Impressionante a forma como Jesse Marsch, em apenas poucos meses, conseguiu montar uma autêntica máquina futebolística, surpreendendo todos os analistas e os próprios adeptos dos New York Red Bulls, com a intensidade e a certeza com que o seu conjunto aborda cada partida. No primeiro encontro com o New York City, ficou tudo isso demonstrado, mais o facto de se estar perante um autêntico dérbi. O ambiente nas bancadas foi fantástico e os próprios jogadores sentiram-se envolvidos num contexto onde o futebol ganha em todos os quadrantes. Na nossa análise desta semana, olhamos em pormenor para a forma de jogar dos Red Bulls.

A bola é minha

Red Bulls 11

O onze dos Red Bulls no passado domingo

Não há na Major League Soccer outra equipa que queira tanto a bola como os New York Red Bulls e essa parece ser já uma marca de identidade que a equipa adquiriu neste primeiro terço de campeonato. O jogador que mais se destaca neste capítulo é o capitão Dax McCarty. Apesar de não ser um jogador muito alto, o seu aspeto compacto permite-lhe entrar com imenso vigor na disputa de cada jogada. A isso junta a capacidade física de se manter a elevada rotação durante os noventa minutos, liderando a pressão alta que a sua equipa exerceu sobre o City, mesmo em situações de jogo em que se encontrava em desvantagem em relação ao seu adversário.

Os dois laterais da equipa também exercem este papel de recuperação de bola na perfeição, com Chris Duvall e Kemar Lawrence a nunca darem uma bola fácil aos rivais. Na partida do passado domingo, foram 27 tackles feitos pela equipa dos Red Bulls, contra apenas 10 dos New York City, que começaram por fazer a diferença na intensidade de procurar a bola e sair rápido para o ataque. Se a nível de organização da defesa não se notou grande diferença entre Miazga (expulso aos 35 minutos) e Ouimette, que entrou para a sua posição, deixando a equipa com menos um elemento (Mike Grella foi o substituído), muito se deve ao facto dos jogadores acima referidos nunca terem deixado de fazer aquilo que estava delineado pelo seu técnico.

Classe e cheiro de golo

NY Red Bulls Wright-Phillips

Golos e festa garantida

Do meio-campo para a frente, a organização de Jesse Marsch conta também com a classe de dois jogadores que parecem sempre fazer o que é mais certo na busca do espaço e da criação da oportunidade. O brasileiro Felipe Martins não engana e, depois de já o ter mostrado ao serviço do Montreal Impact, continua a ser um pêndulo na forma como transporta a bola e abre linhas de passe para os seus companheiros. A verdadeira estrela deste jogo é, no entanto, Sacha Kljestan. Chegado do Anderlecht, o médio ofensivo está sempre onde o jogo dos Red Bulls ganha outro colorido e se inventa como um autêntico perigo para a baliza adversária. Com onze em campo, Kljestan ocupa a posição de número 10, com menos um, acabou por vaguear também pela faixa esquerda.

Foi, aliás, da faixa, que Sacha Kljestan fez a assistência para Wright-Phillips fazer o 2-0. O inglês é um autêntico finalizador, raramente saindo do espaço de referência da grande área adversária, mas utilizando a sua velocidade para criar desequilíbrios e aproveitar muito bem as linhas de penetração entre defesas adversários. Na origem dessa jogada esteve também Llody Sam, que sobretudo durante a primeira parte, fez gato sapato do lateral esquerdo do City, RJ Allen. Este trio, por si só, lançou o autêntico pânico na defesa do City, que nunca encontrou forma de travar as dinâmicas e o poder individual de cada um destes jogadores.

Com o título da Conferência Este em mira, os New York Red Bulls apresentaram bastantes argumentos para se acreditar que poderão ter sucesso. O desafio de Jesse Marsch é o de manter esta equipa numa elevada rotação e, eventualmente, aproveitar o facto de, durante a Copa América e a Gold Cup, vir a ser uma das equipas menos afetadas com as saídas de internacionais.