Esta é a quarta presença da Turquia num Europeu de futebol e em três delas foi liderada por Fatih Terim. Há vinte anos estreava-se nestas andanças. Perdeu todos os jogos no Inglaterra 96 e saiu sem marcar mas a semente estava lançada. Conseguiu o melhor resultado em 2008, onde só foi travado na meia-final, e mentiria se dissesse que não sonha com a final. Mas aquele que espera seja o seu legado é que a presença dos turcos na fase final das grandes competições passe a ser uma rotina.

Na Turquia chamam-lhe “Imperador” e em Itália foi agraciado com o título de Comendador. Por onde passa ninguém lhe fica indiferente. A sua carreira como treinador tem passagens muito fortes pela Fiorentina e pelo Milan mas é à seleção turca e ao seu Galatasaray que não resiste a regressar.

Apesar da autoridade que lhe é natural Terim é conhecido pela relação filial que estabelece com os os jogadores.

Apesar da autoridade que lhe é natural Terim é conhecido pela relação filial que estabelece com os os jogadores.

Há vinte anos nestas andanças

Em 1993, Fatih Terim foi nomeador selecionador da Turquia, depois de três anos como adjunto de Sepp Piontek. Sob o seu comando os turcos alcançaram, pela primeira vez na sua história, a fase final de um Europeu. Em 96, em Inglaterra, a Turquia perdeu todos os jogos – Croácia (0-1, Portugal (0-1) e Dinamarca (0-3) – sem marcar um único golo. Mas o batismo de fogo estava feito e abriu-se um precedente. Foi também a primeira vez que história de Terim se cruzou com o futebol português.

Passagem por Itália e o encontro com Rui Costa

Depois do Euro 96 Terim fez a primeira passagem pelo Galatasaray, conquistando quatro ligas turcas consecutivas, o que faz dele, até hoje, o treinador mais bem-sucedido de sempre no clube de Istambul. Mudou-se então para Itália, com uma passagem curta e conturbada pela Fiorentina que causou enorme impacto. Seguiu-se o AC Milan onde contruiu uma equipa de forte pendor atacante mas com fragilidades defensivas comprometedoras. Ainda hoje é uma lenda entre os transalpinos provando que não é o tempo que se passa – foram apenas cinco meses em cada cidade – mas o que se consegue transformar durante essa presença.

Em Florença Fatih Terim reencontrou Rui Costa, o maestro português que tinha feito a vida negra à Turquia em Inglaterra e o encaixe foi perfeito. O treinador turco levou o médio consigo, quando se mudou para Milão, e o 4-3-1-2 que implementou nos Rossoneri era construído em redor das características de Rui Costa. Até hoje os dois continuam amigos.

Em 2005 regressa ao banco da Turquia e por pouco falhou o apuramento para o Mundial do ano seguinte. Assumiu a braçadeira a três jogos do final da qualificação e mesmo assim ainda conseguiu ir ao play-off, onde a Suíça agarrou a vaga. Mas não falhou o apuramento para o Europeu, onde mais uma vez haveria de fazer história. A Turquia perdeu o jogo de estreia. Mais uma vez foi Portugal a sair ao caminho, responsável pela única derrota dos turcos na competição, até chegar à meia-final, com a Alemanha. Foi a melhor classificação de sempre da Turquia, até hoje.

Em 2013, então já com o estatuto de Imperador consolidado, foi mais uma vez chamado para orientar a seleção. Faltavam cumprir quatro encontros da fase de qualificação para o Mundial do Brasil e mais uma vez Terim esteve quase a fazer o milagre.

A Turquia conseguiu o apuramento para França de forma automática, como melhor terceiro classificado da campanha, com dezoitos pontos. Não teve muita sorte com o sorteio: ficou no mesmo grupo que a Espanha, Croácia e República Checa. Abriram a participação no Euro 2016 com uma derrota tangencial frente à Croácia e o “Imperador” logo chamou à pedra as suas estrelas, dizendo que Arda Turan e Çalhanoglu têm que acrescentar muito mais ao conjunto.

Tornar as presenças no Euro e Mundial um hábito

Antes do arranque da competição o Imperador, do alto dos seus sessenta e dois anos de idade e vinte de seleção – com idas e vindas – reconhecia que tinha ambições de levar a sua equipa longe. Mas que mais importante que uma classificação particular era fazer da qualificação do seu país para os Europeus e Mundiais de futebol um hábito. E acrescentou, “esse é o critério de sucesso para mim”. Nem podia ser de outra forma. Um Imperador privilegia sempre o enquadramento geral e o futuro do seu povo. Esperemos que o legado persista.

Boas Apostas!