Num campeonato onde o dinheiro do Paris SG é como um enorme muro que separa o atual campeão de toda a concorrência, a temporada de 2014/15 foi um excelente exemplo de como esse muro pode ser ultrapassado. O Marselha foi primeiro durante boa parte da temporada e o Lyon levou até bem perto da última jornada o sonho de ser campeão francês. Enquanto isso, o AS Monaco foi surpresa na Liga dos Campeões e, apesar do mau início, também foi a tempo de conseguir um lugar de volta no playoff da prova milionária. Querem mais razões para acompanhar, de perto, este campeonato?
Uma questão de milhões, outra vez
Desde que o Paris SG passou a ser o “representante” do investimento qatari em França, não mais houve muito espaço para dúvidas quanto àquilo que se espera do campeonato gaulês – que no fim da época, o Paris SG seja campeão. É uma herança bem pesada para Laurent Blanc, a quem é exigido nada menos do que o céu, mas o técnico tem sido capaz de cumprir com as expetativas, ainda que a nível europeu se espere ainda mais de uma equipa parisiense que, apesar de tudo, não terá as armas necessárias para, em circunstâncias normais, aspirar a um título europeu. Com a saída de Cabaye a ser a única nota de destaque no capítulo de cedências, as contratações do campeão passaram por tentar fortalecer as opções da equipa, com a chegada do guarda-redes Trapp e do defesa-médio Stambouli. Com Zlatan Ibrahimovic a continuar a ser uma espécie de Rei-Sol desta equipa, é à volta do sueco que se construirá o ataque ao título. De precaver, enquanto isso, a capacidade da equipa não oferecer pequenas vantagens aos restantes candidatos que, como se viu no ano passado, vão fazer de tudo para, dentro das quatro linhas, se mostrarem merecedores de derrubar o Golias da Ligue 1.
Os três mosqueteiros que querem trair o líder
Para uma equipa ou para um adepto que se habituou a ser grande, acabar em segundo lugar diz muito pouco. É verdade que todos os três clubes que seguem na perseguição do título passaram, já, por fases bem negras, mas ser-se Lyon, Marselha ou Monaco é querer-se sempre algo mais.
O Lyon perdeu Gourcuff, um jogador que muito prometeu mas, neste último ano, já não deu o mesmo rendimento dos melhores tempos, e vai vendo chegar alguns nomes que oferecem capacidade para a equipa voltar a repetir o feito do ano passado. Beauvue e Morel fortalecem as opções de Hubert Fournier, mas Rafael da Silva, chegado do Manchester United, é um reforço com outra capacidade para mexer no ADN da equipa.
O principal sinal de que o Marselha continuará a incomodar os mais fortes da Ligue 1 está na manutenção de Marcelo Bielsa como treinador. Mesmo com o plantel fragilizado, dadas as saídas de jogadores como Imbula, Andre Ayew, Gignac ou Payet, o treinador argentino deverá apostar em sublinhar o coletivo como a melhor forma para atingir os objetivos da presente temporada. Diaby, Manquillo ou Ocampos deverão ser peças que fortalecem as opções de Bielsa, ajudando a que a equipa se mantenha, desta vez, com o mesmo ritmo de cruzeiro até à jornada final.
Leonardo Jardim não terá o mesmo problema do ano passado em que viu a sua equipa perder alguns meses para se adaptar a uma mudança radical de paradigma. Este ano, a saída de Luís Campos de Diretor Desportivo pode ser sinal de alguma luta interna pelo poder, mas no que toca ao plantel, o técnico português só pode estar satisfeito. El Sharaawy, Ivan Cavaleiro e Traoré parecem capazes de ter impacto imediato na equipa, que perdeu Ferreira-Carrasco e Kondogbia, mas ainda pode manter João Moutinho e terá, seguramente, em Bernardo Silva, um dos grandes nomes da presente temporada. Para espreitar o título e terminar, seguramente, no pódio da Ligue 1.
Alguns campos onde escorregar
Para lá das quatro equipas mais poderosas da Liga, existe uma segunda linha de conjuntos que, todos os anos, se intromete na luta dos primeiros lugares como aqueles campos onde um grande pode sempre escorregar. O Saint-Étienne aspira a ser algo mais do que isso, mas tem ficado aquém, ano após ano, de um regresso ao pódio e à Liga dos Campeões. Este verão voltou a fortalecer-se com nomes de enorme experiência, como Roux, Assou-Ekotto ou Théophile Catherine, mas a saída de Max Gradel poderá travar-lhe as aspirações a algo mais.
O Bordéus, de Willy Sagnol, viu o movimento acontecer muito mais na direção da porta de saída do que da entrada, pelo que será uma dúvida, para já. Mas o Lille, Nantes, Nice e Rennes poderão conseguir aproximar-se da luta europeia.
O Lille tem um historial cíclico e, depois de ver saída uma fornada de jogadores que, no ano passado, ficou um pouco aquém do esperado, no oitavo lugar, acredita que Hervé Renard poderá fazer magia na Ligue 1. O Nantes tem vindo a cimentar a sua posição neste campeonato e ao juntar o islandês Sighthorsson ao seu plantel, terá agora um finalizador que pode aumentar a capacidade de sonhar desta equipa.
O Nice veio até Portugal para contratar Seri, o médio do Paços de Ferreira, que poderá ser uma contratação de enorme valor para o coletivo, mas terá em Ben Arfa e em Germain dois jogadores que, em termos ofensivos, são um upgrade fantástico para um conjunto de que não foi além do 11º lugar. Já o Rennes, com Philippe Montanier a acreditar poder criar valor num conjunto sem grande historial de vitórias, acredita na chegada de nomes como Sio, Sylla ou do português Pedro Mendes para subir mais uns lugares na primeira metade da tabela.
Sexta-feira começa o campeonato, para seguir, jornada a jornada, com os nossos prognósticos!