Final da primeira volta da Liga NOS e é tempo de fazer um balanço ao que se vai passando na principal competição de clubes do futebol português. A afirmação do Benfica como equipa mais preparada para alcançar o título (mais um) parece ser o facto principal a destacar, talvez ao mesmo nível com que se percebe a fragilidade do Sporting para conseguir discutir o primeiro lugar com o seu rival. Pelo meio, FC Porto e SC Braga em posição de maior proximidade com os encarnados, após dezassete jogos que levaram ao despedimento de doze treinadores.

A fraqueza que compõe o mais forte

Terminar a primeira volta com um empate, tendo estado a perder por 0-3 no seu próprio estádio, demonstra bem o carácter do Benfica, versão 2016/17. Com uma série de lesões que foi afetando as opções de Rui Vitória ao longo destes meses, a excelente resposta dada por quase todos os elementos do plantel acaba por ser uma das justificações para o sucesso. O interessante destes dezassete encontros é o facto de o Benfica ter sido sempre a equipa que combateu fraquezas que são óbvias (ausências por lesão), forçando aí a sua nota em tentar superar o problema que lhe era lançado.

Fejsa Benfica

Fejsa é uma das referências do Benfica

A qualidade de jogo do Benfica, mesmo com adaptações necessárias a diferentes jogadores, manteve-se sempre alta, sentindo-se, também, que para além de alguns jogadores que estão hoje no topo da Liga, como Éderson, Nélson Semedo, Grimaldo, Fejsa, Pizzi ou Jonas (poucos jogos chegaram para que o brasileiro o deixasse claro), a equipa continua a acertar nas suas contratações, com Franco Cervi, André Horta e Rafa Silva a demonstrarem uma excelente percentagem de aproveitamento nos seus contributos à equipa.

Os quatro pontos de vantagem sobre o segundo classificado não permitirão uma vida fácil para os encarnados, que continuam em diferentes provas, como a Liga dos Campeões e as duas Taças, e terão que, agora, dar o mesmo tipo de resposta emocional ainda que tendo a maior parte dos jogadores disponíveis para jogar. Essa gestão será, talvez, o principal desafio a uma equipa que está habituada a ganhar.

Sol e sombra para quem corre atrás

O FC Porto termina a primeira volta como segundo classificado, a apenas quatro pontos dos encarnados e só poderá queixar-se de si próprio e das indefinições que caracterizaram o trabalho de Nuno Espírito Santo nos primeiros meses de competição, expondo-se em demasia à possibilidade de perda de pontos. Confirmada a capacidade de encontrar no seio do plantel respostas para a crise de golos, o FC Porto até que termina numa situação bastante positiva e que causa alguma pressão sobre os encarnados.

O Braga provou que mesmo um lugar no pódio não é suficiente para manter um treinador, numa temporada em que o chicote tem estalado com imensa facilidade. Jorge Simão assumiu uma equipa construída em termos ofensivos, que tentou sempre dar resposta às suas fragilidades, sobretudo no meio-campo, onde perdeu peças fundamentais, propondo-se agora a reorganizar a equipa em termos defensivos para reforçar a solidez da candidatura ao terceiro lugar.

Para o Sporting resta o epíteto de maior desilusão da primeira volta, ao comprovar que não tem o necessário para fazer frente ao Benfica. Tendo sido a equipa que até começou melhor no campeonato, os leões começaram a demonstrar fragilidades perante as saídas de João Mário e Slimani e pelo efeito que o Europeu teve em peças fundamentais para o funcionamento da equipa, como William e Adrien. Ao mesmo tempo, jogadores como Bryan Ruiz quebraram a partir de certo momento, com o número de jogos disputados, percebendo-se uma enorme fragilidade da equipa na faixas laterais da defesa, na indefinição do papel a dar a Bruno César e na dependência ofensiva de Bas Dost.

O ano do chicote

Se ao fim da primeira volta doze equipas já mudaram de treinador, então é difícil entender que a maior parte dos dirigentes do futebol português esteja a fazer um bom trabalho. Porque, no momento em que se apontam os dedos para quem está sentado no banco durante as partidas, quase nunca se ouve um dirigente (aquele que escolheu o treinador para liderar o projeto) a fazer o mea culpa por ter errado.

Jorge Simão Braga

Depois do sucesso em Chaves, Jorge Simão tem responsabilidades em Braga

Os argumentos para as mudanças de treinador passam pela relação deste com os adeptos, pelo estado anímico da equipa, pela qualidade de jogo apresentada ou pelos resultados que não aparecem. O número de mudanças feitas torna já impossível que todas as alterações de treinador tenham sucesso. O mês de janeiro será, também, marcado pela mudança em diversos plantéis, havendo uma reformulação dos mesmos à medida das possibilidades da carteira de cada um.

Ainda assim, poderá imaginar-se uma segunda volta essencialmente diferente da primeira? Estoril, Feirense, Moreirense, Nacional e Tondela parecem ser os conjuntos que estarão mais afetados pela proximidade aos lugares de descida, ainda que por razões diferentes. Duas das mudanças técnicas (Feirense e Moreirense) já deram sinais de poder inverter o ciclo das respetivas equipas, mas passará, também, pela qualidade das opções disponíveis no plantel. E, tendo isso em conta, dificilmente a luta da manutenção passará por outros que não estes cinco conjuntos.

Boas Apostas!