Com vários dos supostos favoritos a dececionar, a Croácia foi uma das equipas que mais se destacou na fase de grupos. As três defesas heroicas de Danijel Subasic fizeram a diferença, nuns oitavos de final renhidíssimos, mas toda a equipa mostrou concentração e disciplina. Agora que a final está tão perto é difícil não sonhar em ir um passo mais longe que o terceiro lugar do França 98. Mas levantar o troféu, nas palavras de Modric, seria viver um conto de fadas.
Futebol que encanta
Acho que ninguém recusará que a Croácia foi uma das seleções que mais impressionou na fase de grupos. Sobretudo quando em volta outras equipas apontadas como candidatas ao título ia mostrando pouco e dececionando em toda a linha. Não foi só o jogo com a Argentina, embora esse 3-0 tenha servido para confirmar tudo o que este grupo de jogadores tinha para dar. Luka Modric brilhou bem alto mas ficou bem evidente que a estrela do Real Madrid não carregava sozinha a equipa às costas. Pelo contrário, havia um elenco de suporte muito consistente para lhe dar liberdade para se destacar. Com uma ação quase invisível, Ivan Rakitic tem estado sempre nos bastidores a manter os equilíbrios e a fazer os outros jogar. Marcelo Brozovc e Ante Rebic têm vindo a ganhar preponderância no onze também.
Talento com provas dadas
Aliás, se olharmos para a convocatória da Croácia percebemos que estes jogadores não são ilustres desconhecidos. Mais de metade já tem provas dadas nos principais campeonatos europeus – Espanha, Inglaterra, Itália, Alemanha e França – com larga experiência competitiva e anos a jogar juntos.
O problema da Croácia não é a falta de talento, acho que isso está mais do que certo. Mas quem se lembra do Europeu também recorda os altos e baixos da equipa, instabilidade essa que era fomentada pelas bancadas. As questões nacionalistas e o desentendimento no seio da Federação Croata, dividem os adeptos, alguns com atitudes de verdadeira sabotagem. Felizmente, ainda não vimos essas coisas na Rússia, o que se saúda.
O jogo com a Dinamarca, nos oitavos de final, também nos deu outras indicações importantes. A primeira é que Croácia é capaz de jogar uma partida mais tática, de contenção, sem descontrolos emocionais. A segunda é que tem na retaguarda um Danijel Subasic, capaz de fazer a diferença em momentos de aperto. O guarda-redes croata defendeu três grandes penalidades na eliminatória, igualando o feito de Ricardo à Inglaterra em 2006.
Maestro Modric
Com Cristiano e Messi já em casa, com as exibições que tem feito Luka Modric tem-se perfilado para ser a figura maior deste Mundial. Se a seleção croata, sob a sua batuta, chegar de facto à final fica com argumentos poderosos para se imiscuir na discussão da Bola de Ouro. O médio dos Merengues disse em conferência de imprensa que não escondia o desejo de ir um passo mais longe do que a geração de 98. Nessa altura, a recém-formada Croácia foi terceira no Campeonato do Mundo de França, tendo perdido nas meias-finais com a seleção anfitriã. O agora líder federativo, Davor Suker, foi o melhor marcador dessa formação, onde alinhavam também Slaven Bilic, Robert Prosinecki ou Mario Stanic, que a meio da década de 90 passou pelo Benfica. Mas Modric logo acrescenta que se a final faz parte dos planos, a ideia de poder levantar o troféu enquanto capitão está mais para conto de fadas. De que ele adoraria fazer parte.