Os Castores foram a melhor história da Liga ZON Sagres 2012/13, com Paulo Fonseca a liderar um conjunto onde brilhava um meio-campo composto por André Leão, Vítor, Luiz Carlos e Josué, com Hurtado e Cícero a assegurarem os golos. Destes nomes, só André Leão se manteve pela Mata Real, vestindo a camisola amarela na pré-eliminatória da Liga dos Campeões (Vítor, antes de sair, também esteve nos jogos frente ao Zenit) e, depois, fazendo a caminhada pela Liga Europa. Ele é, aliás, o vetor comum, junto com Tony, Tiago Valente e Ricardo, na defesa, entre a época passada e os três técnicos que já passaram por Paços de Ferreira nesta temporada.
Costinha foi a primeira escolha do presidente Carlos Barbosa, que imaginou a entrada na Liga dos Campeões como uma oportunidade, não só de construir uma nova bancada, mas também de trazer para a Mata Real um novo estilo. A capacidade de Costinha ao nível técnico não sobreviveu ao choque de exigência que adversários como Zenit, Porto, Benfica e Fiorentina colocaram à sua equipa. Uma crescente onda de insatisfação dos adeptos, que não foram capazes de entender a quebra de qualidade de jogo dos pacenses, ajudou a que o “Ministro” desse lugar a Henrique Calisto.
Não regresses onde foste feliz
Calisto já havia salvo o Paços de Ferreira uma vez. Mas, não só as expetativas sobre os Castores cresceram bastante em relação a anos anteriores, como o grupo disponível era agora uma conjugação de elementos vindos de filosofias diferentes. Se, na linha defensiva, a equipa do Paços mantinha a mesma ideia tradicional do futebol da Mata Real, do meio-campo para a frente, existem artistas a pedir outro tipo de intervenção. Henrique Calisto beneficiou, ainda, de um calendário mais favorável para ter um impacto inicial aceitável, mas não conseguiu marcar uma grande diferença para o técnico anterior, mantendo o Paços de Ferreira nos lugares da despromoção.
Chamem um capitão

Jorge Costa revive bons momentos com o Paços
Jorge Costa entrou em grande no comando do Paços, vencendo três dos primeiros quatro jogos e tirando os pacenses dos lugares mais incómodos da tabela. O treinador tem a seu favor o facto de compreender as forças e as fragilidades do seu plantel, impondo mudanças que favorecem a conjugação dessas duas filosofias. O renascimento pacense far-se-á, tudo indica, da súmula de um pensamento tradicional, de raça e entrega ao jogo, tão caras a Jorge Costa do seu tempo de jogador, com uma aproximação artística do jogo, onde a presença de um criativo e de jogadores velozes na frente de ataque marcam a diferença, algo que também já foi visto na carreira de técnico do “Bicho”.
No fundo, Jorge Costa é um técnico de síntese, encaixando como uma luva na equipa dos castores. Pela sua mão, Bebé e Del Valle reencontram a alegria (e o espaço) para jogar, enquanto Sérgio Oliveira poderá ter uma nova oportunidade de confirmar aquilo que era esperado dele quando assinou um contrato de cláusula milionária com o FC Porto. Pode, este processo, reconduzir o Paços de Ferreira a caminhadas europeias? No atual quadro do futebol português, uma equipa com o plantel dos pacenses poderia estar nessa luta, mas, uma vez mais, será difícil segurar algumas das peças centrais do futebol dos castores. O processo de renascimento terá novos episódios mas, com Jorge Costa à cabeça, tem tudo para viver com sucesso nos próximos meses.
Boas Apostas!