A Espanha foi uma sombra do seu verdadeiro “Eu” no Mundial 2018, venceu apenas um dos quatros que disputou e foi eliminada, nos oitavos de final, pela Rússia. Aqui, deixamos alguns detalhes sobre o que deu errado com Nuestros Hermanos. 

De Gea

De Gea pôs o título de indiscutível em causa.

De Gea pôs o título de indiscutível em causa.

Chegado ao Mundial como um dos melhores guarda-redes do mundo, a reputação de David De Gea sofreu um bom golpe no jogo de abertura, contra Portugal, enquanto tentava travar o contínuo esforço de Cristiano Ronaldo, com este escapar-lhe por entre as luvas. Os guardião espanhol tentou redimir-se, mas acabou por perder a confiança da sua linha defensiva e executou apenas uma defesa em em seis golos sofridos. Nota negativa para De Gea neste Campeonato do Mundo, que corre o risco de perder o rótulo de indiscutível na selecção espanhola.

Desordem depois de Lopetegui

Quem quer que os fãs de La Roja queiram culpar pela saída de Lopetegui apenas dois dias antes do começo do Campeonato do Mundo, há que deixar claro que foi algo que desestabilizou, e muito, a equipa. Desde o treinador em si à audácia do Real Madrid, à federação espanhola e ao seu novo presidente, Luis Rubiales, que em última análise puxou o gatilho logo após a sua eleição.

Estrelas apagadas

Espanha era previsível, lenta e mostrou falta de criatividade ofensiva. É difícil não apontar o dedo às prestações de David Silva, Iniesta ou Carvajal, que estiveram entre os que falharam nesta parte fundamental do seu jogo. Talvez apenas Isco e os substitutos Iago Aspas e Rodrigo Moreno tenha atingido os níveis esperados e correspondido às expectativas.

Desorganização defensiva

Se olharmos para trás e analisarmos o período vencedor de La Roja entre 2008 e 2012, Espanha manteve a sua baliza invicta em 13 de 19 jogos disputados no Campeonato da Europa e do Mundo. Desde 2014 que disputaram 11 jogos entre essas mesmas competições e concederam 17 golos. As estatísticas falam por si, e os golos “parvos” como a mão de Piqué contra a Rússia e o primeiro golo de Marrocos, graças à desleixada troca de bola entre Iniesta e Sergio Ramos, deveriam ter sido evitados.

Falta de criatividade

O total de 1,114 passes executados contra a Rússia foi um record no Campeonato do Mundo, mas na realidade conta para muito pouco, dado que a maioria deles eram passes para o lado, sem qualquer ponta de perigo para o adversário. Faltava intenção, assim como largura e profundidade, e Fernando Hierro raramente mandava a sua equipa procurar ser mais directa ou povoava a grande área com pontas de lança.

Plano B ignorado

O facto de Hierro ter recusado colocar dois pontas de lança na frente de ataque saiu caro à Espanha, especialmente no domingo. Ao substituir Diego Costa por Iago Aspas, Hierro trouxe pernas frescas, mas tirou o medo que o avançado do Atlético de Madrid instaura nos defesas adversários. Hierro foi teimoso e restringiu-se à antiga formação de Lopetegui, mostrando uma enorme falta de veia criativa no ataque.

Batalha táctica perdida

Por várias vezes a Espanha encontrou equipas que encaixaram bem com o seu tipo de jogo, o que não é algo que se possa dizer sobre La Roja. Contra equipas que jogavam em bloco baixo e fechavam bem as linhas de passe no último terço, a Espanha passava a ideia de quem nunca se tinha preparado para momentos como esses e enfrentou dificuldades em marcar golos.

Líderes desaparecidos

Não houve ninguém a aparecer nos momentos mais difíceis. Numa selecção com vários veteranos, raramente La Roja viu um homem chegar-se à frente e ultrapassar a pressão, proporcionar um momento de magia ou de liderança para impedir o fracasso.

Hierro foi lento

Em nenhum dos jogos de Espanha a vimos confortavelmente por cima e com uma boa vantagem no marcador, o que torna um pouco surpreendente o facto de Hierro demorar tanto tempo a fazer as substituições. A saída de David Silva por Iniesta, aos 67 minutos do jogo nos oitavos de final, foi a substituição mais madrugadora do técnico espanhol, e tal lentidão a fazer alterações reflectiu-se dentro de campo.

Homens esquecidos

Surpreendentemente, jogadores como Saúl Ñíguez, Adrian Odriozola, Azpilicueta, Arrizabalaga e Nacho Monreal não tiveram direito a 1 único minuto de jogo na Rússia, mesmo apesar de todas falhas ditas acima. Não faltavam alternativas a Fernando Hierro, ele simplesmente não acreditou nelas. Sob os comandos de Lopetegui, o lateral da Real Sociedad, Odriozola, foi uma excelente alternativa para ocupar o lugar de Carvajal quando este enfrentou problemas físicos, mas este novo treinador preferiu Nacho Fernández, enquanto que também se recusou a tirar De Gea e dar a oportunidade a outro.

Boas Apostas!