Se 2015 foi um ano tremendo para o basquetebol português, com a seleção de Sub-16 feminina a sagrar-se vice-campeã europeia (melhor resultado de sempre de uma seleção nacional em provas europeias) e a LPB a reerguer-se com o regresso do FC Porto ao convívio dos grandes, 2016 não poderia começar de melhor forma. O calendário oferece-nos um FC Porto – Benfica que servirá para medir as forças e as fraquezas daqueles que são os dois primeiros classificados da tabela – e, no fundo, indesmentíveis candidatos a lutar pelo título na final da competição. Aproveitamos assim o momento para analisar a primeira metade da temporada e o que podemos esperar deste jogo.

Regressar como se sempre estivesse aqui estado

O FC Porto parece-se muito pouco com um recém-promovido à LPB. Desde o primeiro momento mostraram solidez na sua proposta, graças a uma pré-temporada muito competitiva, e no campeonato nacional apenas sofreram duas derrotas, na visita ao Pavilhão da Luz, logo na terceira jornada, e recentemente numa visita a Ovar, no que poderá dizer-se ter sido o seu pior jogo da época. Se haverá algo de preocupante neste percurso é o facto dos Dragões terem perdido em duas deslocações a terrenos complicados, de equipas que também estão na primeira metade da tabela, só tendo, desse lote, vencido em Oliveira da Azeméis. A segunda volta, com visitas a Guimarães, Barreiro e Barcelos, não promete facilidades.

Porto BenficaA proposta de jogo de Moncho López representa alguma inovação em termos de jogo na LPB, procurando impor uma circulação rápida de jogadores e bola e desafiando as vantagens no tiro exterior ou na luta das tabelas. Não se pode olhar para esta equipa como tendo uma referência ofensiva clara e essa é a principal ameaça dos azuis e branco neste campeonato. Brad Tinsley é o jogador com mais pontos por jogo, mas é o acerto de Pedro Bastos que mais vezes fere a defensiva adversária. No desastre de Ovar, a equipa portista deparou-se com o outro conjunto que utiliza a velocidade e o tiro exterior como principais armas e acabou surpreendido. Mas, de uma forma geral, só a defesa zona imposta por Benfica e Galitos conseguiu criar semelhantes dificuldades ao Porto.

Neste encontro, Moncho López já terá tido tempo para trabalhar opções para rasgar uma defesa mais compacta, até porque a experiência europeia obrigou a uma espécie de curso rápido aos jogadores menos experientes dos portistas. Entrar em 2016 a vencer parece ser, neste momento, já uma obrigação, mesmo para uma equipa em crescimento.

A manutenção do domínio

O SL Benfica reforçou-se durante o último verão e continuou a procurar alternativas no mercado com a época já em curso, tentando responder a um aumento de exigência na competição europeia e também a alguns problemas físicos que não permitiram que todas as opções estivessem disponíveis a tempo inteiro. O balanço da primeira metade da temporada é bastante positivo, já que os encarnados venceram todos os jogos disputados. E podemos até juntar a esse facto que, dos pavilhões mais complicados, apenas falta visitar o Dragão Caixa e Oliveira de Azeméis, tendo a equipa vencido nos pavilhões do Basquete Barcelos e do Galitos por larga margem, mas também nos da Ovarense e do Vitória de Guimarães.

O estilo de jogo dos encarnados é bastante diferente daquele que é proposto pelo seu principal rival. A equipa mantém a sua aposta na experiência, com um elemento como Carlos Andrade a ser fundamental no funcionamento do cinco, olhando o jogo interior como uma peça de estabilidade e o aparecimento de atiradores furtivos como forma de derrotar as reações adversárias. O ataque é, constantemente, superior à sua defesa, e com Jeremiah Wilson a revelar-se um talento acima da média na LPB, é do tiro exterior de Daequan Cook que vem a forma mais apurada de marcar pontos. Se o ex-NBA fosse tão certeiro na proximidade do cesto como é para além da linha dos três pontos (47% nos triplos para apenas 49% nos lançamentos de dois pontos), ninguém pararia o Benfica. Mas pode até ser pela má tomada de decisão de Cook que o Benfica pode vir a ser destronado.

Para este jogo, o Benfica deverá apostar forte no seu jogo interior, com Wilson a ter a companhia de Cláudio Fonseca e Ivica Radic, enquanto se espera que Fred Gentry também possa dar algum contributo. Será carregando próximo da tabela que o Benfica deverá causar mais dificuldades aos azuis e brancos, esperando, ainda, que Daequan Cook continue a maravilhar no lançamento exterior.