A concorrência no topo da Premier League está cada vez mais renhida. O mercado de verão pode dar aquele ascendente que qualquer clube do top-5 precisa para se destacar dos restantes. José Mourinho avançou cedo e foi cirúrgico nas suas escolhas, que já estão a render. Surpreendentemente, os Spurs, que demoraram a arrancar, acabaram com um cabaz de compras muito interessante. O Liverpool tem na manutenção de Coutinho o maior reforço. No Chelsea, Conte vai pagar a conta desta ida ao mercado, de uma forma ou outra. O Arsenal, aparentemente, afugenta alvos de topo.

A luta no topo da Premier League está cada vez mais renhida. No top-6 estão alguns dos melhores treinadores do mundo e a exigência é máxima. Cada uma desta equipas sabe que precisa de um plantel recheado de talento, com qualidade em todos as posições e banco à altura para competir nas várias frentes em que estão envolvidas. O mercado de verão é o momento privilegiado para encontrar esse equilíbrio e os trunfos que lhes permitam destacar-se da concorrência. É justo dizer que os rivais de Manchester, Tottenham e Liverpool saíram seriamente reforçados deste defeso, já analisaremos mais ao pormenor. O Chelsea tomou decisões questionáveis e não acrescentou profundidade suficiente ao plantel para defender o título e jogar a Liga Milionária. O Arsenal não sabe ir às compras, já é um clássico. E a Liga Europa não tem a mesma capacidade de sedução para os jogadores mais cobiçados.

Mourinho, cirúrgico

Matic já comanda o meio-campo do United e eleva a equipa de Mourinho a outro patamar.

Matic já comanda o meio-campo do United e eleva a equipa de Mourinho a outro patamar.

O Manchester United preparou-se bem para atacar o mercado, como é hábito de José Mourinho. A lista era curta mas os alvos estavam bem identificados. A contratação de Nemanja Matic já está a ser o golpe diferenciador e uma pechincha, se considerarmos as verbas absurdas que se praticam neste momento. Um jogador experimentado, que encaixou como uma luva, e dá o equilíbrio defensivo que os Red Devisl só conseguiram de forma intermitente na temporada passada. Romelu Lukaku também é um acrescento valioso, que terá Ibrahimovic a moer-lhe o juízo, que é a forma do sueco partilhar a sua experiência. Victor Lindelof não pegou de raiz mas a qualidade do defesa sueco é inegável e vai acabar por ser uma mais-valia para o United, à medida que a época avançar e as partidas se sucederem.

Grande ponta final dos Spurs

Surpreendentemente, porque foram os últimos a atacar o mercado, os Spurs saíram-se muito bem deste defeso. Já se sabe que o clube tem uma política muito sensata nos gastos com contratações mas a certa altura os adeptos já desesperavam porque não chegava ninguém. A prioridade de Mauricio Pochettino foi reforçar o setor defensivo. Entraram dois centrais – Davinson Sánchez, do Ajax, e Juan Foyth, do Estudiantes – e um laterar – Serge Aurier, do PSG. Os dois primeiros encaixam na corrente de jovens talentos que o técnico argentino tanto gosta de trabalhar. A qualidade do francês é inegável e o feitio difícil também não costuma demover Pochettino. A vinda de Fernando Llorente suscita grandes expetativas, como opção para rodar Harry Kane.

Não podemos esquecer que um dos triunfos do Tottenham neste defeso é o facto de não ter saído ninguém, à exceção de Walker.

Os bolsos fundos do City

Guardiola que chegou a agradecer publicamente à direção do City terem contratado um jogador com a inteligência futebolística de Bernardo.

Guardiola que chegou a agradecer publicamente à direção do City terem contratado um jogador com a inteligência futebolística de Bernardo.

O Manchester City não olhou a meios neste verão. A direção do clube respondeu afirmativamente a todas as solicitações de Pep Guardiola, que se apressou a dizer que estes gastos seriam uma vez sem exemplo. Os Cityzens fizeram uma limpeza de balneário, entre os jogadores mais velhos e aqueles que não se enquadravam nos planos do treinador. Abriram os cordões à bolsa, gastando duzentos e quarenta milhões de euros, mas não compraram à parva. Não há, na lista de entradas, um nome que suscite dúvidas. Todos têm grande qualidade e as características que o estilo de Guardiola exige. De Kyle Walker, Danilo, Douglas Luiz a Ederson, o City sai a ganhar com estes reforços. Mas os dois que chegam do Mónaco – Bernardo Silva e Benjamin Mendy – têm tudo para se tornar peças-chave nesta estrutura. Além do talento específico de cada um, já vêm domesticados por um treinador exigente, que exigia superação. O técnico catalão já elogiou a inteligência do português e isso, para quem promove tomadas de decisão em jogo é absolutamente fundamental.

Coutinho ainda é Red

O Liverpool disse bem cedo que Philippe Coutinho não estava à venda e manteve a palavra. As supostas propostas milionárias do Barça nunca tentaram o clube de Anfield e agora o médio brasileiro volta a ser opção central para Jurgen Klopp. Ao contrário de outros, que entraram em greve e fizeram fitas, Coutinho manteve-se em silêncio e fora dos holofotes. Não vai haver problemas na sua reintegração no onze. Mohammed Salah já se impôs na pré-temporada e nos primeiros jogos oficiais. Dominic Solanke, outro que os Blues libertaram, também complementa muito bem o estilo ofensivo dos Reds. E a contratação de última hora de Oxlade-Chamberlain dá opções para uma rotação eficaz nas várias competições. A defesa continuará a ser o calcanhar de Aquiles da equipa. Andrew Robertson é uma contratação interessante e até espicaçou Moreno. Mas falhou a investida por Virgil van Dijk.

Conte vai pagar a conta

A ação do Chelsea no mercado de verão causa preocupação. Antonio Conte começou por reduzir o plantel até ao osso, não sei se como forma de pressão ou por que lhe tenha sido exigido que libertasse espaço. Vários jovens, há anos trabalhados como opção de futuro saíram de forma definitiva. Begovic, Zouma e Aké, por exemplo, encontraram novas casas, o mesmo acontecendo a Chalobah e Solanke. Permitir a saída de Matic, ainda por cima para um concorrente direto, é incompreensível. Na época passada o treinador italiano praticamente recorreu aos mesmos treze jogadores – um onze quase fixo e dois em rotação, Fabregás e Pedro – mas desta vez os Blues têm Liga dos Campeões, ao mesmo tempo que defendem o título.

A situação de Diego Costa pode facilmente envenenar o grupo, se os resultados não corresponderem. Morata pode ser alvo da ira dos adeptos se não justificar rapidamente o investimento feito.

Arsenal afugenta os melhores

Há muito que a relutância dos Gunners em entrar no jogo do mercado se tornou um clássico. Eles não gostam de gastar dinheiro em jogadores já feitos e acabam por ir a jogo sempre a contragosto. Mas desta vez, a nuvem negra sobre o Emirates acentuou-se. O mau início de temporada, a vontade pública de Alexis Sánchez em abraçar outros desafios e, por fim, a saída de Oxlade-Chamberlain antecipam o pior. O inglês preferiu reduzir o salário para mudar de ares para Anfield, onde o ambiente é mais excitante. Thomas Lemar recusou a mudança, mesmo depois dos clubes terem chegado a um pré-acordo e faz sentido. O estado atual do Arsenal não seduz jogadores ambiciosos e tudo indica que Alexis sairá na próxima oportunidade, provavelmente a custo zero.

Boas Apostas!