batida é o seu habitat e quem sabe nunca esquece. Desde que o corpo acompanhe, essa qualidade vai-se manifestando em court. Almagro eliminou dois portugueses na primeiras rondas – primeiro Frederico Silva (6-3, 6-2), depois João Sousa (4-6, 6-1, 6-2) – mas o público português não guardou ressentimentos. Aliás, o experiente espanhol foi sempre a voz da experiência elogiando os jovens adversários e no caso de Sousa mostrando empatia com o peso das expetativas. Nos quartos de final mediu forças com Leonardo Mayer (6-4, 7-6).
Para chegar a esta final, a segunda da temporada também para ele – perdeu com Dominic Thiem em Buenos Aires (7-6, 3-6, 7-6) – Almagro levou a melhor sobre um favorito do Estoril Open, Nick Kyrgios (6-3, 7-5). A partida foi de altos e baixos. A espaços viu-se muito bom ténis, com ambos a demonstrarem a qualidade e toque de bola que possuem. Depois houve pontos mais mastigados – o vento mais uma vez a tornar tudo mais difícil – com tanto Kyrgios como Almagro a procurar encontrar estratégias para complicar a vida ao adversário. O espanhol variou muito bem o serviço, baralhando assim a capacidade de antecipação do australiano. Acabou por ser a experiência de Almagro fazer a diferença.
Curiosamente, os dois tenistas espanhóis nunca se defrontaram. A final do Estoril Open será uma estreia absoluta. Esperemos que o vento acalme para termos melhor espetáculo.