A Itália voltou às bocas no mundo durante a temporada 2014/15. A presença da Juventus na final da Liga dos Campeões, as duas equipas nas meias-finais da Liga Europa e um campeonato na discussão da melhor média de golos por jogo fizeram o seu trabalho, que pode ainda ser complementado com um reaparecimento de investimento em algumas das equipas italianas.
1.
A Juventus conquistou mais um título. O quarto consecutivo, mesmo depois de ter mudado de técnico. No entanto, em lugar deste facto tornar o campeonato italiano excessivamente previsível, apenas marca um facto evidente: a Juventus é muito forte para a realidade que a circunda na Itália, mas já está a conseguir elevar o seu jogo para ser competente também na Europa. Massimiliano Allegri conseguiu manter as principais referências da equipa e trabalhá-las de forma a poder utilizá-las em diferentes sistemas de jogo. A equipa foi vista tanto com uma linha de três defesas, quanto com uma linha de quatro. Carlos Tevez foi o homem-golo, mas não se pode entender esta equipa sem as dinâmicas impressas por Pirlo e Pogba no meio-campo. Num momento em que, com ou sem título europeu, o plantel pode passar por uma pequena revolução, Allegri sabe que partirá, uma vez mais, com vantagem sobre os adversários.
2.
Roma lutou pelo segundo lugar até à derradeira jornada. Os dois emblemas da capital voltaram a perfumar os relvados italianos com charme competitivo. Ideias de jogo diferentes, caminhadas opostas, mas aquela capacidade de tornar o dérbi da cidade imperial em jogos memoráveis. Também com isso a Serie A ganhou. Uma AS Roma que falhou o seu objetivo de crescer para ser um verdadeiro candidato ao título, mas que apesar de tudo conseguiu segurar o segundo lugar. Uma Lazio de Roma que se demonstrou combativa e capaz de na última jornada ir conquistar o acesso ao playoff da Liga dos Campeões no campo de um rival direto. Estádios cheios. Roma volta a ser promessa de bom futebol.
3.
Itália foi também terreno fértil para jovens avançados, o que torna esta liga obrigatória para os olheiros dos grandes emblemas do mundo. Simone Zaza, com a camisola do Sassuolo, chegou a titular da seleção italiana. Mas até é o mais velho desta linha, com 23 anos. Mauro Icardi dividiu o título de melhor marcador da Serie A com Luca Toni aos 22 anos. Manolo Gabbiadini já mudou da Sampdória para o Nápoles e continua a marcar. Paulo Dybala é desejado por meio mundo e, com apenas 20 anos, Domenico Berardi conseguiu marcar 15 golos na Liga onde se diz que a defesa é fundamental. Mais um sinal de algo está a mudar em Itália. Para muito melhor.
4.
A desilusão da temporada viveu em Nápoles. Com um treinador que acaba de sair para o “maior” clube do mundo, Rafael Benítez, com um plantel onde houve muito investimento, numa cidade que vive o futebol como nenhuma outra. Terminar a temporada em quinto lugar é demasiado mau para quem alimentou a expetativa de, com o espanhol na liderança, poder disputar o espaço da Juventus. Agora, quando se adivinha novo processo de renovação, Nápoles duvida e pergunta a si próprio se escapar, desta forma, à sua identidade, terá valido a pena.
5.
Se há outra cidade que não se pode rir da desgraça alheia é Milão. Inter e AC Milan falharam a qualificação europeia. Este último terminou a temporada em décimo lugar, com os seus adeptos a fazerem campanha, nas bancadas, por uma mudança radical na política da instituição. Os jogadores não conseguiam mais e o próprio técnico, Inzaghi, um dos símbolos do clube, pareceu sempre incapaz de mudar o que fosse, até pelo apoio que não teve da estrutura. Em oposição, Génova e Sampdória terminam ambas a sonhar com a Liga Europa e a tornar a sua cidade de novo um ponto obrigatório do futebol transalpino. Falta apenas entender se o dinheiro não restituirá a velha ordem já na próxima temporada.
6.
Uma das grandes histórias deste campeonato é o Empoli. Apesar de ter terminado em 12º lugar e de ter um plantel sem grandes nomes a destacar, a organização tática da equipa elevou-a a referência neste campeonato. Se se pode dizer que na Serie A existem equipas que sabem aplicar perfeitamente todos os pressupostos de um eficaz jogo defensivo, o Empoli estará no topo da lista das equipas que servem de exemplo. Maurizio Sarri, o técnico, nunca conseguiu ter um trabalho numa equipa que lhe desse melhores condições de sucesso. Será para o ano?
7.
Outra prova de que o panorama do futebol italiano são as subidas e descidas de campeonato. O Parma quase se extinguiu esta temporada e cai para a Serie B com o Cesena e o Cagliari. Sobem os estreantes Carpi e Frosinone, tendo em comum o facto de serem ambos clubes inseridos em contexto de cidades pequenas. Falta ainda apurar o vencedor do playoff, onde Bologna e Pescara lutarão para tentar equilibrar as contas com mais um histórico na Serie A.